quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Com mudança pedagógica, o celular pode ser o melhor aliado do professor

No modelo de aprendizagem ativa, em que a educação é centralizada no aluno, os dispositivos móveis se tornam grandes facilitadores

Por Gustavo Hoffmann, parceiro da Blackboard Brasil, pró-reitor da UNIPAC e diretor acadêmico e de EAD do Grupo Alis Educacional

Uma pesquisa recente da Unesco mostrou que 67% dos estudantes de países em desenvolvimento e emergentes que leem pelo celular consideram o aparelho conveniente para a leitura, porque o dispositivo está o tempo todo com o usuário. Afinal, a mobilidade, disponibilidade de WiFi e redes móveis nas instituições de ensino permitem o acesso a conteúdos de qualidade. Mas, muitas vezes, eles são os vilões do processo de ensino por causa do entretenimento com games, redes sociais e conteúdos irrelevantes para o contexto da aula exposta pelo professor. Como a maioria dos alunos do Ensino Superior são nativos digitais e estão sempre conectados, na sala de aula não é diferente – o celular acompanha o estudante em qualquer lugar, forçando os professores a se adaptar a essa realidade.

No modelo de sala de aula tradicional, o expositivo, a tecnologia é vista como o fim e não como o meio para alcançar um determinado objetivo. Muitas vezes, o professor expõe o conteúdo, e faz o papel de ‘sábio do palco’, e um mesmo ritmo de ensino é imposto para todos os alunos, que se tornam agentes passivos da aprendizagem. Muitas vezes, nesse tipo de aula, o celular concorre e ganha do professor na atenção do aluno, que pode checar informações em tempo real, acessar qualquer outro conteúdo mais atrativo, e, se a apresentação do professor não for interessante, o WhatsApp e as redes sociais serão. A maioria dos professores não gosta disso, pois os dispositivos móveis são como uma ameaça ao bom andamento da aula.

Já as metodologias ativas de aprendizagem exigem mais do aluno em sala de aula, pois ele não se torna apenas um ouvinte. A tecnologia media sua participação e os dispositivos móveis são indispensáveis por permitirem o acesso ao conteúdo e promoverem a interação entre alunos e professores. Na aplicação do processo de aprendizagem por pares, ou Peer Instruction, por exemplo, o uso dos dispositivos é parte do processo. A proposta das metodologias ativas faz com que o aluno se torne responsável pela busca e construção do conhecimento por meio de atividades que partem de um problema, e o conteúdo é a ferramenta utilizada para apoiar a solução. O acesso pode ser feito em qualquer hora e lugar, quantas vezes o aluno quiser ou precisar, por meio dos dispositivos móveis.

Nesse sentido, um ambiente virtual de aprendizagem é indispensável, pois ele ajudará a instituição a organizar o conteúdo e disponibilizá-lo no formato de vídeo-aulas, podcasts, textos, games e outros objetos que não apenas atraem esse novo aluno conectado, mas facilitam o processo de aprendizagem e respeitam o ritmo de cada indivíduo. Ou seja, a aula (acesso ao conteúdo) acontece fora da sala de aula e a lição de casa (resolução de problemas) na instituição, e por isso, o termo sala de aula invertida ou “Flipped Classroom”. É difícil desvincular esse modelo do uso dos dispositivos móveis.

Enquanto no modelo tradicional o uso do celular pode comprometer o processo de aprendizagem, em metodologias ativas o mobile é um grande aliado, quando bem aplicado. Com o apoio de um bom software de aprendizagem com integração para o mobile o aluno pode ter mais acesso conteúdo, dinâmica na interação com o professor e, por fim, o ambiente de aprendizagem criado se trona mais lúdico, com a inclusão de games educacionais ou outras ferramentas que podem transformar a experiência em sala de aula.

Por isso, as instituições devem ter em mente que a tecnologia é um facilitador para o engajamento do aluno, mas que deverá estar sustentado por toda metodologia pedagógica. Rever o atual modelo de ensino não é uma tarefa simples, porque é preciso romper barreiras e pensar em novas metodologias de ensino e aprendizagem, mas, é uma mudança que vale a pena.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Fique longe das estatísticas negativas

Bruno Caetano

Não está fácil para ninguém. Você já deve ter ouvido alguém falar isso ultimamente. Reflexo da crise econômica, que anda fazendo estragos grandes e não dá mostras de arrefecimento. Para quem tem um negócio, a situação não é nada tranquila. Nos sete primeiros meses do ano foram registradas 627 falências no Brasil, o patamar mais elevado para o período desde 2006. As micro e pequenas empresas ficaram com a nada honrosa liderança: 323 pedidos de falência diante de 174 das médias e 130 das grandes de janeiro a julho, segundo dados do Indicador Serasa Experian.

Em julho, o número de requerimentos de falência também foi recorde na comparação com igual mês desde 2006. Foram 135 casos. Isso representou ainda 28,6% a mais do que em junho, quando houve 105 pedidos. E lá estão as micro e pequenas empresas mais uma vez no topo da lista com 68 requerimentos em julho, ante 40 das grandes e 27 das médias.

O empreendedor que não quiser ver seu negócio virar estatística negativa tem de agir. O primeiro passo é cortar gastos. Eliminar excessos, repensar a logística, trocar materiais mais caros por mais baratos (mas sem comprometer o produto final, claro). 

O segundo passo é ter uma boa comunicação com a clientela. E o que comunicar? Que tal ações para atrair o consumidor e que o convençam a gastar? Estenda os prazos de financiamento. Se ele puder pagar em mais parcelas, a compra pesará menos no orçamento, que vem sendo corroído pela escalada da inflação.

Ofereça produtos de preços menores e competitivos, mas de qualidade semelhante ao que o cliente costumava levar. Faça promoções, uma por mês, por exemplo. Aumente a variedade de itens, assim há mais chances de agradar.

Faça parcerias com outros varejistas. Por que não ter vale-presente da sua loja na floricultura, livraria ou em outros pontos de circulação próximos? Parceria com fornecedores também é interessante, assim é possível ter algum item exclusivo e mais em conta. 

Prestigie quem é fiel. Pizzarias usam muito tal estratégia: dê vales aos consumidores que, após um número determinado de compras, recebem algo grátis. 

Tenha tudo na ponta do lápis. Veja quais os produtos com mais giro e controle o estoque para não faltar nem sobrar (mercadoria sem saída é prejuízo). Organize o ponto de venda para torná-lo mais atrativo para quem o vê.

Use sua criatividade, bom senso e esteja antenado aos hábitos de compra do seu público e ao movimento da concorrência. O importante é ter agilidade para se adaptar à conjuntura e sobreviver a mais essa má fase.

