domingo, 11 de dezembro de 2016

Inflação e metas de inflação no Brasil

Quadro inflacionário pelo IPCA cheio no período 1999-2015 (Wikipedia)

1999 = 9,52% (Teto da meta de 10%) - 1º ano do 2º governo FHC
2000 = 6,59% (Teto da meta de 8%) - 2º ano do 2º governo FHC
2001 = 7,67% (Teto da meta de 6%) - 3º ano do 2º governo FHC
2002 = 12,53% (Teto da meta de 5,5% )- 4º ano do 2º governo FHC
2003 = 9,3% (Teto da meta de 5,25%) - 1º ano do 1º governo Lula
2004 = 7,6% (Teto da meta de 8%) - 2º ano do 1º governo Lula
2005 = 5,69% (Teto da meta de 7%) - 3º ano do 1º governo Lula
2006 = 3,14% (Teto da meta de 6,5%) - 4º ano do 1º governo Lula
2007 = 4,46% (Teto da meta de 6,5%) - 1º ano do 2º governo Lula
2008 = 5,90% (Teto da meta de 6,5%) - 2º ano do 2º governo Lula
2009 = 4,31% (Teto da meta de 6,5%) - 3º ano do 2º governo Lula
2010 = 5,91% (Teto da meta de 6,5%) - 4º ano do 2º governo Lula
2011 = 6,50% (Teto da meta de 6,5%) - 1º ano do 1º governo Dilma
2012 = 5,84% (Teto da meta de 6,5%) - 2º ano do 1º governo Dilma
2013 = 5,91% (Teto da meta de 6,5%) - 3º ano do 1º governo Dilma
2014 = 6,41% (Teto da meta de 6,5%) - 4º ano do 1º governo Dilma
2015 = 10,67% (Teto da meta de 6,5%) - 1º ano do 2º governo Dilma

Moedas brasileiras

Até 1942: Real (Réis) - instituido no governo colonial
De 1942 a 1967: cruzeiro - instituído no governo Getúlio Vargas
De 1967 a 1970: cruzeiro novo - instituído no governo Castello Branco
De 1970 a 1986: cruzeiro -  instituído no governo Emílio Garrastazu Mécici
De 1986 a 1989: cruzado -  instituído no governo José Sarney
De 1989 a 1990: cruzado novo -  instituído no governo José Sarney
De 1990 a 1993: cruzeiro  -  instituído no governo Fernando Collor de Mello
De 1993 a 1994: cruzeiro real e Unidade Real de Valor (URV)  -  instituído no governo Itamar Franco
De 1994 até hoje: Real -  instituído no governo Itamar Franco

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Ministro do STF orientou Renan a não receber oficial de Justiça

Da coluna de Lauro Jardim no Globo:

Renan Calheiros conversou por telefone com um ministro do STF na segunda-feira, após saber que havia sido afastado por uma decisão liminar (provisória) de Marco Aurélio Mello.

Logo depois, ele conversou por telefone com outro ministro do STF. Foi este ministro que o orientou a não receber o oficial de Justiça.

Aliança Serra-Moro


sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Curitiba em Transe

Do Justificando, Curitiba em Transe, Sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Por Fuad Faraj, promotor de Justiça do Paraná


Os pretensos boys magia da Car Wash, na República de Curitiba, foram tragados por alguma espécie de histerismo paranoico diante de uma decisão tomada pela Câmara dos Deputados, em Brasília, que soterrou as desmedidas criadas e capitaneadas pelos magnânimos Redentoristas da Procuradoria da República. Travestido de projeto de iniciativa popular, as desmedidas apresentadas foram gestadas por longos meses no ventre de todos os Ministérios Públicos do Brasil, com utilização de expressivos recursos públicos.

Não me surpreenderia se tivéssemos a notícia de que palestras e assinaturas ao projeto fossem critérios de avaliação do estágio probatório dos que recém ingressaram na carreira. Não se aventa, portanto, iniciativa popular nas medidas que propalavam necessárias para o combate eficiente à corrupção. Tudo foi um sortilégio. A iniciativa do projeto de lei é de um ente estatal chamado Ministério Público, o qual usou toda a sua estrutura e poder de fogo para buscar assinaturas de cidadãos induzidos a erro pelo título do projeto. O título do projeto de lei vendia combate à corrupção, mas o conteúdo dava ao cidadão também opressão e violação de direitos fundamentais.

De cunho autoritário, algumas delas buscavam solapar em suas bases o estado democrático de direito para que se erigisse, em seu lugar, um estado policialesco gerido por integrantes de um ministério cada vezes menos público e cada vez mais corporativo, unido na sanha persecutória inspirada no segregacionismo, na parcialidade seletiva e no sectarismo social, ideológico e político.

O Projeto aprovado, e talvez deva ser essa a razão do ódio profundo que suas Excelências devotam ao parlamento integrado por deputados eleitos pelo voto popular, inclui responsabilização criminal para promotores e juízes, entre outros atos, por atos ilícitos por eles praticados, antes “punidos” apenas na seara disciplinar. Com arroubos próprios de primas-donas descompensadas, sem qualquer razoabilidade, “ameaçaram” renunciar caso o projeto legislativo seja sancionado pelo Presidente. Um motim praticado por altos servidores públicos, integrantes de uma Carreira de Estado, que estão no topo da pirâmide da remuneração estatal. Este disparate dos Procuradores da República, junto com todo conjunto da obra, é algo inominável.

Queriam acaso poder violar, sem punição alguma, a Constituição e todas as leis do país? Acaso fazem parte de uma classe de superdotados infalíveis que deve ser colocada acima de todos os demais cidadãos para poder prejudicar com seus atos, impunemente, o cidadão, a nação e o país? A bem pouco tempo, a lembrança me é vaga, os ilustrados integrantes da Car Wash diziam que a lei deve valer pra todos. Para todos, menos para eles.

A julgar pelo que falaram, vê-se que são muito ciosos de si e os únicos que podem fazer alguma coisa para salvar o Brasil. Passam a impressão, por este discurso mendaz e bravateiro, que a Procuradoria da República são eles e o resto dos seus pares constitui o rebotalho sem cérebro e sem estampa daquela instituição. Os demais membros do Ministério Público Federal não devem valer nem mesmo o auxílio-moradia que recebem, quanto mais o subsídio integral. É sério isso, preclaros jurisconsultos?

Vê-se que os bem dotados juristas desta novel república nos ensinam sempre uma nuance jurídica que escapa aos simples mortais como nós. Assim como, para dar um único exemplo, aprendemos com eles regras nunca antes vistas no cenário jurídico nacional ou mundial, do tipo que estabelecem conduções coercitivas sem lastro em Lei e na Constituição, aprendemos agora que a um membro do Ministério Público se concede a prerrogativa de dar às costas ao seu trabalho e ir voltar ao dolce far niente de seu gabinete ou o que quer que possa ser entendido como “voltar às nossas atividades”.

Pelo nível do discurso, deve-se entender que são uns incendiários da República que propalam proteger. Seu discurso toca as almas daqueles embebidos de ódio e rancor, em busca da destruição de um inimigo, qualquer inimigo, que possa dar vazão, como num transe, aos seus sentimentos mais violentos e lhes sirva de catarse.

Nos passam a impressão, falsa espera-se, que não tiveram outro interesse além de levantar, através do uso absoluto dos meios de comunicação, uma massa de cidadãos com os quais se alinharam, desde a primeira hora, na ação e na ideologia, no ódio e no rancor, para concretizar uma ruptura institucional de consequências nefastas para o nosso Brasil. Neste domingo, 4 de dezembro, todo planeta saberá, mais uma vez, que tipo de manifestações de massa eles tiveram a capacidade de invocar, provocar e estimular sem se importar com quaisquer consequências.

É sintomático perceber, e também é um traço revelador do que se trata, que olhando para o passado vemos uma sincronia temporal mágica entre as ações destes paladinos da justiça, do Juiz Supremo, dos vazamentos, das grandes manchetes, dos eventos políticos e das manifestações de rua. Nós, comuns mortais, sequer conseguimos planejar com tal acurácia e eficiência um almoço em família num domingo. Estes caras respeitáveis, notáveis juristas e comportados piás de prédio, fizeram uma “revolução”, alinhando-se, desavisadamente espera-se, ao que tinha de mais retrógrado no esquema de poder que submete este país debaixo de uma canga desde 1500. A história não os absolverá.

Graças a esses gênios, pioneiros da jurisdição-espetáculo, teremos, ano que vem, eleição indireta para eleger o Presidente da República pela primeira vez desde o fim do regime instaurado pela Redentora Revolução de 64. Graças a esses notáveis de vanguarda, temos uma ÚNICA operação policial comandando os destinos de um país inteiro, gestada à forma de um seriado de televisão para durar anos, indo para a 4ª temporada, enquanto o nosso país definha econômica, social e politicamente. Cansados da “brincadeira”, esses luminares agora ameaçam “renunciar”.

