sábado, 26 de maio de 2012

Caso Veja: CPMI tem pesos diferentes para convocar jornalistas a depor

25/5/2012 12:53, Por Najla Passos e Vinicius Mansur/Carta Maior - de Brasília

Policarpo Júnior, vice-presidente deVeja

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os crimes cometidos pelo bando do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, abriu uma excessão à regra de não convocar integrantes da mídia para depor, e chamou um jornalista formado pela Faculdade Icesp, de Brasília, registrado na Delegacia Regional do Trabalho sob o número 6704/15/147-DF, acusado de funcionar como uma espécie de leva e traz entre os bandidos e integrantes de meios de comunicação como a revista semanal de ultradireita Veja, entre outros, acessados facilmente pela quadrilha. Não houve nenhum protesto, por parte dos parlamentares ou da mídia tradicional, em função de um membro desta categoria profissional ter sido convocado. Nem mesmo daqueles que afirmavam, reiteradamente, que jornalistas seriam impedidos de depor por força de lei.

O jornalista não era o diretor da revista Veja em Brasília, Policarpo Junior, que manteve relações sistemáticas com Cachoeira nos últimos anos, conforme revelam as escutas telefônicas realizadas com autorização judicial pela Polícia Federal (PF). Mas sim o ex-agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Jairo Martins de Souza, preso em janeiro, durante a Operação Monte Carlo, sob a acusação de integrar a quadrilha do contraventor. Mais especificamente, de atuar como um dos dois “espiões” do crime organizado. O outro seria o colega que se sentou ao lado dele na CPMI, o sargento da Aeronáutica Idalberto Marias de Araújo, o Dadá.

A dupla reivindicou o direito constitucional de permanecer calada, tal como o fez o chefe deles na terça-feira. Mas o advogado dos dois, Leonardo Gagno, afirmou, em entrevista aos jornalistas, que o trabalho deles consistia em levantar informações para abastecer a imprensa. Segundo o advogado, “é notório que o interesse de Cachoeira era usar essas informações no mundo dos negócios. O Cachoeira é um negociante habilidoso. Penso que usava isso como arma de negociação”.

O fato de o jornalista Jairo ter sido convocado para depor coloca por terra o argumento utilizado sistematicamente pela oposição de que jornalista é impedido de ser convocado por CPIs e reforça as denúncias de que Cachoeira era fonte preferencial de órgãos da mídia tradicional tidos como dos mais influentes. Mas ainda é cedo para saber se o jornalista Policarpo será merecedor do mesmo tratamento.

Jairo e Policarpo se conhecem. Ao que tudo indica, trocavam informações com frequência. Ambos, inclusive, já depuseram antes no parlamento, sobre questões que envolviam Carlinhos Cachoeira e a imprensa. Jairo, na CPI dos Correios, em 2005. Policarpo, no Conselho de Ética da Câmara, no mesmo ano. Jairo afirmou aos deputados que havia “facilitado” o acesso de Policarpo à gravação clandestina do diretor dos Correios, Maurício Marinho, no momento em que este recebia propina. O fato marcou o início do escândalo batizado posteriormente de “mensalão”.

Já Policarpo ajudou Cachoeira a comprovar que era vítima de chantagem pelo deputado André Luiz, que acabou cassado. O caso havia sido publicado pela revista Veja, com exclusividade, pouco mais de três meses antes.

Contrato perdido

Ainda na esteira do bicheiro Cachoeira, o Governo do Distrito Federal tomou conhecimento da sentença da 1ª Vara de Fazenda Pública, que confirmou decisão da Comissão de Licitação do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) de desqualificar a Delta da concorrência pública realizada em 2007 para prestação dos serviços de varreção e coleta de lixo no DF.Apesar da desqualificação, a Delta obteve liminar judicial para entrar em operação no DF a partir de 2010. Com a decisão da 1ª Vara da Fazenda Pública, a liminar perde a validade. A Delta administra dois lotes do serviço de limpeza urbana. Ainda pode recorrer da sentença. “Por cautela administrativa e cumprindo o previsto em lei, o GDF tem se preparado para garantir a continuidade do serviço em todo o Distrito Federal, mantendo contato com as outras empresas que participaram do processo licitatório”, conclui uma nota distribuída à imprensa pelo governo do DF, nesta sexta-feira.

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