Bruno Caetano é diretor superintendente do Sebrae-SP

domingo, 23 de agosto de 2015

Acordo com Cunha é novo mensalão-PSDB-MG

PAULO MOREIRA LEITE

A indignação diante da generosidade exibida pelo PSDB em função da denúncia de que Eduardo Cunha recebeu uma propina de US$ 5 milhões não deve iludir ninguém. Apenas demonstra que, mesmo celebrada com trombetas quando ajuda a atacar o adversário, a ética é uma planta destinada a subordinar-se às necessidades da política. 

Creio que ninguém esqueceu o que se passou com o mensalão do PSDB-MG. Mais antigo do que o esquema de financiamento do PT, o esquema tucano começou a ser apurado mais tarde, permitindo que a impunidade geral dos acusados fosse garantida em duas etapas. Primeiro, os réus foram separados em dois grupos -- aqueles que tinham direito a foro privilegiado, e seriam, em tese, julgados pelo STF. O segundo grupo, formado por réus sem mandato, seria julgado numa vara de primeira instância da Justiça comum. Na segunda etapa, os réus com direito a foro puderam renunciar a seus cargos e, com autorização do STF, conseguiram que o caso fosse examinado em primeira instância. Até hoje, o julgamento sequer terminou -- a juíza encarregada até se aposentou, veja só. Ninguém recebeu sentença definitiva.

No julgamento dos réus do PT, o advogado Márcio Thomaz Bastos pediu que fosse feito o desmembramento, também. Perdeu por 9 votos a 2, no mesmo plenário que fizera a separação de acusados do PSDB.

Outro dia, o ministro Gilmar Mendes falou que era possível encontrar o DNA da Lava Jato no mensalão. Um membro do Ministério Público concordou.

Estão certos, mas pelo motivo errado. O DNA é a seletividade.

Estabeleceu-se, em 2012, a jurisprudência bem definida por mestre Jânio de Freitas: dois pesos, dois mensalões. 

Em 2015, PSDB e lideranças favoráveis ao impeachment querem aprovar o afastamento de Dilma Rousseff pelo mesmo caminho. Mas não podem dispensar os serviços de Eduardo Cunha, aliado fiel desde a campanha de 2014 -- foi até capaz de enfrentar Michel Temer na tentativa de levar o partido para uma aliança com Aécio Neves. As esperanças dos aliados de Cunha eram tão grandes que conseguiram plantar entre jornalistas amigos a informação, errada, de que apoio do partido a Dilma estava em risco.

O agravante é que não há prova de crime contra a presidente e, contra Eduardo Cunha, há razões para imaginar que os US$ 5 milhões sejam apenas o começo.

Apesar dos apelos indignados pela moralidade, a questão não será resolvida nesse terreno, mas pelos interesses da política.

A autoridade de Eduardo Cunha fica obviamente abalada pela denúncia, mas ele está longe de ser um moribundo. Possui uma bancada que lhe deve o financiamento e o respaldo político que lhe permitiu a aquisição de seus mandatos -- e este é um tipo de favor difícil de negar, sabemos todo.

Assegurando a Cunha todo oxigênio necessário à sobrevivência, a oposição revela a verdade sobre o projeto de impeachment: sem qualquer prova material, é um produto da baixíssima política.

O jornalista e escritor Paulo Moreira Leite é diretor do 247 em Brasília

O direito contra o impeachment

A defesa do impeachment como processo puramente político é falaciosa, pois a política não pode se realizar sem a legitimidade proporcionada pelo direito.

Fabio de Sá e Silva*


Ao longo das últimas semanas, vários analistas e veículos de mídia insistiram na ideia de que o impeachment é um processo puramente político, bastando que a oposição obtenha maioria nas casas do Congresso para que possa colocar em prática o projeto – ainda hoje alimentado – de derrubar Dilma, reeleita presidenta em outubro passado.

A tese ganhou especial força após as manifestações de domingo, dia 16 de agosto, em cuja cobertura a imprensa destacou: (i) a presença de considerável número de pessoas e (ii) a centralidade do pleito por impeachment (embora, não se deve ignorar, os eventos também foram marcados por diversas manifestações de ódio, fantasia, e em alguns casos cinismo, como no apoio a Eduardo Cunha, citado e denunciado na operação Lava Jato).

Para muitos, assim, o enredo estava dado. Com tanta gente pedindo a mesma coisa, convicções deveriam ser alteradas, lealdades – como a de Temer – deveriam ser subvertidas, e o processo finalmente poderia encontrar condições para deslanchar.

Para alguns desses, aliás, já há até script pronto: Cunha negaria os pedidos que repousam sobre sua mesa, mas, mediante recurso do PSDB, a maioria do plenário transformaria Dilma em ré por crime de responsabilidade, resultando, daí, seu afastamento das funções de presidente.

Os poucos que insistiram em perguntar sobre a existência de fundamento jurídico para o processo receberam respostas evasivas, como a de que “há juristas com opinião diferente”. Ao conhecido e criticado parecer de Ives Gandra, agregaram–se ainda duas peças igualmente criativas: parecer de Adilson Dallari, da PUC/SP e entrevista de Janaina Paschoal, da USP. Em meio a essas opiniões, sustentaram os demais, a questão do fundamento jurídico deve ser tida como secundária.

Essa posição, no entanto, é duplamente falaciosa.

Primeiro porque no direito, que não é uma ciência, muito menos exata, sempre haverá alguém com opinião divergente. A questão é de que modo os argumentos desse alguém dialogam com a memória jurídico–política de uma comunidade sobre a aquela matéria.

E esse conjunto dá razão inequívoca a quem sustenta que Dilma não pode ser processada por crime de responsabilidade – ao menos pelas razões que fundamentam os atuais pedidos de interrupção do mandato, a principal delas relacionada às ditas “pedaladas fiscais” e ao julgamento das contas da gestão passada de Dilma pelo TCU.

Isso porque as contas, como o próprio nome diz, são “de gestão passada”. E, segundo o disposto no art. 86, § 4º da Constituição:

Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.

(...)

§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.

O elemento chave, como se percebe, está na expressão “atos estranhos ao mandato”, que constitui o núcleo da limitação do § 4º.

O STF já teve a ocasião de se pronunciar sobre o alcance desse dispositivo. Isso se deu no âmbito do Inq. 672–DF, no qual Helio Bicudo noticiou crimes eleitorais (portanto, comuns), supostamente praticados por Collor em sua campanha para as eleições de 1989.