Transformaram nossa terra numa Bananalândia. Nosso País, com o recrudescimento das divisões internas que vão se tornando a cada dia mais inconciliáveis está deixando de ser uma Nação. Aos poucos, também, o Brasil vai deixando de ser uma País soberano.

Não, a história nunca os absolverá. 

Fuad Furaj é Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Paraná.

Notas do arqDT:
piá, substantivo masculino; 1. menino indígena; 2. p.ext. menino mestiço de indígena com branco.
dolce far niente: palavra italiana que significa "agradável ociosidade"; locução italiana que exprime o ideal dos preguiçosos.

domingo, 20 de novembro de 2016

ATIVISTA ACUSA AÉCIO E CAIADO DE FINANCIAR GRUPOS PRÓ-IMPEACHMENT


Em entrevista ao DCM, Dani Schweri, que ajudou a organizar manifestações contra a corrupção, se diz hoje desiludida e traída; ela também revela que os ditos movimentos espontâneos foram financiados pelos senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Ronaldo Caiado (DEM-GO); "A gente queria novas eleições, derrubar o Temer também", diz ela

20 DE NOVEMBRO DE 2016 ÀS 15:57

247 – Em entrevista ao DCM (leia aqui), a ativista Dani Schweri, que ajudou a organizar manifestações contra a corrupção, se diz hoje desiludida e traída.

Ela também revela que os ditos movimentos espontâneos foram financiados pelo PSDB e organizados pelos senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Ronaldo Caiado (DEM-GO).

"A gente queria novas eleições, derrubar o Temer também, mas depois começaram a fantasiar a coisa toda, separar as contas da Dilma e do Temer, do PT e do PMDB. Pegaram a pior argumentação, que era a das pedaladas. Nós ficamos putos", diz ela.

Dani também diz que o PSDB trabalha pelo cenário de eleições indiretas, para colocar o ex-presidente FHC no poder. "A gente alertava sobre isso. O FHC, se você perguntar ele vai dizer que não, mas ele aceita voltar. Deve estar com o c… na mão com o avanço da Lava Jato e já fez as continhas de que antes de 2018 a operação chegaria nele. Então o Xico Graziano um dos principais assessores do ex-presidente, autor do artigo “Volta, FHC” já veio arquitetando isso, visando o foro privilegiado."

Gilmar Mendes e o ninho tucano

Publicado por CdB em: 18/11/2016

Quando da indicação para o STF, Dalmo de Abreu Dallari, professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, afirmou que a indicação de Gilmar Mendes representava um sério risco para a proteção dos direitos no Brasil

Por Maria Fernanda Arruda – do Rio de Janeiro

Gilmar Mendes – o mal-amado ministro do STF, indicado pelo então presidente FHC em 2002, antes, advogado-Geral da União. Atual presidente do TSE. Em 1998 fundou uma escola privada que oferece cursos de graduação e pós-graduação em Brasília. Segundo reportagem da CartaCapital esse Instituto faturou cerca de R$ 1,6 milhão em convênios com a União até 2008. Ainda segundo a reportagem, de seus dez colegas no STF, seis são professores desse Instituto, além de outras figuras importantes nos poderes executivo e judiciário. Sempre esteve e está muito próximo de Ives Gandra Martins, um expoente das letras jurídicas de extrema-direita, conservador católico, um dos primeiros brasileiros a ingressar na Opus Dei. Já por isso, Gilmar Mendes jamais poderia assumir-se ministro do STF, por ausência de idoneidade ilibada: o IDP é a ponte que o permite manter seus colegas sob rédea curta, num emaranhado de trocas de favores e negócios escusos.

Presidente do TSE, Gilmar Mendes entrou com pedido de extinção do PT

Quando da indicação de Mendes para o STF, Dalmo de Abreu Dallari, professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, afirmou, em artigo publicado na Folha de S. Paulo, que tal indicação representava um sério risco para a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional. Segundo ele,Mendes estaria longe de preencher os requisitos necessários para ser membro da mais alta corte do país. Dallari estranhava a afoiteza de FHC, a indicação foi noticiada antes da abertura da vaga, alertando: “Se essa indicação vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional.” É importante assinalar que enquanto alto funcionário do Executivo ele especializou-se em ‘soluções’ jurídicas no interesse do governo.Foi assessor próximo do ex-presidente Collor, que nunca se notabilizou pelo respeito ao direito.No governo Fernando Henrique, o mesmo dr. Gilmar Mendes, que pertence ao Ministério Público da União, aparece assessorando o ministro da Justiça Nelson Jobim, na tentativa de anular a demarcação de áreas indígenas. Alegando inconstitucionalidade, duas vezes negada pelo STF, sob uma tese jurídica, que serviu de base para um decreto do presidente Fernando Henrique revogando o decreto em que se baseavam as demarcações.

As acusações extremamente sérias não foram tomadas em consideração pelo Senado da República e assim começavam a montar o esquema que veio permitir ao PSDB o controle absoluto do Poder Judiciário. Gilmar Mendes tomou posse como Presidente do STF em 2008, tendo determinado nos autos da reclamação nº 2186, o arquivamento de duas ações de improbidade administrativa contra dois dos ex-ministros do governo: Pedro Malan e José Serra (decisão muito recentemente revista e anulada). Durante os mandatos sucessivos de Lula e Dilma Rousseff, nada, absolutamente nada foi feito para o ‘desfazimento’ do esquema. Muito ao contrário, responsáveis pela indicação de nove dos onze ministros do Supremo, Lula e Dilma, com decisões tristes, consolidaram o perfil do STF, que se tornou um tribunal assentado na vaidade e comprometimento de homens e mulheres de parcos conhecimentos jurídicos, com os mesmos interesses das elites, defendidos pelos políticos do PSDB.

A associação de Gilmar Mendes, especificamente com FHC, e com o PSDB como um todo, ficou evidente e provada em 2008, na sua ação de defesa intransigente de Daniel Dantas. Vindo de famílias baianas de relevo,Dantas, filho de grande amigo de Antônio Carlos Magalhães, não se confunde com algum arrivista de pequena categoria: formado pela Universidade Federal da Bahia, pós-graduado pela Fundação Getúlio Vargas, onde se doutorou, fazendo seu pós-doutoramento no MIT, chegando a alimentar o sonho de uma carreira acadêmica. Iniciou sua carreira no Bradesco e foi um pioneiro na área dos “bancos de negócios” que proliferaram nos tempos de FHC. Tornou-se amigo de Luis Eduardo Magalhães e a partir dai, consolidou estreita relação, tornando-se seu afilhado político e principal conselheiro financeiro. Foi encarregado por ACM de negociar uma solução para o Banco Econômico com Pedro Malan e Gustavo Loyola, então presidente do Banco Central. A partir dessa ligação,criou laços com o PFL.

Para participar da privatização de empresas de telefonia o grupo Opportunity criou três fundos: um concebido para utilizar dinheiro público dos fundos de pensão das empresas estatais brasileiras (Previ, Petros e Funcef); um estrangeiro, criado nas Ilhas Cayman, a ser capitalizado com founding do Citibank; e um terceiro, o Opportunity Fund, criado também nas Ilhas Cayman, sob o comando do próprio Opportunity, ao abrigo do “Anexo IV” do Banco Central do Brasil que, legalmente, só poderia ser utilizado por investidores não residentes no Brasil. Para coordenar essas operações Dantas convidara Pérsio Arida ex-presidente do Banco Central no governo FHC para associar-se ao Opportunity. Arida facilitaria o acesso aos então homens-chave na privatização: o ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, e André Lara Resende, então presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. O Opportunity contratou ainda a então namorada de Arida, a economista Elena Landau, que comandara, na qualidade de diretora de desestatização do BNDES, as primeiras privatizações ocorridas no início do governo FHC.

A Polícia Federal prendeu de forma temporária, no dia 8 de julho de 2008, o banqueiro Daniel Dantas e o empresário Naji Nahas na operação denominada Satiagraha, que começou a investigar desdobramentos do caso mensalão, mas que se extenderia à época da privatização do sistema Telebrás. Além de Daniel Dantas, foram presos: sua irmã Verônica e seu ex-cunhado e dirigente do Opportunity, Carlos Rodenburg, o diretor Arthur de Carvalho, o presidente e controlador do Banco Opportunity, Dório Ferman, a diretora jurídica Daniele Silbergleid Ninio; a economista Maria Amália Coutrim e que trabalhava há mais de dez anos com Dantas; Itamar Benigno, também diretor do banco e Norberto Tomaz, e o ex-diretor Rodrigo Bhering, além do especulador Naji Nahas e do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta.
Gilmar Mendes, com apoio na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, decidindo pela necessidade da aplicação do princípio do contraditório em todo o período da persecução penal e inclusive na investigação, deferiu no dia 9 de julho de 2008 Habeas Corpus a Daniel Dantas permitindo o acesso aos processos e sua liberação temporária do cárcere. A despeito do Habeas Corpus, no dia seguinte, o Juiz Federal da 6ª Vara Criminal de São Paulo, Fausto de Sanctis, determinou nova prisão preventiva com novos argumentos. Em nova decisão, em 11 de julho de 2008, Gilmar Mendes suspendeu os efeitos desta segunda prisão preventiva, sob o entendimento de que sua fundamentação não se configurava suficiente para justificar a restrição do direito de ir e vir do banqueiro. Mendes também argumentou que esta segunda prisão fora articulada por setores da polícia federal em conluio com o Ministério Público e a Justiça Federal para desmoralizar o STF.