Relatando o caso, o Ministro Celso de Mello entendeu que o dispositivo mencionado dá imunidade temporária ao presidente, na vigência do mandato, quanto a persecuções penais por fatos praticados antes de sua investidura, permitindo apenas que prossigam investigações para, se for o caso, posterior ajuizamento da ação penal.

Trocando em miúdos, tem-se que os processos de responsabilização do presidente a que se refere o artigo 86 da CF só podem ocorrer por atos praticados no mandato em curso. Nas palavras do próprio Mello:

“Na hipótese de a suposta prática da infração penal comum, no entanto, preceder – como no caso dos autos – a investidura do agente no ofício presidencial (...), a responsabilização do Chefe de Estado dar-se-á (...) somente depois de findo o mandato”.

E embora o acórdão relatado por Mello se refira à responsabilização penal (os processos por crimes comuns, que correm perante o STF), como se trata de interpretar parágrafo que restringe todo o caput, é evidente que isso se estende à responsabilização político–administrativa objeto de impeachment (processos que correm perante o Senado, após aprovação da Câmara).

Óbvio que, para o cidadão comum, pode surgir dúvida sobre como interpretar esse dispositivo, uma vez introduzido no Brasil o instituto da reeleição. Afinal, tendo sido reeleita, Dilma não apenas prosseguiria exercendo o mesmo ofício?

Juridicamente, porém, a questão não deveria ensejar maiores debates. Como esclareceu o ex–Ministro Ayres Britto, em entrevista ao Correio Brasiliense:

“O cargo é o mesmo, mas os mandatos são dois. Duas eleições, duas diplomações. Duas posses, dois exercícios. Então, ela só reponde por crime de responsabilidade, ensejador do impeachment, se ela cometer um daqueles crimes arrolados pelo artigo 85 no atual mandato.”

Não é por acaso que, frente ao tema das pedaladas, mesmo um jurista orgânico do PSDB, como Miguel Reale Jr., recusou-se a fazer parecer sustentando a possibilidade de impeachment de Dilma.

Mas a defesa do impeachment como processo puramente político é também falaciosa por recusar que, em qualquer democracia madura, a política não pode se realizar sem a legitimidade que lhe é proporcionada pelo direito. E processos como o impeachment não escapam disso.

Exemplo instrutivo pode ser encontrado na experiência jurídico–constitucional dos EUA.

No caso Powell v. McCormack (1969), a Suprema Corte anulou processo no qual a Câmara dos Deputados procedeu à cassação (impeachment) do mandato do famoso ativista do Harlem, Adam Clayton Powell Jr. Entenderam os Juízes, na ocasião, que a exclusão se deu fora das hipóteses previstas pela Constituição do país.

E a própria história recente no Brasil traz lições similares a respeito. O processo de impeachment de Collor, por exemplo, foi marcado pela interposição do Mandado de Segurança n º 21.564–DF, que teve sentença parcialmente favorável para garantir ao ex–presidente o prazo de dez sessões para apresentar sua defesa, contra as apenas cinco concedidas inicialmente pela Câmara. Entendeu o STF, na ocasião, que a Câmara buscava conduzir erradamente o processo, com prejuízos ao contraditório e à ampla defesa, direitos constitucionais do ex–presidente.

Não obstante a oposição continue buscando meios para o impeachment, atos e manifestos em contrário, convergência editorial negativa dos grandes meios, críticas advindas do exterior, e a situação delicada em que se coloca agora o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, sugerem que esse desejo deva refluir nas próximas semanas.

Mas se isso não ocorrer – por conta de medidas diversionistas de Cunha ou oportunismo do PSDB e do DEM –, parece restar pouca dúvida de que, deduzido na forma como os principais advogados do impeachment o têm feito, qualquer movimento em direção ao impeachment está profundamente contaminado do ponto de vista jurídico.

Assim é que, se o processo for aberto, Dilma poderá e deverá buscar o amparo do STF. E assim é que, tal como fez a Suprema Corte americana em Powell v. McCormack, o Tribunal deverá ordenar a medida adequada para interromper o andamento do processo ou anular o seu resultado.

Isso sim, ao contrário do que dizem analistas que pedem impeachment a qualquer custo, é que sinalizará para a fortaleza das instituições brasileiras. Afinal, se há alguma razão de ser nas instituições é a contenção de ações políticas não condizentes com o direito e que, por isso mesmo, não podem representar senão outra forma de violência.

(*) PhD em direito, política e sociedade (Northeastern University)

sábado, 22 de agosto de 2015

O vácuo

Os manifestantes contra o governo sabem o que não querem – a Dilma, o Lula, o PT no poder –, mas ainda não pensaram bem no que querem.


Houve um tempo em que os cachorros corriam atrás dos carros. Era uma cena comum: vira-latas perseguindo carros, latindo, como se quisessem expulsar um intruso no seu meio. Às vezes viam-se bandos de cães indignados, perseguindo carros que passavam, e dava até para imaginar que um dia conseguiriam alcançar um, dos pequenos, pará-lo, cercá-lo e… E o quê? Comê-lo? Nunca ficou claro o que os cachorros fariam se alcançassem um carro. Era uma raiva sem planejamento. (Hoje, a cena de cachorros correndo atrás de carros é rara. Os cachorros modernizaram-se. Renderam-se ao domínio do automóvel. Ou convenceram-se do seu próprio ridículo).

Os manifestantes contra o governo sabem o que não querem – a Dilma, o Lula, o PT no poder –, mas ainda não pensaram bem no que querem. Se conseguirem derrubar o governo, que cada vez mais se parece com um Fusca indefeso sitiado por cães obsoletos, o que, exatamente, pretendem fazer com o vácuo? A política econômica atual é um sonho neoliberal. Seu oposto seria uma volta à política econômica pré-Levy? Dependendo de como for impedida a Dilma, o vácuo pode ser preenchido pela ascensão do vice-presidente (tudo bem), pelo eleito num novo pleito (seja o que Deus quiser) ou pelo Eduardo Cunha (bate na madeira). O que os manifestantes preferem? A raiva precisa de um mínimo de previsão.

Uma parte dos manifestantes não tem dúvida do que quer. Da primeira grande manifestação de 2013, passando pelas duas deste ano, o que mais cresceu e apareceu foi a linha Bolsonaro, que pede a volta da ditadura militar e lamenta, abertamente, que os militares não tenham matado a Dilma quando tiveram a oportunidade. Por sinal, o Fernando Henrique talvez se lembre que o Bolsonaro disse a mesma coisa a seu respeito. Mas, enfim, as guerras fazem estranhos aliados.

Sugiro a quem se preocupa com o momento nacional que faça um pouco de arqueologia histórica para manter as coisas em perspectiva. Procure na imprensa da época a reação causada pela marcha da família com Deus pela liberdade contra a ameaça comunista. Também foi uma manifestação enorme, impressionante. E foi o preâmbulo do golpe de 64, e dos 20 anos negros que se seguiram e hoje tanta gente quer ver de novo. Pode-se argumentar que os tempos eram outros, tão distantes que os cachorros de então ainda corriam atrás de carros, e a luta era outra. Mas o triste é que ainda é a mesma luta.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

A realidade e os sonhos

Por CdB em agosto 13, 2015

Por Fidel Castro – de Havana:

Escrever é uma forma de ser útil se você considerar que nossa sofrida humanidade deve ser mais e melhor educada diante da incrível ignorância que nos envolve a todos, à exceção dos pesquisadores que procuram nas ciências uma resposta satisfatória. É uma palavra que implica em poucas letras seu infinito conteúdo.

Nós todos em nossa juventude escutamos falar alguma vez de Einstein e, especialmente, após a explosão das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, que puseram fim à cruel guerra desatada entre Japão e os Estados Unidos. Quando aquelas bombas foram jogadas, depois da guerra deflagrada em decorrência do ataque à base dos Estados Unidos, em Pearl Harbor, o império japonês já estava vencido.

Os Estados Unidos, o país cujo território e indústrias permaneceram alheios à guerra, passou a ser o de maior riqueza e melhor armado da Terra, frente a um mundo destroçado, cheio de mortos, feridos e famintos. Juntas, a URSS e China tinham perdido mais de 50 milhões de vidas, além de uma enorme destruição material.

Quase todo o ouro do mundo foi parar nos cofres dos Estados Unidos. Hoje se calcula que a totalidade do ouro como reserva monetária dessa nação chega a 8.133,5 toneladas do referido metal. Apesar disso, espezinhando os compromissos subscritos em Bretton Woods, os Estados Unidos declararam, unilateralmente, que não fariam jus ao dever de respaldar a onça Troy com o valor em ouro de seu papel moeda.

Tal medida decretada por Nixon violava os compromissos contraídos pelo presidente Franklin Delano Roosevelt. Segundo um elevado número de especialistas nessa matéria, assim foram criadas as bases de uma crise que, entre outros desastres, ameaça golpear com força a economia desse modelo de país. Entretanto, os EUA devem a Cuba o montante das indenizações equivalentes a danos, que equivalem a muitos milhões de dólares, como já denunciou nosso país com argumentos e dados irrecusáveis, ao longo de suas intervenções nas Nações Unidas.

Como foi expresso claramente pelo Partido e o governo de Cuba, em um gesto de boa vontade e de paz entre todos os países deste hemisfério e do conjunto de povos que integram a família humana, e assim contribuir para garantir a sobrevivência de nossa espécie no modesto espaço que nos cabe no universo, nunca deixaremos de lutar pela paz e o bem-estar de todos os seres humanos, independentemente da cor da pele e do país de origem de cada habitante do planeta, bem como pelo direito pleno de todos a possuir ou não um credo religioso.

A igualdade de todos os cidadãos à saúde, à educação, ao trabalho, à alimentação, à segurança, à cultura, à ciência e ao bem-estar, quer dizer, os mesmos direitos que proclamamos quando iniciamos nossa luta mais os que emanem de nossos sonhos de justiça e igualdade para os habitantes de nosso mundo, é o que desejo para todos; aos que por comungarem em tudo ou em parte com as mesmas ideias, ou muito superiores, mas no mesmo rumo, agradeço imensamente, queridos compatriotas.

Fidel Castro Ruz é advogado, membro do Partido Comunista Cubano.
Artigo publicado, originariamente, no diário cubano Granma.

15 Direitos que o consumidor pensa ter, mas não tem

O Brasil tem a melhor lei de direito do consumidor do mundo, algo invejável. Mas será que isso faz do cliente alguém com direitos ilimitados?

Roberta Romão em Consumidor Moderno UOL

Verdadeiro ou falso: o cliente tem sempre a razão. Se você respondeu falso, acertou. Isso porque existem alguns direitos que as pessoas pensam ter, mas que, na verdade, nunca nem se quer existiram. Por isso o Consumidor Moderno decidiu pesquisar sobre alguns desses supostos direitos. Confira abaixo 15 direitos que não te pertencem.

1. As trocas de produtos não são válidas para qualquer situação, mas somente quando o produto apresentar defeito. Por isso, quando for comprar algum presente é bom já negociar com a loja a possível troca, uma vez que o presenteado pode querer trocar o tamanho, a cor etc.;

2. As trocas de produtos com defeito não são imediatas como se pensa. O lojista é amparado pelo Código do Consumidor, que estabelece um prazo de 30 dias para que o produto seja reparado. Caso ultrapasse esse prazo e o acordo não seja cumprido ou se o produto continuar defeituoso, aí sim é possível trocar por um produto novo ou pedir a devolução do dinheiro. Algumas lojas estipulam o seu próprio prazo - 15, 10 dias ou até mesmo uma semana e outras repõem o produto ou devolvem o dinheiro instantaneamente - mas isso é política da própria loja;

3. Há um prazo para o arrependimento da compra, que normalmente é de sete dias, mas vale somente para compras feitas fora do estabelecimento - internet ou pelo telefone, por exemplo. Nos casos em que não é possível ver o produto de perto no momento da compra;

4. O comércio não é obrigado a aceitar cheque ou cartão, mas o estabelecimento deve deixar essa informação em um local onde o cliente tenha acesso - cartaz ou placa de aviso, por exemplo;

5. Os produtos comprados de pessoa física não têm as garantias do Código de Defesa do Consumidor. A caracterização de consumo só existe entre o consumidor e uma pessoa jurídica. Esses são casos difíceis de solucionar se não houver um entendimento e acerto entre as partes;

6. Quando há uma cobrança indevida e o consumidor tem direito a receber em dobro, esse valor corresponde ao dobro somente do que foi cobrado a mais e não do valor total do produto, como muitas pessoas pensam e como é difundido;

7. Nos produtos com mais de um preço, deve vigorar o menor. Mas, isso pode variar. Se houve falha na exposição, o consumidor pode não ter direito de exigir. Por exemplo, um celular de R$ 1.000 por R$ 10. Nesse caso, não houve má fé, que é quando o lojista tenta atrair o cliente utilizando artifícios do tipo;