O resultado prático dessa operação foi o afastamento, determinado pela cúpula da Polícia Federal, dos três delegados incumbidos das investigações e a instauração de inquérito administrativo contra o juiz Fausto de Sanctis por ordem do Presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. . Mendes foi alvo de violentas reações contrárias à sua atuação. 134 juízes federais da Magistratura Federal da Terceira Região (São Paulo e Mato Grosso do Sul) divulgaram carta de apoio ao juiz federal da 6ª Vara, Fausto Martin de Sanctis e demonstraram sua “indignação com a atitude” de Gilmar Mendes. Mais do que tudo isso: o resultado das iniciativas de Gilmar Mendes, pondo a salvo não apenas Daniel Dantas, mas toda quadrilha que processou o programa de privatizações, a começar do chefe de todos os chefes, com uma decisão praticamente unânime do Tribunal, provocou a sua falência moral, dez ministros submetendo-se às vontades de Gilmar Mendes, que, por narcisismo, deixou sempre claro seu total desprezo pelos demais ministros (ele dorme durante as reuniões, ausenta-se ostensivamente, diz palavras agressivas, não disfarça o enfado que o cerimonial pomposo das palavras ocas lhe provocam.

As decisões ostensiva e grosseiramente equivocadas, como se a Gilmar Mendes coubesse de fato a missão abjecta desmoralização da Justiça brasileira, foram se repetindo. Em 23 de dezembro de 2009, Gilmar Mendes, na época presidente do Supremo Tribunal Federal, concedeu habeas corpus que revogava a prisão preventiva do médico Roger Abdelmassih acusado por 56 crimes sexuais. Como consequência, o médico permaneceu foragido até o ano de 2014, quando suas vítimas mobilizaram-se e conseguiram encontrá-lo no Paraguai. Para o ministro Gilmar Mendes, como o Conselho Regional de Medicina suspendeu o registro profissional do médico, não haveria possibilidade de reiteração dos supostos abusos sobre clientes, e por isso, não seria necessária a prisão provisória. “A prisão preventiva releva, na verdade, mero intento de antecipação de pena, repudiado em nosso ordenamento jurídico”. Com a repercussão do polêmico ato de Mendes, diversas vítimas Abdelmassih publicaram moções de repúdio, concederam entrevistas, organizaram abaixo-assinados. Uma delas, Vanuzia Leite Lopes, em entrevista chegou a declarar: “O maior estupro foi feito por Gilmar Mendes”.

Pronunciado-se contrário à Lei da Ficha Limpa, rotulando-a de “barbárie da barbárie”, Gilmar Mendes, ao julgar a sua validade para as eleições de 2010, comparou-a às leis do período nazista, afirmando que “o povo não é soberano na democracias constitucionais”. Ao ouvirem calados, os dez outros ministros aceitaram-se prostitutos. A declaração de inconstitucionalidade do financiamento de campanhas políticas por empresas, já praticamente aprovada, foi sustada pelo pedido de vistas ao pocesso por parte de Mendes, e assim ficou à margem por ano e meio. Endossando o autoritarismo do juiz Sérgio Moro, Gilmar Mendes, em tese um professor de Direito, votou pela prisão para os condenados em segunda instância. Para ele: ““Uma coisa é termos alguém como investigado. Outra coisa é termos alguém como denunciado. Outra coisa é ter alguém com condenação. E agora com condenação em segundo grau. O sistema estabelece uma progressiva derruição da ideia de presunção de inocência”. Sabedor de seu poder sobre as decisões do Poder Judiciário, Gilmar Mendes permite-se derrubar um princípio universal do Direito: ele substitui a “presunção de inocência” pela “presunção da culpa”, formalizando a indecência dos crimes que foram praticados por Joaquim Barbosa.

Foi de Mendes, por exemplo, a façanha de, 24 horas após autorizar a abertura de inquérito envolvendo Aécio Neves, suspender a coleta de contra o tucano, autorizando a reabertura do processo apenas três semanas depois . Ele também criticou o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, quando do vazamento dos pedidos de prisão contra os figurões do PMDB, entre eles os senadores Renan Calheiros e Romero Jucá (OESP, 06.06.2016). Uma crítica que lhe rendeu notas públicas da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e manifestações contrárias de vários promotores. A cada dia, mais seguro de si mesmo, o ministro Gilmar Mendes foi se permitindo deboches sempre maiores: agora, ele será a estrela do 2º Congresso Nacional do Movimento Brasil Livre (MBL) entre os dias 19 e 20 de novembro, em São Paulo. O MBL promoveu manifestações autodenominadas apartidárias contra a ex-presidente Dilma Rousseff a partir de 2013, mas pretende formar um partido para concorrer nas eleições. Além do presidente do TSE, do ministro da Educação e da autora do impeachment, o evento partidário terá as participações do prefeito eleito de São Paulo, João Doria, o humorista Cláudio Manoel e o colunista da revista Veja, Reinaldo Azevedo, além de figuras conhecidas do MLB, como Kim Kataguirgiai.

Gilmar Mendes vai montando a sua estratégia política, sabedor de que manda e desmanda no Supremo Tribunal Federal, posto de vez como triste “gaiola das loucas pedantemente ridículas”. Terá que desempenhar seu papel com engenho e arte. Os esforços para livrar Aécio Neves vêm exigindo alta performance: ele foi delatado por Alberto Youssef (UOL, 25.08.2015), Carlos Alexandre de Souza Rocha (OGLOBO, 30.12.2015), Fernando Moura (FSP, 03.02.2016), Delcídio do Amaral (OESP, 15.03.2016), Sérgio Machado (FSP, 15.06.2016) e Leo Pinheiro (FSP, 27.08.2016). Com bom trânsito entre os golpistas, Mendes vem criticando com frequência os abusos da Lava Jato. Vale destacar suas críticas contra Moro. “Você não combate crime cometendo crime. Ninguém pode se achar o ´ó do borogodó´. Cada um vai ter seu tamanho no final da história. Um pouco mais de modéstia! Calcem as sandálias da humildade!” disse em agosto. Mas as críticas são convenientemente temperadas: “A Lava Jato tem sido um grande instrumento de combate à corrupção. Ela colocou as entranhas do sistema político e econômico-financeiro à mostra, tornando imperativas uma série de reformas. Agora, daí a dizer que nós temos que canonizar todas as práticas ou decisões do juiz Moro e dos procuradores vai uma longa distância”. Quanto à ação do Ministério Público porém não cabem meias-palavras: “É uma visão ingênua. É aquela coisa de delírio. Veja as dez propostas que apresentaram. Uma delas diz que a prova ilícita feita de boa-fé deve ser validade. Quem faz uma proposta dessa não conhece nada de um sistema. É um cretino absoluto” (OGLOBO, 23.08.2016).

Em que pesem seus poderes imperiais, os que permitem que seja lembrado como um “Napoleão dos Trópicos”, está bastante longe de uma unanimidade nacional. Renomados juristas brasileiros, como Celso Antônio Bandeira de Mello e Fábio Konder Comparato, também, já encabeçaram um documento pelo impeachment de Mendes, quando destacam que: “no exercício de suas funções judicantes, (Gilmar Mendes) tem-se mostrado extremamente leniente com relação a casos de interesse do PSDB e de seus filiados, tanto quanto extremamente rigoroso no julgamento de casos de interesse do Partido dos Trabalhadores e de seus filiados, não escondendo sua simpatia por aqueles e sua ojeriza por estes”.

Gilmar Mendes vai se fazendo despudorado, embora tenha cautela em alguns passos. Seu alinhamento com o PSDB e FHC não é disfarçado; ele é claro e incisivo. Implica na defesa intransigente dos pontos fundamentais do neoliberalismo hoje descarado dos antigos social-democratas. Não só justifica aquilo sobre o que é totalmente analfabeto, a política econômica de submissão ao sistema financeiro internacional; ou a nova forma de relacionamento internacional do troglodita Jose Serra; e ainda os programas sociais implantados pelo PT. Ele emite seus palpites infelizes sobre as relações de trabalho, defendendo o “pactuado” sobre o “legislado” e afirmando que vigora no Tribunal Superior do Trabalho, “um ativismo um tanto ingênuo, um sentimento de intervencionismo nas relações do trabalho talvez exagerado.O TST é na maioria formado por pessoal que poderia integrar até um tribunal da Antiga União Soviética”.