8. As dívidas antigas não expiram, como se pensa. Elas podem ficar no cadastro de inadimplentes por cinco anos e sair, mas pode ainda ser cobrada normalmente;

9. Os planos de saúde só devem oferecer o que consta na cobertura do contrato, nada mais nada menos. É preciso ver a cobertura do contrato e o rol de procedimentos obrigatórios fixado pela Agência Nacional de Saúde;

10. Em caso algum problema com o seu carro, o procedimento correto é acionar a seguradora que seguirá os procedimentos. Não adianta chamar um guincho para tomar as primeiras providências, isso pode atrapalhar o processo com a seguradora;

11. Caso seu eletrodoméstico queime devido à oscilação de energia em caso de temporais, você não pode mandar consertá-lo e depois apresentar a conta para a empresa de energia. Para ter o seu direito garantido é preciso que fazer orçamentos, mais de dois, apresentá-los à empresa e aguardar a aprovação para depois formalizar o pedido de ressarcimento;

12. Apesar de parecer ofensivo quando um comerciante pede a identidade para finalizar a compra, isso é legal. Para evitar fraudes, é direito do comerciante pedir um documento pessoal em compras feitas no cartão de crédito ou de débito;

13. Se você comprou um produto com preço promocional e que apresentou algum defeito, você poderá trocá-lo pelo mesmo valor que a loja recebeu e não pelo custo cheio que o produto tinha anteriormente;

14. Os bancos podem cancelar ou diminuir o limite do cheque especial sempre devendo comunicar prévia e expressamente essa decisão ao correntista. Isso porque o valor colocado à disposição do cliente é um contrato de empréstimo e fica a critério do banco escolher o valor oferecido;

15. Bares e casas noturnas podem cobrar o couvert artístico desde que realmente haja alguma manifestação artística no local e o estabelecimento informe previamente sobre a cobrança e seu respectivo valor.

* Com informações dos portais Estadão e Economia.terra.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

O persistente bullying midiático sobre o PT

Leonardo Boff,

Há um fato inegável que após a reeleição da presidenta Dilma em 2014 irrompeu muita raiva e até ódio contra o PT e o atual governo. Atesta-o um ex-ministro do partido da oposição, do PSDB, Bresser Pereira, com estas contundentes palavras:

“Surgiu um fenômeno que eu nunca tinha visto no Brasil. De repente, vi um ódio coletivo da classe alta, dos ricos, contra um partido e uma presidente. Não era preocupação ou medo. Era ódio. Esse ódio decorreu do fato de se ter um governo, pela primeira vez, que é de centro-esquerda e que se conservou de esquerda. Fez compromissos, mas não se entregou. Continua defendendo os pobres contra os ricos. O ódio decorre do fato de que o governo revelou uma preferência forte e clara pelos trabalhadores e pelos pobres”(FSP 01/03/2015).

Este ódio foi insuflado fortemente pela imprensa comercial do Rio e de São Paulo, por um canal de TV de alcance nacional e especialmente por uma revista semanal que não costuma primar pela moral jornalística e, não raro, trabalha diretamente com a falsificação e a mentira. Esse ódio invadiu as mídias sociais e ganhou também as ruas. Tal atmosfera envenena perigosamente as relações sociais a ponto de que já se ouvem vozes que clamam pela volta dos militares, por um golpe ou por um impeachment.

Tal fato deve ser lamentado por revelar a baixa intensidade do tipo de democracia que temos. Sobretudo deve ser interpretado. Nem chorar nem rir, mas tentar entender.Talvez as palavras do ex-presidente Lula sejam esclarecedoras:

"Eles (as classes dirigentes conservadoras) não conseguem suportar o fato de que, em 12 anos, um presidente que tem apenas o diploma primário colocou mais estudantes na universidades do que eles em um século. Que esse presidente colocou três vezes e meia mais estudantes em escolas técnicas do que eles em 100 anos. Que levou energia elétrica de graça para 15 milhões de pessoas. Que não deixou eles privatizarem o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e os bancos do Espírito Santo, de Santa Catarina e do Piauí. Que nos últimos 12 anos nós bancarizamos 70 milhões de pessoas, gente que entrou numa agência bancária pela primeira vez sem ser para pagar uma conta. Acho que isso explica o ódio e a mentira dessas pessoas. Pobre ir de avião começa a incomodar; fazer faculdade começa incomodar; tudo que é conquista social incomoda uma elite perversa”(discurso no sindicato dos bancários do ABC no dia 24 de julho de 2015: Jornal do Brasil online de 25/07/2015).

Posso imaginar a enorme dificuldade que possuem as classes proprietárias com seus poderosos meios de comunicação de aceitar a profunda transformação que surgiu no país com o advento do PT, vindo de baixo, do seio daqueles que sempre estiveram à margem e aos quais se negaram direitos e plena cidadania. Como escreveu acertadamente o economista Ladislau Dowbor da PUC de São Paulo:

”Eles querem a volta ao passado, a restrição das políticas sociais, a redução das políticas públicas, o travamento da subida da base da pirâmide que os assusta”. E acrescenta: “A máquina administrativa herdada foi feita para administrar privilégios, não para prestar serviços. E os privilegiados a querem de volta”(Carta Maior, 22/09/2015).

Efetivamente, o que ocorreu não foi uma simples troca de poder mas a constituição de uma outra base de poder, popular e republicana que deu centralidade ao social, fazendo com que o estado, bem ou mal, prestasse serviços públicos, incluindo cerca de 40 milhões de pessoas, fato de magnitude histórica.

Para entender o fenômeno do ódio social socorrrem-nos analistas da violência na história. Recorro especialmente ao pensador francês René Girarad(*1923). Segundo ele, quando na sociedade se acirram os conflitos, o opositor principal consegue convencer os demais de que o culpado é tal e tal pessoa ou partido. Todos então se voltam contra ele, fazem-no de bode expiatório sobre o qual colocam todas as culpas e corrupções (cf. Le bouc émissaire, 1982). Assim desviam o olhar sobre suas próprias corrupções e, aliviados, continuam corrompendo e sendo corrompidos.

Ou pode-se atribuir aos acusadores aquilo que o grande jurista e politólogo alemão Karl Schmitt (+1986) aplicava a todo um povo. Este para “garantir sua identidade tem que identificar um inimigo e desqualificá-lo com todo tipo de preconceito e difamação” (cf.O conceito do político,2003). Ora, esse processo está sendo sistematicamente feito contra o PT, um verdadeiro bullying coletivo. Com isso procura-se invalidar as conquistas populares alcançadas e reconduzir ao poder aqueles que historicamente sempre estigmatizaram o povo como jeca-tatu e ralé e ocuparam os aparelhos de estado para deles se beneficiar.