Não há dúvidas que 2017 será um ano decisivo na disputa entre os golpistas. A onipresença de Mendes nos meios de comunicação, embora não confirme sua candidatura ao cargo, faz pensar. Ele faz questão de lembrar: “Convivo com isso com naturalidade. Há uma falta de institucionalidade no país, de pessoas que cumpram a função de fazer as críticas adequadas. Os parlamentares temem criticar juízes porque amanhã estarão submetidos a um deles. Não falam sobre o Ministério Público nem sobre a Ordem dos Advogados. É razoável que alguém que não tenha que ter esse tipo de reverência possa falar e apontar rumos. Alguém que tenha responsabilidade institucional, que passou pela presidência do Supremo, que não deve ser um idiota e que não tem medo de críticas”.

O que sabemos à saciedade: dominando o Poder Judiciário,Mendes tem hoje em suas mãos o Congresso Nacional, a começar do Presidente do Senado, Renan Calheiros. Deputados, senadores, caciques dos grandes, médios e pequenos partidos políticos, toda essa gente só será libertada do risco da punição, encaminhada aos presídios, caso receba a anistia que só poderão sair de suas mãos. Só ele terá força suficiente para disciplinar a ação caótica do “lava jato” do juiz Sérgio Moro. Não por acaso o Imperador curitibano entende-se muito bem com a ministra Rosa Weber. Não por mera coincidência, a presidente do STF, Cármen Lúcia, forma um par com o companheiro Gilmar, ambos indo a visita a Michel Temer, acompanhados de FHC. Não por mero acaso, Cármen Lúcia divulga suas preocupações sociais, visitando penitenciárias e expressando-se sobre temas que extravasam os limites de competência do Judiciário. Carmén Lúcia será vaidosa? A ela agradará ser a Presidente que substitui a Presidenta e pacificará o Brasil? Gilmar Mendes não pretende ser desgastado com críticas, disputas, maledicências. Afinal, ele sabe muito bem o que é ser a eminência parda. Michel Temer, FHC, quem quer que seja, só enquanto beijar-lhe as mãos.

Maria Fernanda Arruda é escritora, midiativista e colunista do Correio do Brasil.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Carro sustentável do Senai-SP vence Desafio por Equipes da Olimpíada do Conhecimento

Projeto de veículo elétrico foi desenvolvido por alunos das escolas de Bauru e de Lençóis Paulista. O carro tem como conceito o uso compartilhado por trechos de quilometragem e locação por meio de aplicativo. A premiação ocorreu na noite do último domingo (13/11), no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília.

O E.cub, carro elétrico desenvolvido por alunos do Senai-SP, é o grande campeão da categoria Desafio por Equipes da Olimpíada do Conhecimento, encerrada neste domingo (13/11), em Brasília. O projeto ajudou a entidade paulista a conquistar o primeiro lugar geral no ranking da competição, que reuniu 1.200 estudantes do Senai, Senac e Institutos Técnicos Federais de todo o Brasil. Em novo formato, o torneio teve desafios individuais e coletivos. Na categoria Desafio por Equipes, o Senai-SP participou da prova Carro Conceito Compartilhável.

O projeto foi desenvolvido pelos alunos Danilo Rodrigues, Gabriel Marques, Guilherme Alborghetti, Guilherme Augusto de Oliveira, Marcos Iung Junior, Mateus Dezidério, Otávio Barbosa e Vinicius Marques, representando a Escola Senai de Lençóis Paulista e a Escola Senai João Martins Coube, de Bauru.

“Mais do que vencer, saímos daqui mais unidos. O E.cub envolveu vários profissionais do Senai-SP, desde a concepção do projeto até a sua execução, e permitiu que esses alunos tivessem uma experiência singular de trabalho em equipe”, afirma o chefe de equipe da entidade, Ademir Redondo, diretor da Escola Senai João Martins Coube, de Bauru.

Segundo o instrutor Gustavo Pompolini, da Escola Senai de Lençóis Paulista, o resultado é o reconhecimento do trabalho sério e do esforço dos competidores. “Depois de alguns meses de preparação, com muitas horas dedicadas ao projeto, é recompensador ver esses meninos com a medalha no peito. Eles merecem o primeiro lugar por tudo o que fizeram antes e durante a Olimpíada”, avalia o técnico do grupo.

Moderno e sustentável – Todas as equipes participantes da modalidade coletiva são formadas por oito alunos com habilidades nas áreas de Polimecânica, Usinagem CNC, Soldagem, Eletroeletrônica, Controle Industrial e Manutenção Industrial. Para conseguir a melhor pontuação geral da categoria, o veículo teve de atender uma série de requisitos pré-estabelecidos.

Seguindo à risca o descritivo de prova, o carro do Senai-SP foi projetado para se locomover com energia elétrica, que pode ser armazenada em bateria ou na placa de energia solar instalada no teto. Tem autonomia para rodar 30 quilômetros com a mesma carga e atinge a velocidade de 45 quilômetros por hora. Por se tratar de um carro compartilhável, o E.cub é um compacto e abriga somente o condutor. Para ser leve e resistente, o chassi é de alumínio e a carroceria utiliza fibra de carbono.

“Mais do que ter um design futurista, o E.cub é sustentável. As rodas traseiras têm dois motores elétricos de baixo consumo. Também instalamos um gerador eólico, que capta o ar nas aberturas do para-choque e fornece energia para a Central Multimídia”, detalha o instrutor Pompolini. Ele explica que os faróis e as lanternas são de LED e que a placa solar fornece energia para as baterias, localizadas na parte inferior do carro. O projeto ainda inclui o emprego de um aplicativo para celulares, que informará as estações mais próximas onde o usuário poderá liberar um veículo compartilhável.

Competições individuais – Além do Desafio por Equipes, esses alunos também levaram três medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze em provas individuais da Olimpíada do Conhecimento. As douradas foram conquistadas por Guilherme Augusto de Oliveira, Gabriel Marques e Marcos Iung, nas modalidades de Controle Industrial, Eletrônica e Polimecânica, respectivamente. O bronze da modalidade ficou com o aluno Matheus Dezidério, que disputou a prova de Manutenção Industrial. E a medalha de prata do Desafio Individual foi conquistada neste domingo, na Modalidade Torno CNC, pelo aluno Guilherme Alborghetti.

terça-feira, 15 de novembro de 2016



"Maioria do Supremo é de pessoas que se pavoneiam com uma vaidade absurda"

EGOS EM EXPOSIÇÃO

13 de novembro de 2016, 7h05

A exposição excessi
va do Judiciário é prejudicial, pois se antes a sociedade não sabia praticamente nada sobre a capacidade dos seus integrantes, agora ela tem certeza de seus defeitos. A opinião é do professor, diplomata, ex-ministro da Fazenda e do Meio Ambiente do governo Itamar Franco (1992-1994), Rubens Ricupero. "É como a nudez. À nudez, pouca gente resiste", sentencia.

Em entrevista à revista eletrônica Consultor Jurídico, Ricupero criticou duramente o Supremo Tribunal Federal. Os membros da corte, diz ele, se expõem demais, o que acaba diminuindo-os frente à população. “A imensa maioria é formada de pessoas que se pavoneiam com uma vaidade absurda e não são capazes de manter um comportamento como um magistrado deveria ter, de discrição.”

E os juristas do país, segundo o professor, pararam no tempo, tornando-se “figuras intelectualmente anacrônicas”, que prejudicaram o Direito brasileiro, tornando-o obsoleto. “Enquanto o Direito anglo-saxônico olha o resultado, a efetividade, o nosso é muito formalista, envelhecido, sem ideias.”

E a influência do Direito anglo-saxônico fica visível na operação "lava jato", que investiga corrupção envolvendo a Petrobras e partidos políticos. Para Ricupero, a investigação "só se viabilizou porque os homens que a conduzem conhecem o Direito americano. E muitos estudaram lá. Por exemplo, a delação premiada que, finalmente, foi incorporada ao direito brasileiro, é uma instituição que existe há décadas nos Estados Unidos”.

Mesmo elogiando a inovação trazida pelos envolvidos na "lava jato", Rubens Ricupero não se furta de apontar problemas no caso que deu fama ao juiz Sergio Moro. O uso seguido de prisões preventivas, apontadas por advogados como uma forma de forçar delações premiadas, diz ele, contamina a operação.

Leia a entrevista:

ConJur — Desde a Ação Penal 470, o processo do mensalão, e agora com a operação "lava jato", o Judiciário tem ocupado lugar de destaque no noticiário e nas rodas de conversa. Essa exposição é boa ou ruim?
Rubens Ricupero — Acho que é muito negativa, porque a exposição excessiva revela muito. É como a nudez. À nudez, pouca gente resiste. Porque, no fundo, a roupa foi uma invenção que, além de todos os outros benefícios, tem um benefício estético muito grande. Só pessoas que têm um corpo perfeito aguentam serem expostas a nu. A mesma reflexão se aplica ao caráter, à personalidade das pessoas. Pessoas que se expõem, como esses ministros — falando, gesticulando, mostrando egos superdimensionados—, na verdade, se diminuem aos olhos da população. O Supremo Tribunal Federal pode ser que não tenha sido melhor no passado, mas as pessoas não sabiam. Hoje em dia elas sabem.

O que tem por aí, em geral, é triste. A imensa maioria é formada de pessoas que se pavoneiam com uma vaidade absurda e não são capazes de manter um comportamento como um magistrado deveria ter, de discrição. O contraste com a Suprema Corte americana é chocante. Não garanto que os juízes da Suprema Corte americana sejam melhores do que os nossos, mas ninguém sabe. Porque eles se portam publicamente com muita discrição. É raríssimo alguém dar uma opinião. Recentemente, uma juíza da suprema corte fez uma declaração sobre o Trump, que era correta, mas ela logo depois pediu desculpas, dizendo que não era apropriado, que ela não deveria ter falado aquilo. Aqui eles falam sobre tudo, inclusive, questões que estão sendo julgadas. O Judiciário brasileiro, hoje, — incluindo aí os procuradores e promotores públicos — tem uma imagem melhor, sobretudo a nova geração. É o caso do juiz Moro, dos procuradores em Curitiba. Não só por causa da “lava jato”. São pessoas mais atualizadas.

O problema dos juristas brasileiros é que eles são, quase todos, figuras intelectualmente anacrônicas. O Direito brasileiro é um Direito muito envelhecido. E eu sou bacharel em Direito, e por isso posso falar disso. E meus dois irmãos eram magistrados, se aposentaram como desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo. O Direito brasileiro sempre foi de segunda mão. Sempre inspirado pela Itália, pela Alemanha, pela França. No passado ainda havia, aqui, juristas que se equiparavam, de certa forma, aos grandes juristas mundiais. Hoje, não há mais. O que impera é uma certa mediania.

E é um Direito que não acompanhou a evolução do tempo. Por isso é que, no caso do Direito Empresarial, nós temos coisas absurdas. Mesmo a reforma da Lei de Falência e os esforços que se fizeram são muito insuficientes. O número de recursos... Os casos não terminam. Nos Estados Unidos, quando houve a mega falência da Enron, aquela grande companhia de energia, em um ano, a falência estava liquidada. Era uma falência gigantesca.

ConJur — Algumas levam décadas, não?
Rubens Ricupero — Levam. Enquanto que o Direito anglo-saxônico olha o resultado, a efetividade; o nosso é muito formalista, envelhecido, sem ideias. Tanto assim que a operação “lava jato” só se viabilizou porque os homens que a conduzem conhecem o Direito americano. E muitos estudaram lá. Por exemplo, a delação premiada que, finalmente, foi incorporada ao direito brasileiro, é uma instituição que existe há décadas nos Estados Unidos.

É a chamada plea bargaining, a negociação da sentença. Nos Estados Unidos, em Direito Penal, a maioria dos casos nunca vai a julgamento. Eles são negociados. Porque eles estão mais interessados na rapidez e na efetividade, do que na suposta perfeição da Justiça. O que está funcionando é por causa dessa gente que está em contato com os procuradores americanos e da Suíça. O resto, o que depende desse pessoal mais velho, se arrasta.

ConJur — A “lava jato” é muito criticada pela dobradinha “prisão preventiva-delação premiada”. Os advogados de defesa, e outros tantos juristas, dizem que as prisões decretadas pelo juiz Moro são um incentivador para as delações. O senhor concorda com isso?
Rubens Ricupero — A meu ver há um elemento de verdade nessa acusação. Eu não me sinto satisfeito nem com o excesso de prisões preventivas que se prolongam por meses e meses; nem, justamente, por essa prisão psicológica que se faz para a delação. Eu tenho a impressão de que essas coisas, de fato, contaminam a “lava jato”.

ConJur — Assim como o senhor falou do Supremo, os procuradores da “lava jato” também têm aparecido muito, por exemplo, encampando as 10 medidas do MPF. Essa exposição excessiva do Ministério Público também não é prejudicial?
Rubens Ricupero — Em tese, eu distingo as duas coisas. Eu acho que mesmo em um regime com instituições muito melhores do que as brasileiras, a Suprema Corte e os juízes, de uma maneira geral, têm que ser discretos. Não sou favorável à transmissão ao vivo de julgamento — salvo exceções muito excepcionais. Eu creio que é um princípio basilar da magistratura que o juiz se mantenha com uma certa circunspecção. Então, não comparo uma coisa com a outra.

No segundo caso, eu diria a você que, se nós tivéssemos instituições melhores, seria estranho que houvesse campanha pública de procuradores. Infelizmente, nas circunstâncias brasileiras, é inevitável. Porque é óbvio que a mudança das leis penais e leis processuais penais não virá do Congresso. Porque há tanta gente no Congresso que está ameaçada, inclusive, no caso da operação [“lava jato”]... O que nós temos visto no Brasil é uma tendência sempre a aguar a legislação penal.

O Brasil é um país que tem uma legislação penal e de cumprimento de pena extremamente indulgente. É um país que tem uma violência enorme. Níveis de violência fantásticos. E vai ter uma legislação penal, de processo penal como se fosse a Dinamarca. É completamente contraditório. Então, a meu ver, eu penso que eles têm razão de fazer essa campanha porque é uma maneira, talvez, de esclarecer a opinião pública e criar uma pressão para uma reforma das leis penais. Não que eu pense que apenas a dureza das leis penais resolva. Não. Eu acho que as leis penais e de processo penal têm que ser justas. Elas têm que ser, sem dúvida nenhuma, sentidas. Mas, têm que ser cumpridas. Eu acho um absurdo, por exemplo, essas saídas periódicas que todo mundo já viu e uma boa porcentagem não volta.

É óbvio que não se deve ir nem a um extremo nem a outro. Eu não sou favorável, por exemplo, à legislação penal de alguns estados americanos, que são absurdas, nas quais a pessoa que comete uma terceira violação, mesmo que seja apenas a posse de um cigarro de maconha, pode ser condenada à prisão perpétua. E lá é perpétua mesmo, a pessoa morre na prisão. Acho isso um absurdo. É um atentado.

Tem que se encontrar um ponto de equilíbrio. Mas, o ponto de equilíbrio, às vezes, tem que ser duro. Eu vou lhe dar o exemplo da Itália. A Itália é um país que tem um direito penal brilhante. A maior parte dos penalistas brasileiros até se formaram estudando os livros de penalistas italianos. No entanto, a Itália tem uma espécie de pena que é prisão perpétua de verdade. Os líderes da Cosa Nostra não saem nunca. Morrem na prisão. Por quê? Porque eles compreendem que em alguns casos não há recuperação possível. Para um grande líder da Cosa Nostra que vive daquele poder, daquela riqueza, a prisão tem que ser definitiva.

Porque ele solto causa ainda muito mais danos. O Brasil não tem essa possibilidade, fica jogando com teorias que já não são aplicadas nem onde elas nasceram. Porque foi na Itália que começou o movimento de humanização do Direito Penal, com o marquês de Beccaria. Mas o Brasil é o país que fica preso a conceitos de cem anos atrás.

ConJur — O senhor é a favor da prisão depois de condenação em segunda instância?
Rubens Ricupero — Em muitos casos, sim. Não em todos os casos porque o Brasil tem uma qualidade de Justiça muito diferente conforme os estados. E há estados por aí em que não se pode colocar a mão no fogo pela qualidade da segunda instância. Então, haveria esse risco. Mas creio que os tribunais têm competência para julgar caso por caso, como aquele episódio que houve aqui, da construção do fórum [Trabalhista de São Paulo]. Um dos empresários desse caso da construção do Fórum, que foi condenado a mais de 30 anos, já tinha acionado 33 recursos para não cumprir a pena. Isso, obviamente, é demais, em qualquer lugar. E aí cai mesmo naquela questão: o sujeito que tem dinheiro, que tem bons advogados, não vai preso nunca.

ConJur — O Supremo tem invadido competência do Legislativo?
Rubens Ricupero — O Supremo tem ido muito longe. Nós deveríamos ter, a meu ver, quando houvesse uma grande reforma, um sistema diferente, uma corte apenas constitucional. Como há na Itália, na França e em outros lugares. E uma Suprema Corte para a maioria dos outros processos. E a corte constitucional deveria ter diretrizes que limitassem essa capacidade de legislar em lugar do legislador. Isso tem acontecido no Brasil porque cria-se um vácuo. Aquela famosa regra: o poder odeia o vácuo. Quando há um vácuo, alguém ocupa. No caso, tem sido a corte, porque os legisladores não são capazes de votar, às vezes, em coisas relativas a eles.