Distorce minha intenção quem pensar que com o que escrevi acima estou defendendo os que do PT se corromperam. Devem ser julgados e condenados e, por mim, expulsos do partido.

O avanço do povo através do PT é precioso demais para que seja anulado. As conquistas devem continuar e se consolidar. Para isso é urgente desmascarar os interesses anti-populares, frear o avanço dos conservadores que não respeitam a democracia e que almejam a volta ao poder mediante algum tipo de golpe.

* Leonardo Boff é colunista do JB online e escreveu: A grande transformação:na política, na economia e na ecologia, Vozes 2014.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Mais de 25% dos pais gostaria de deixar de trabalhar para cuidar dos filhos, diz pesquisa da Catho

Uma pesquisa realizada pela Catho em homenagem ao dia dos Pais, data comemorada no próximo domingo (9), mostrou que aproximadamente 25% dos homens com filhos gostariam de deixar de trabalhar para poder cuidar das crianças. Apesar de esse ainda ser um desejo mais comum entre mães, os dados indicam que essa começa a ser uma questão importante também para um percentual considerável de pais brasileiros.

A pesquisa mostra ainda que 13,2% dos pais já deixaram o mercado de trabalho em algum momento para cuidar dos filhos. Dentre esses homens, mais da metade disse ter se afastado do trabalho entre um e dois anos.

“Estamos acompanhando um movimento cada vez maior de equiparação entre homens e mulheres. Dentro desse novo contexto, passa a ser mais comum que o homem também tenha o anseio de se dedicar integralmente aos filhos por um período, algo que antes só era visto por parte da mulher”, afirma Murilo Cavellucci, diretor de gente e gestão da Catho.



No que diz respeito à tarefa de equilibrar o dia a dia profissional com a dedicação ao lar, 57,4% dos pais entrevistados pela Catho disseram sentir que não passam tempo suficiente com a família. De acordo com o diretor da Catho, esse também é um dado que indica um novo papel percebido pelo homem no cotidiano e que, em alguma medida, o faz sentir mais falta do convívio com os filhos.

Quando perguntados sobre o que mais sentem falta na correria do dia a dia, 31,3% dos pais indicaram os passeios em família. Estar presente em momentos importantes e brincar com os filhos vieram em segundo e terceiro lugar, respectivamente, tendo sido o principal aspecto mencionado por 25,4% e 20,9% dos pais entrevistados pela Catho, nessa ordem. 


A Pesquisa da Catho de Dia dos Pais entrevistou aproximadamente 100 homens de diferentes regiões do Brasil. A maioria tem entre 36 e 45 anos.

domingo, 9 de agosto de 2015

A língua portuguesa e o século XXI

* Por Juca Ferreira

Convoquemos a todos para a montagem de um estratégia planetária para a língua portuguesa

O século XXI começou desafiando a todos nós falantes da língua portuguesa. Está a nos exigir um protagonismo de grandes proporções. Hoje, há uma expressiva presença de nosso idioma em todos os continentes, presença que não para de crescer e tomar maiores dimensões planetárias.

Compomos um universo de falantes que supera o de línguas muito mais tradicionais no mundo da cultura e dos negócios. Somos mais falados do que o italiano e o alemão. O francês nos supera apenas quanto ao número de falantes não nativos. Juntos, estamos entre as cinco maiores economias do planeta.

A nossa língua está a nos exigir uma afirmação global, a nos cobrar uma responsabilidade para com ela. Impressiona-me que não tenhamos uma política comum a todos os países que falam o português. Quem há de negar que precisamos definir uma grande estratégia cultural de presença no mundo que abranja todo o nosso território linguístico?

Quem há de subestimar a importância da língua? É grande a sua dimensão social, política, econômica e geopolítica. Ela é muito mais que uma ferramenta de comunicação. Nela, não estão armazenados apenas conhecimentos e informações. A língua é a cultura que ela produz. É ela quem nos dá os sentidos. É o universo desenhado por ela que nos referencia e nos singulariza. A língua gera coesão, nos fortalece no mundo globalizado, “é a casa onde a gente mora”. Nela, se deposita know how, tecnologia. Língua também é economia.

Não subestimemos o assunto. Ele é sério. Estamos diante de uma questão de afirmação da qual não podemos nos furtar. Por meio de nossa cultura podemos afirmar uma visão de mundo, um modo de vida, projetos de civilização fundados em estratégias generosas e abrangentes. Estou convencido de que podemos ser portadores de uma mensagem planetária singular.

No mundo globalizado em que vivemos, nunca houve tantas trocas de ideias, de discurso, de palavras, entre todos os falantes de língua portuguesa – nunca houve tanto conhecimento e reconhecimento mútuo.

O português de Portugal, o português que emerge nos países africanos e a língua que é falada no Brasil formam um só idioma. Não tenho dúvidas que uma ortografia comum, como parte de uma maior interação cultural, nos dará a grandeza e dimensão que nossos artistas e escritores projetam.

É claro que precisamos de uma ortografia uniformizada. É insensato não crer na necessidade de um acordo ortográfico. Possíveis erros de condução não diminuem sua importância, e o que representa para o fortalecimento da língua no contexto global. A diversidade e a riqueza de um português que floresce em vários cantos do planeta, e que a enriquece, sem uma escrita comum podem vir a comprometer a sua unidade.

Precisamos dar novos passos para a consolidação de uma comunidade de língua portuguesa, compartilhar nosso universo cultural num grau e proporção ainda não experimentado. Precisamos fortalecer ações de colaboração e integração mútua rumo a uma maior projeção global.

Convoquemos a todos para a montagem de um estratégia planetária para a língua portuguesa. Convoquemos aqueles que com ela criam, tendo-a como matéria prima, aqueles que a mantém viva, que a recriam diariamente e que expressam seus falares.

Convoquemos os poetas, os escritores, os artistas, os jornalistas, os cronistas, os tradutores, os editores, os professores, os filólogos, os intelectuais, os sociolinguistas, os midialivristras, os críticos literários e, também, os normatizadores. Precisamos de todos, inclusive dos estados nacionais.

Pensemos a língua em suas várias dimensões. Consolidemos um universo cultural comum, não apenas em suas expressões literárias e poéticas, mas também na música, no teatro, no cinema, no pensamento; e em suas inserções na internet, no rádio, no jornalismo, na TV, etc. etc. Pensemos globalmente.

Não podemos, enfim, simplificar o assunto, reduzindo-o a uma questão puramente técnica. Não podemos desconectar a uniformização da ortografia de um contexto cultural mais amplo que diga respeito toda a comunidade lusófona.