ConJur — O Supremo acertou ao proibir as doações para empresas para candidatos?
Rubens Ricupero — Sou favorável à proibição das doações das empresas. Mas acho que não basta, porque é preciso impor limites grandes ao quanto se pode gastar. É preciso adotar normas impedindo que as eleições se transformem em programas, como se fossem filmes, e sejam mais de debates de ideias. Eu creio que mesmo as doações individuais deveriam ser policiadas e observadas de perto. Porque pode acontecer, por exemplo, que uma empresa seja proibida de doar, mas que os políticos façam pressão sobre os diretores das empresas para fazerem doações a título de individual. E aí isso burlaria a lei. É preciso verificar isso com muito cuidado, porque a violação das leis de financiamento de campanha existe em todos os países. Até na Inglaterra, que tem leis muito mais aperfeiçoadas e onde se gasta muito menos do que aqui. É preciso ter um cuidado muito grande para que essas coisas não escapem ao controle.

ConJur — Qual é o modelo de voto que mais lhe agrada?
Rubens Ricupero — Distrital misto. Creio que deve haver um caráter de distrito, com algumas correções. Como é que você vai se candidatar em um estado inteiro como São Paulo, com mais de quinhentos municípios. O dinheiro que isso exige.

ConJur — O senhor é a favor de adiantar as eleições para presidente?
Rubens Ricupero — Não. Eu sou a favor do parlamentarismo. Sempre fui. Eu fui um dos votos minoritários em janeiro de 1963. Sempre fui favorável ao regime parlamentar. Sou contra o regime presidencial. Acho que se nós tivéssemos um regime parlamentar — é claro, não com 35 partidos, mas com um número menor —, episódios como o do impeachment não existiriam. Porque o governo cairia. O gabinete cai e forma um novo gabinete. Como a Angela Merkel disse quando veio o Brasil, né. No regime parlamentar, a mudança do governo não é uma crise, mas uma solução da crise.

ConJur — E por que no presidencialismo essa mudança é tão traumática, enquanto no parlamentarismo é mais aceita?
Rubens Ricupero — É que o presidencialismo é muito rígido. É um sistema em que, praticamente, durante o mandato que se conferiu à pessoa eleita, não há como interferir se ele não se provar à altura da confiança depositada. A racionalidade deveria aconselhar a que se mudasse o governo quando este se mostra incapaz de encaminhar soluções dos problemas.

No presidencialismo se espera uma data. No caso brasileiro, daí o impasse, o dilema em que nós estávamos. Ela não deveria ter sido reeleita. Já a reeleição foi um engano, foi um engano obtido graças ao uso maciço de recursos econômicos e ao poder do governo. A atitude do partido, no poder, de não aceitar a transição, de não aceitar a alternância no poder. A verdade é que o PT tem uma tendência que não é democrática. A tendência do PT é muito avessa à alternância do poder. O PT tentou se manter no poder a qualquer custo. Não sou eu que estou dizendo. Eles disseram. Ela [Dilma Rousseff] mesmo declarou que iria fazer o diabo. O Lula disse: “agora vocês vão ver do que nós somos capazes”. Eles são capazes de tudo e foi o que se viu.

Conseguiram a reeleição, embora por pouca diferença. Esse é que foi o erro. O erro de onde nasce essa crise é a reeleição de uma pessoa que era manifestamente inepta. Que tinha provado isso há quatro anos. Por exemplo, os argentinos, que nós costumamos criticar, não cometeram esse erro. É verdade que lá não poderia mais reeleger. Mas não reelegeram a pessoa que representaria a continuação do governo da Cristina Kirchner. Aqui se elegeu a continuação de um sistema que já estava mergulhado numa profunda crise a partir de 2013. Outra instituição contra a qual eu me pronuncio é a reeleição. Foi um grande erro do Fernando Henrique ter patrocinado essa emenda da reeleição.

 é repórter da revista Consultor Jurídico.
Revista Consultor Jurídico, 13 de novembro de 2016, 7h05

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Você é um gênio? Conheça os oito tipos de inteligência

Com informações da BBC

Educação e inteligência

Quantas vezes você se sentiu mal ao chegar em casa com notas baixas?

O sistema educacional atual junta numa mesma sala de aula crianças diferentes e exige o mesmo desempenho de todas nas mesmas matérias padronizadas, o que torna difícil detectar diferentes tipos de inteligência.

"Quando você tira notas altas no colégio, fica achando que é muito inteligente. Mas se for ao teatro, visitar uma fazenda ou uma granja, verá que outras inteligências são importantes," explica o psicólogo Howard Gardner, na Universidade Harvard (EUA) e autor da Teoria das Inteligências Múltiplas.

Para ele, existem oito tipos de inteligência e, assim, é possível identificar gênios entre pessoas consideradas fracas ou não valorizadas pelo sistema de educação tradicional.

Descubra a seguir se você pode ser algum tipo de gênio não reconhecido.

1. Inteligência lógico-matemática

Todo mundo conhece alguém que tem habilidade extraordinária com desafios de lógica e números. São pessoas que conseguem identificar padrões, resolver e propor problemas matemáticos com facilidade. A velocidade para resolver esses problemas é o que determina quanta inteligência lógico-matemática a pessoa tem.

O famoso teste de quociente de inteligência (QI), sobre o qual os psicólogos agora levantam tantas dúvidas, é baseado neste tipo de inteligência.

Gênios nessa categoria costumam brilhar como cientistas, economistas, professores, engenheiros e matemáticos.

2. Inteligência linguística

É a inteligência daqueles que entendem o sentido de uma poesia ou de um conto antes de todo mundo. São os mestres da palavra. Escrevem com facilidade e são o centro das atenções quando contam um caso.

Isso também é levado em conta no teste de QI.

3. Inteligência musical

Não se trata apenas de curtir música. Esta inteligência tem a ver com a capacidade de criação musical.

Esses gênios podem ser identificados ainda bem jovens pela habilidade de acompanhar ritmos, tocar vários instrumentos, ler e compor peças musicais com facilidade. O compositor Mozart é um bom exemplo.

Mas há muita gente que considera música talento, não inteligência. "Por que se você é bom com palavras é inteligente e com ritmos é talentoso? Ninguém nunca me respondeu", questiona Gardner.

Todas as culturas têm alguma forma de música mais ou menos elaborada - e, para Gardner e seus colegas de Harvard, todos os indivíduos têm uma inteligência musical latente.

Algumas áreas do cérebro estão relacionadas à execução e composição da música. Como qualquer outro tipo de inteligência, você pode treinar e melhorar.

4. Inteligência espacial

É aquela na qual o destaque é a capacidade de observar o mundo e os objetos sob diferentes perspectivas. Essas pessoas criam imagens mentais com facilidade, desenham bem, identificam detalhes e têm grande senso estético.

Engloba profissionais como pintores, fotógrafos, designers, publicitários, arquitetos e aqueles de quem se espera criatividade.

5. Inteligência corporal e sinestésica

Saber usar bem ferramentas é um exemplo de inteligência sinestésica corporal.

Além disso, a capacidade intuitiva da inteligência corporal é utilizada para expressar sentimentos através do corpo.

Nesta categoria, os gênios podem ser bailarinos, atores, atletas, cirurgiões e artistas plásticos. Em comum, todos usam racionalmente suas capacidades físicas.

6. Inteligência interpessoal

Os defensores mais conhecidos desta linha, como Daniel Goleman, chamam-na de inteligência emocional.

Essas pessoas têm grande capacidade de lidar com grupos, compreendem bem as circunstâncias e problemas dos outros.

Este é o perfil de vendedores, professores, psicólogos, terapeutas, advogados e educadores.

"A inteligência também pode ser nociva. Um vendedor com grande inteligência interpessoal pode ficar esgotado com facilidade," adverte Gardner.

7. Inteligência intrapessoal

Esta pode ser a praia dos tímidos ou retraídos.

Gardner define este tipo de inteligência como a capacidade de nos conhecermos por meio da reflexão e autoanálise.

Filósofos, pensadores e teólogos são exemplos.

8. Inteligência naturalista

Nos tempos de escola, suas experiências com plantas davam certo? Se sua resposta for sim, sua inteligência é naturalista: detecta, diferencia e categoriza questões relacionadas à natureza.

Gardner incluiu esta categoria posteriormente em sua pesquisa por considerá-la uma das inteligências fundamentais para a sobrevivência do ser humano.

Esta é a característica de quem se destaca em áreas como biologia, botânica, meio ambiente e atividades ligadas à agricultura.

Inteligências sem fim

Gardner afirma que o fato de seu trabalho ter identificado oito tipos de inteligência não significa que a questão esteja fechada.

No momento, por exemplo, o pesquisador e sua equipe analisam se a habilidade de ensinar pode ser considerada mais uma nova inteligência a ser incluída na lista.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Tênis minimalistas superam tênis profissionais em ganho muscular

Redação do Diário da Saúde

Tênis simples

Se você é profissional ou apenas gosta de praticar esportes, e por isto está sempre ligado nos últimos lançamentos de tênis e outros calçados, talvez seja melhor repensar suas expectativas quanto ao que a tecnologia pode lhe trazer em termos de conforto e rendimento.

Uma comparação exaustiva entre os tênis mais modernos e "calçados minimalistas" mostraram que os tênis mais simples apresentam maiores ganhos em termos musculares tanto para os pés como para as pernas.

Pesquisadores da Universidade Politécnica de Hong Kong e da Escola de Medicina de Harvard (EUA) recrutaram 38 corredores, com idade média de 35 anos, de clubes de corrida locais. Os participantes - 21 homens e 17 mulheres - corriam há seis anos em média, usando todos os aparatos que a tecnologia disponibiliza, incluindo tênis modernos, almofadas de amortecimento adicionais e apoios para a arcada plantar.

Depois de feitas todas as medições, os voluntários foram divididos em dois grupos, um deles com os tênis e demais aparatos que já usavam, e outro passando a usar um tênis simples, com solado plano - mesma altura da ponta dos dedos ao calcanhar - de 3 milímetros de espessura.

Ganho muscular

O grupo experimental, usando os tênis simples, apresentou ganhos musculares significativamente maiores nos pés e nas pernas - na verdade, eles apresentaram ganhos, enquanto o outro grupo não.

O volume médio dos músculos extrínsecos do pé - ligados da perna ao pé - aumentou de cerca de 25,100 milímetros cúbicos por quilograma (mm3/kg) para cerca de 27,000 mm3/kg, enquanto os músculos intrínsecos do pé - ligados do calcanhar aos dedos - aumentaram de cerca de 4,600 mm3/kg para perto de 5.000 mm3/kg, um aumento de 8,8%.

Agrupando os músculos pelas regiões anterior e posterior do pé, o ganho muscular deu-se principalmente na parte anterior - o volume médio da parte anterior aumentou em 11,9% e da parte posterior em 6,6%.

Mesmo submetidos ao mesmo regime de treinamento durante os seis meses, o volume muscular das pernas e dos pés no grupo de controle permaneceu inalterado.

Cinco métodos para controlar a dor com a mente

Baseado em artigo da BBC

1 - A respiração profunda

Esta técnica é fundamental para o resto das alternativas que podem ser usadas para ajudar a controlar a dor.

Trata-se de respirar profundamente por alguns segundos e depois expirar.

Para ajudar a manter a concentração e o ritmo da respiração, podem ser usadas palavras ou frases. Por exemplo, cada vez que você respira, você pode dizer "Bem-vindo, bem-estar". Ao expirar, "Adeus, dores."


2 - Atenção plena

A ideia é concentrar-se no momento em que você está vivendo, evitando preocupações passadas e futuras. Para os mais espiritualizados, o mantra preferido é: "Nada se pode fazer quanto ao passado, e o futuro eu entrego a Deus".

"Esta técnica envolve basicamente focar no presente, sem julgamento", diz a neurocientista Sara Lazar, do Hospital Geral de Massachusetts.

Para muitos, o primeiro impulso à dor é tentar se desligar de qualquer maneira. Ao usar a atenção plena para controlar a dor, no entanto, o que se busca é se aproximar da sensação e aprender a conhecê-la "assistindo-a" objetivamente. Em outras palavras, tornar-se um observador da própria dor.

Tem-se que considerar os seguintes elementos: Onde começa o que sinto? Isso muda com o passar do tempo? Como é possível descrevê-la?


3 - Meditação e visualização

O processo inicia prestando-se atenção à respiração seguindo a técnica ensinada acima.

Isso é feito em uma atmosfera de relaxamento completo, sem ruídos ou estímulos que possam distrair, como música de fundo.

Além disso, você pode pensar em um lugar que está associado com tranquilidade, paz e prazer: Uma praia com o som das ondas; pássaros cantando em uma paisagem bucólica.

Se a mente se distrair e começar a pensar em outras coisas, traga de volta a imagem que causa tranquilidade - sem se censurar por ter-se distraído.


4 - Concentração e positividade

Escolher uma atividade que você gosta é outra opção. Pode ser qualquer coisa que gera prazer: leitura de poesia, fazer caminhadas em espaços verdes, culinária ou dedicar-se à jardinagem.

O objetivo é concentrar-se de forma absoluta no que você está fazendo e prestar atenção nos mínimos detalhes, observando como os sentidos reagem e quais são as sensações que você experimenta.

Quando uma pessoa não está bem, muitas vezes pensa apenas no que não pode fazer.Direcionar a atenção para o que pode fazer ajuda a parar de pensar na dor.

Ter um diário e registrar regularmente as razões ou coisas de que você gosta é uma maneira de fazer isso, explica a professora Ellen Slawsby, de Harvard.


5 - Gerar a resposta de relaxamento

É o antídoto para o estresse que gera a dor. Permite controlar o aumento da frequência cardíaca e as reações do corpo, que entra em alerta com o estresse.

Neste caso, a primeira coisa a fazer é fechar os olhos e relaxar todos os músculos do corpo - vá pensando em cada parte do corpo, de cima para baixo ou de baixo para cima, relaxando cada uma delas.

Em seguida, preste atenção na respiração. Quando os pensamentos começarem a aparecer, devemos recorrer a uma palavra que cada um escolher para voltar a se concentrar na respiração.

Viva este processo durante 10 a 20 minutos. Então, permita o retorno dos pensamentos, mas não se esqueça de estar consciente do seu momento de relaxamento, deixando que a vida volte a se encaixar aos poucos em sua consciência. Finalmente, abra os olhos.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Frases do diálogo Renan - Sérgio Machado

Ela [Dilma] tem uma bravura pessoal que é uma coisa inacreditável, (Renan)


Está todo mundo sentindo um aperto nos ombros. Renan, não sobra ninguém, Renan! Renan, eu fui do PSDB dez anos, Renan. Não sobra ninguém, Renan. (Sérgio Machado)

Tá todo mundo se cagando, presidente. Todo mundo se cagando. Então ou a gente age rápido. O erro da presidente foi deixar essa coisa andar. Essa coisa andou muito. Aí vai toda a classe política para o saco. Não pode ter eleição agora. (Sérgio Machado)

DEZ QUESTÕES SOBRE A PEC 241

Economista Laura Carvalho, professora da Faculdade de Economia, Contabilidade e Administração da USP, organizou uma lista de perguntas e respostas sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que limita o crescimento dos gastos públicos; de forma didática, ela tira as principais dúvidas sobre o assunto e ajuda a desconstruir alguns mitos em relação ao tema; confira

Portal Vermelho - 13 DE OUTUBRO DE 2016 ÀS 20:45
1. A PEC serve para estabilizar a dívida pública?

Economista Laura Carvalho - Não. A crise fiscal brasileira é sobretudo uma crise de arrecadação. As despesas primárias, que estão sujeitas ao teto, cresceram menos no governo Dilma do que nos dois governos Lula e no segundo mandato de FHC. O problema é que as receitas também cresceram muito menos – 2,2% no primeiro mandato de Dilma, 6,5% no segundo mandato de FHC, já descontada a inflação. No ano passado, as despesas caíram mais de 2% em termos reais, mas a arrecadação caiu 6%. Esse ano, a previsão é que as despesas subam 2% e a arrecadação caia mais 4,8%.

A falta de receitas é explicada pela própria crise econômica e as desonerações fiscais sem contrapartida concedidas pelo governo e ampliadas pelo Congresso. Um teto que congele as despesas por 20 anos nega essa origem pois não garante receitas, e serve para afastar alternativas que estavam na mesa no ano passado, como o fim da isenção de 1995 sobre tributação de dividendos, o fim das desonerações e o combate à sonegação. A PEC garante apenas que a discussão seja somente sobre as despesas.

A PEC também desvia o foco do debate sobre a origem da nossa alta taxa de juros – que explica uma parte muito maior do crescimento da dívida, já que se refere apenas às despesas primárias federais. Uma elevação da taxa de juros pelo Banco Central tem efeito direto sobre o pagamento de juros sobre os títulos indexados à própria taxa Selic, por exemplo – uma jabuticaba brasileira.

A PEC é frouxa no curto prazo, pois reajusta o valor das despesas pela inflação do ano anterior. Com a inflação em queda, pode haver crescimento real das despesas por alguns anos (não é o governo Temer que terá de fazer o ajuste). No longo prazo, quando a arrecadação e o PIB voltarem a crescer, a PEC passa a ser rígida demais e desnecessária para controlar a dívida.