* Artigo publicado em diversos jornais do Brasil e de países de língua portuguesa

Ponto positivo para eles

Mulheres enxergam como qualidade pais solteiros que se preocupam com educação e cuidam dos filhos

Helena Mata

Pais solteiros prestativos atraem mulheres que buscam relacionamento sério. É o que conta Sheila Rigler, proprietária da agência de casamentos Par Ideal, primeira assessoria em relações humanas e agência matrimonial de Curitiba (PR). Inaugurada em 1995, a agência que já uniu 1985 casais, auxilia pessoas que desejam conhecer alguém especial para um compromisso duradouro.

“Hoje os pais estão mais participativos e presentes na educação dos filhos. E isso é um ponto positivo para aqueles que estão buscando uma companheira. As mulheres não gostam daquele homem que coloca no questionário inicial que nunca vê os filhos, que não quer mais saber deles. Isso preocupa as mulheres. Elas questionam se tem algo de errado no homem. Então a mulher aceita e acha bacana o homem que se preocupa com os filhos. Mulheres enxergam isso como qualidade”, explica Sheila.

Ela conta que as mulheres costumam aceitar mais os homens com filhos de relacionamentos anteriores do que o contrário. “Além disso, quando um casal se separa, os pais estão fazendo mais questão da guarda compartilhada. Muitos até querem ficar com os filhos, e as mulheres não acham ruim a ideia”, complementa Sheila.

O marido da advogada Adriana Portugal, 33 anos, tem um filho de um relacionamento anterior. Ela conta que aceitou bem a situação, mas teve certas dificuldades: “Era estranho no começo, pois eu não sabia como agir. Além disso, tive que me adaptar em dividir o tempo que tinha com ele junto do filho”, conta Adriana.

“Já perguntei ao meu marido se fosse o contrário, como ele agiria. Respondeu que se ele ainda não fosse pai, provavelmente não entenderia a situação e não teria paciência para acolher meu filho. Mas hoje, como já tem um filho, aceitaria”, destaca a advogada.

sábado, 8 de agosto de 2015

A boa imagem na recolocação profissional

Nara Lyon

A crise tem acirrado a disputa por uma vaga no mercado e exigido dos candidatos muito mais que uma boa formação

Seja por causa da crise ou não, chega um momento na vida de muitos profissionais que é necessário a busca por uma recolocação profissional. Neste momento crucial, é preciso deixar o excesso de orgulho de lado e encarar a realidade de que não basta ter boas formações e um histórico profissional muito bom, é necessário saber convencer que, de fato, tudo isso poderá fazer diferença em uma nova empresa.

O desemprego ou o simples desejo de uma mudança na carreira, para muitas pessoas, pode vir junto com sentimentos confusos como insegurança, medo, solidão, desespero, ansiedade, fracasso, entre diversos outros, que, se não forem controlados, poderão ser os vilões que impedirão o sucesso desejado na nova empreitada. Pois, se não forem tradados e enfrentados interiormente estarão estampados nas expressões faciais e corporais, demonstrando que são maiores do que a capacidade e o desejo de vencer e superar desafios.

O pior é que a pressão da situação também pode levar muitas pessoas a esquecerem da própria imagem. De nada adianta um currículo high tech ou recheado de atividades, adjetivos e qualidades, se o dono deste histórico brilhante não tem uma imagem vencedora. Suas roupas são ultrapassadas e fora de moda, sem nenhum estilo, e suas vestimentas completamente inadequadas para os novos desafios que podem surgir.

É importante ficar alerta, pois a concorrência é grande e alguém com um currículo menor pode se destacar mais que uma pessoa bem formada, simplesmente por saber valorizar-se melhor. Por isso, atenção, na busca por uma ascensão na área profissional é necessário investir na aparência. As companhias querem promover ou contratar profissionais que representem a sua imagem ou filosofia, pessoas que realmente tenham um perfil que se associe a uma marca.

Essas empresas estão tão preocupadas com isso, que constantemente investem em treinamento eworkshops que instruam um comportamento assertivo de seus funcionários quanto à aparência. Mesmo assim, na hora de contratar novos profissionais, eles optarão por aqueles que estejam o mais próximo possível daquilo que consideram ideal: histórico que se enquadre a vaga, comportamento e imagem que represente a marca.

O bom profissional não perde tempo, se atualiza, aprende, busca consultoria e cursos que ensinem a imagem ideal para ser bem sucedido na carreira. É necessário esforço e coragem para sair do casulo e alçar vôos mais altos. Não basta ser, é necessário parecer.

Artigo de: Nara Lyon
Consultora de Imagem e Carreira pela FIDM (Fashion Institute of Design & Merchandising de New York) e membro pela AICI (Association of Image Consultants International).

Porque comprar dos pequenos negócios

Bruno Caetano

Fundamentais na economia, os pequenos negócios mantidos pelos empreendedores são a forma mais eficiente de se iniciar o processo de fixação da riqueza local em todos os segmentos econômicos.

Além de buscar capacitação para administrar o próprio negócio, o empresário precisa contar com ambiente favorável para progredir. Por isso, incentivar o fortalecimento desses empreendimentos para que possam gerar mais empregos é um desafio constante.

Na atual crise que o País atravessa, precisamos mudar a nossa forma de agir como consumidores, tendo mais responsabilidade com as nossas compras, apoiando ainda mais a economia local e o dono de um pequeno negócio.

São inúmeras as vantagens de se relacionar com pequenos negócios locais. Há um significado especial quando se trata do dia a dia de uma pequena cidade ou de um bairro. O contato com as empresas locais fortalece as relações entre vizinhos, tornando-os centros receptivos e disseminadores de informações, lugares para se reunir e conversar.

Outra vantagem é que proprietário e consumidor se conhecem. Além da confiança e atenção pessoal oferecidas pela empresa de pequeno porte serem diferenciais significativos, há ainda uma série de conveniências que são impensáveis em alguns negócios grandes, como por exemplo conforto e proximidade, serviços mais personalizados e formas exclusivas de negociar. O pequeno comércio se ajusta de forma mais rápida ao consumidor quando o assunto é preço, trazendo produtos mais adequados ao que se pode pagar.

Na crise econômica, compre das empresas locais e fortaleça sua cidade, região ou bairro. Isso garante que o dinheiro investido em lojas locais continue a circular, contribuindo de forma imediata para a prosperidade da região.