2. A PEC é necessária no combate à inflação?

Economista Laura Carvalho - Também não. De acordo com o Banco Central, mais de 40% da inflação do ano passado foram causados pelo reajuste brusco dos preços administrados que estavam represados (combustíveis, energia elétrica...). Hoje, a inflação já está em queda e converge para a meta. Ainda mais com o desemprego aumentando e a indústria com cada vez mais capacidade ociosa, como apontam as atas do BC.

3. A PEC garante a retomada da confiança e do crescimento?

Economista Laura Carvalho - O que estamos vendo é que o corte de despesas de 2015 não gerou uma retomada. As empresas estão endividadas, têm capacidade ociosa crescente e não conseguem vender nem o que são capazes de produzir. Os indicadores de confiança da indústria, que aumentaram após o impeachment, não se converteram em melhora real. Os últimos dados de produção industrial apontam queda em mais de 20 setores. A massa de desempregados não contribui em nada para uma retomada do consumo. Que empresa irá investir nesse cenário?

Uma PEC que levará a uma estagnação ou queda dos investimentos públicos em infraestrutura física e social durante 20 anos em nada contribui para reverter esse quadro, podendo até agravá-lo.

4. A PEC garante maior eficiência na gestão do dinheiro público?

Economista Laura Carvalho - Para melhorar a eficiência é necessário vontade e capacidade. Não se define isso por uma lei que limite os gastos. A PEC apenas perpetua os conflitos atuais sobre um total de despesas já reduzido. Tais conflitos costumam ser vencidos pelos que têm maior poder econômico e político. Alguns setores podem conquistar reajustes acima da inflação, e outros pagarão o preço.

5. A PEC preserva gastos com saúde e educação?

Economista Laura Carvalho - Não, estas áreas tinham um mínimo de despesas dado como um percentual da arrecadação de impostos. Quando a arrecadação crescia, o mínimo crescia. Esse mínimo passa a ser reajustado apenas pela inflação do ano anterior. Claro que como o teto é para o total de despesas de cada Poder, o governo poderia potencialmente gastar acima do mínimo. No entanto, os benefícios previdenciários, por exemplo, continuarão crescendo acima da inflação por muitos anos, mesmo se aprovarem outra reforma da Previdência (mudanças demoram a ter impacto). Isso significa que o conjunto das outras despesas ficará cada vez mais comprimido.

O governo não terá espaço para gastar mais que o mínimo em saúde e educação (como faz hoje, aliás). Gastos congelados significam queda vertiginosa das despesas federais com educação por aluno e saúde por idoso, por exemplo, pois a população cresce.

Outras despesas importantes para o desenvolvimento, que sequer têm mínimo definido, podem cair em termos reais: cultura, ciência e tecnologia, assistência social, investimentos em infraestrutura, etc. Mesmo se o país crescer...

6. Essa regra obteve sucesso em outros países?

Economista Laura Carvalho - Nenhum país aplica uma regra assim, não por 20 anos. Alguns países têm regra para crescimento de despesas. Em geral, são estipuladas para alguns anos e a partir do crescimento do PIB, e combinadas a outros indicadores. Além disso, nenhum país tem uma regra para gastos em sua Constituição.

7. Essa regra aumenta a transparência?

Economista Laura Carvalho - Um Staff Note do FMI de 2012 mostra que países com regras fiscais muito rígidas tendem a sofrer com manobras fiscais de seus governantes. Gastos realizados por fora da regra pelo uso de contabilidade criativa podem acabar ocorrendo com mais frequência.

O país já tem instrumentos de fiscalização, controle e planejamento do orçamento, além de metas fiscais anuais. Não basta baixar uma lei sobre teto de despesas, é preciso que haja o desejo por parte dos governos de fortalecer esses mecanismos e o realismo/transparência da política fiscal.

8. A regra protege os mais pobres?

Economista Laura Carvalho - Não mesmo! Não só comprime despesas essenciais e diminui a provisão de serviços públicos, como inclui sanções em caso de descumprimento que seriam pagas por todos os assalariados. Se o governo gastar mais que o teto, fica impedido de elevar suas despesas obrigatórias além da inflação. Como boa parte das despesas obrigatórias é indexada ao salário mínimo, a regra atropelaria a lei de reajuste do salário mínimo impedindo sua valorização real – mesmo se a economia estiver crescendo.

O sistema político tende a privilegiar os que mais têm poder. Reajusta salários de magistrados no meio da recessão, mas corta programas sociais e investimentos. Se nem quando a economia crescer, há algum alívio nessa disputa (pois o bolo continua igual), é difícil imaginar que os mais vulneráveis fiquem com a fatia maior.

9. A PEC retira o orçamento da mão de políticos corruptos?

Economista Laura Carvalho - Não. Apesar de limitar o tamanho, são eles que vão definir as prioridades no orçamento. O Congresso pode continuar realizando emendas parlamentares clientelistas. No entanto, o Ministério da Fazenda e do Planejamento perdem a capacidade de determinar quando é possível ampliar investimentos e gastos como forma de combate à crise, por exemplo. Imagina se a PEC 241 valesse durante a crise de 2008 e 2009?

10. É a única alternativa?

Economista Laura Carvalho - Não. Há muitas outras, que passam pela elevação de impostos sobre os que hoje quase não pagam (os mais ricos têm mais de 60% de seus rendimentos isentos de tributação, segundo dados da Receita Federal), o fim das desonerações fiscais que até hoje vigoram e a garantia de espaço para investimentos públicos em infraestrutura para dinamizar uma retomada do crescimento. Com o crescimento maior, a arrecadação volta a subir.

domingo, 2 de outubro de 2016

5 PAÍSES SE UNIRAM PARA ESPIONAR E FINANCIAR O GOLPE NO BRASIL

NA LUTA TODO DIA - Edward Snowden, ex-militar dos EUA, denuncia há anos o sistema integrado de espionagem ianque que monitora dados em todas as áreas em beneficio dos interesses das multinacionais e imperialismo norte-americanos, motivo pelo qual está exilado na Rússia há 4 anos.

O ex-agente da NSA revelou notícias de que o Brasil era uma das mais importantes peças do xadrez latino-americano, estando no centro do monitoramento. Os fatos, inclusive, deixaram o governo deposto de Dilma Rousseff em alerta. O fato é que não eram apenas os norte-americanos, mas 5 países (Canadá, EUA, Grã-Bretanha, Austrália e Nova Zelândia), o chamado ‘5 olhos’, uma aliança estratégica de troca de informações, que bisbilhotou o governo brasileiro. O Canadá, por exemplo, através da Communications Security Establishment Canada (CSEC) espionou o Ministério de Minas e Energia à época dos leilões do campo de Libra, maior campo de petróleo já descoberto no país.

As informações de todos os processos de investigações e decisões estratégicas do governo foram demasiadamente estudados pelos EUA. Também pudera, 80% das conexões de internet passam por lá. Estima-se que 2,3 bilhões de telefonemas e mensagens foram interceptadas. A coleta foi feita por ‘backbones’, vias principais por onde transitam os dados, os quais os governos tem acesso com ajuda das companhias de comunicações. Os norte-americanos possuem 14 agências de espionagem, porém somente a NSA (National Security Agency) criada há 61 anos emprega 35 mil funcionários.

Além da espionagem, um grupo de magnatas internacionais, em parceria com seus governos, passou a financiar aberta e francamente organizações que há vários anos atacavam o governo socialdemocrata do PT, embora este nunca tivesse sequer ameaçado o poder dos grandes capitalistas nacionais e internacionais. Alguns institutos defensores do Liberalismo Econômico foram abarrotados de dinheiro por grupos midiáticos e bancos norte-americanos para realizar uma ampla campanha anti-esquerda e anti-comunista no Brasil.

O banco Merrill Lynch e o Bank of America depositaram gordas contribuições na conta do Instituto Milenium, o mais novo deles, fundado em 2005 e que reúne personalidades abertamente direitistas e conservadoras como Rodrigo Constantino, Olavo de Carvalho, Ali Kamel (Rede Globo) e Reinaldo Azevedo. Ressalta-se que as empresas do Grupo Abril, OESP (Estadão), Grupo RBS (Afiliada da Globo no Rio Grande do Sul), Grupos Gerdau e Suzano, Abert, Universidade Estácio captaram dinheiro no exterior, através de seus meios ‘legais’ para manipular a opinião pública e apoiar o golpe parlamentar colaborando para o retrocesso que estamos vivendo no país. Essas são mantenedoras do Milenium e outros Institutos (Liberdade, Liberal, Ling, e Atlantico). Fica claro que a deposição de Dilma Roussef foi uma articulação midiática, jurídica e parlamentar com ampla mobilização entre os partidos de direita em aliança com empresários e governos internacionais, para impor uma intensa agenda de retirada de direitos sociais e um ajuste fiscal ainda mais draconiano do que vinha sendo aplicado. O golpe, já reconhecido por Temer, não pode passar impune! Lutemos com todas as forças.