Há pesquisas mostrando que o dinheiro gasto em lojas locais circula três vezes na região antes de desaparecer no conjunto da economia. E esse benefício é redistribuído para indivíduos e famílias nas proximidades. Isso faz muita diferença para trabalhadores que tiveram o primeiro emprego em um pequeno negócio e para milhões de brasileiros que sustentam suas famílias a partir do trabalho em uma pequena empresa.

Promover ações que beneficiem o surgimento e a expansão dos pequenos negócios é uma estratégia de sucesso para a geração de mais empregos, aumento da formalidade, atração de investimentos sustentáveis e fortalecimento da economia local e também um incentivo à cidadania.

Bruno Caetano
Diretor-superintendente do Sebrae-SP

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Inverno: um aliado para a perda de peso e medidas

Rosangela Nishijima

Diferentemente do que se costuma imaginar, o inverno é a estação do ano mais propícia para a perda de peso e de medidas. Isso porque a aceleração metabólica do organismo provocada pelo clima mais frio facilita tanto a queima de calorias quanto a definição muscular. No entanto, como não existem milagres na estética, nunca é demais advertir: o facilitador climático só ajudará de verdade aquelas pessoas que adotarem uma postura disciplinada e responsável em relação ao seu objetivo. 

Neste ponto, se o leitor ou leitora for um observador (a) atento certamente já estará se perguntando: se o inverno favorece a perda de peso, por que, então, as pessoas geralmente engordam nessa época do ano? A resposta é simples: porque o clima mais friozinho nos impulsiona – e na maioria das vezes nos convence – a adotar hábitos menos saudáveis em comparação aos períodos mais quentes. 

Para ser breve, vou citar apenas duas das principais mudanças de hábito determinantes neste sentido. A primeira delas é o ato de ficar mais tempo do que o normal debaixo das cobertas e sem fazer nada (quem nunca?). E a segunda é a tendência natural de comermos mais pratos quentes e com mais calorias do que o normal. Comendo mais que o necessário e praticando menos atividades físicas, não poderíamos esperar outro resultado que não fosse o aumento das reservas de gordura em nosso corpo. Essas novas gordurinhas geralmente ficam bem escondidas debaixo das roupas largas típicas do inverno e, quando percebemos, elas já se avolumaram além da conta... 

Desta forma, não adianta esperar que o metabolismo faça algum “milagre” se não conseguimos resistir às tentações e armadilhas da estação fria. Por outro lado, se temos consciência dessa ‘fraqueza’ tão comum para a maioria das pessoas, podemos começar a pensar em estratégias para mudar nossos hábitos prejudiciais e usar o frio a nosso favor. Por exemplo, a simples conduta de manter no inverno os mesmos hábitos das estações mais quentes já seria suficiente para notarmos algumas diferenças no nosso corpo. Pode não ser tão fácil, mas valerá a pena. 

No entanto, se quisermos realmente usar todo o potencial do inverno para reduzir medidas, é recomendado incluir outras ações no nosso cotidiano, entre as quais: aumentar a frequência de exercícios físicos bem orientados, seguir à risca uma boa dieta e beber bastante água. Seguindo com disciplina as dicas acima mencionadas, com certeza, qualquer tratamento estético que envolva perda de peso e de medidas trará resultados muito mais surpreendentes. Estaremos, desta forma, fazendo nossa parte enquanto o profissional de estética fará a dele. Para lhe ajudar na motivação, lembre-se que os ‘sacrifícios’ feitos no inverno serão recompensados com um belo corpinho no verão!

CAFEZINHO: CUNHA FAZ REUNIÃO (SECRETA?) NA GLOBO


Miguel do Rosário, de O Cafezinho, relata que recebeu a informação de que Eduardo Cunha (PMDB), presidente da Câmara dos Deputados, esteve ontem na sede da Rede Globo, no Rio de Janeiro, para reunião a portas fechadas; "Tá me cheirando a conspiração pra golpe. Em 1964, foi a mesma coisa. Sem se preocupar muito, os golpistas faziam reuniões em salas do Estadão, em São Paulo. Deve ter havido reuniões também na Globo, no Rio, entre Lacerda e Roberto Marinho. A história se repete", alerta

4 DE AGOSTO DE 2015 ÀS 19:36

Miguel do Rosário, de O Cafezinho- Um amigo me disse ontem que o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, veio à sede da Rede Globo, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro, nesta segunda-feira 03, para reunião a portas fechadas.

A informação veio de pessoa de dentro da Globo.

Estranho, né?

Tá me cheirando a conspiração pra golpe.

Em 1964, foi a mesma coisa.

Sem se preocupar muito, os golpistas faziam reuniões em salas do Estadão, em São Paulo. Deve ter havido reuniões também na Globo, no Rio, entre Lacerda e Roberto Marinho.

A história se repete, e não necessariamente como farsa - aliás sempre achei idiota essa frase de Marx, sobretudo se a tirarmos do contexto do artigo ("18 de Brumário de Luis Bonaparte") e tentarmos transformá-la em alguma espécie de lei política.

A tragédia às vezes se repete como tragédia mesmo.

Ou não.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Contratar um Personal Organizer é sinônimo de qualidade de vida

Caroline Lima, da Vera Sousa Comunicação

Profissional é responsável pela organização de espaço, oferecendo tempo e conforto ao contratante 

Devido uma rotina de trabalho agitada e cada vez mais estressante, é normal o brasileiro não ter tempo para se preocupar com tarefas domésticas.

Com isso, tornou-se cada vez mais comum a figura do Personal Organizer. Este profissional gerencia a bagunça, promovendo conforto e beleza ao seu espaço, seja ele de trabalho ou sua casa, além proporcionar praticidade.

Desorganização é o primeiro sintoma de que o seu ambiente precisa desses serviços, pois, a organização garante uma circulação eficiente, libera espaços e promove uma vida mais prática e confortável.

Com um perfil que prima pela organização, harmonia e qualidade de vida, Helo Henne, formada pela Pela Oz Organize - principal em seu seguimento e afiliada da National Association of Professional Organizers (NAPO) - é referência no assunto e oferece dicas valiosas para uma verdadeira organização de espaço.

Pesquisas comprovam que as pessoas organizadas são promovidas com mais frequência do que as que vivem em meio à bagunça. “É simples: quanto mais organizado for o seu ambiente, mais produtivo você será. Você ganha qualidade de vida na medida em que não perde tempo procurando cada pertence”, conta Helo.

A contratação de um organizador profissional é cada vez mais frequente e a área tem crescido bastante. Com a ajuda certa e utilizando as técnicas de organização é possível até triplicar espaços, além de otimizar tempo e proporcionar qualidade de vida.