terça-feira, 29 de maio de 2012

Encontro entre Gilmar Mendes e Lula aumenta chances de Veja ser convocada à CPMI

28/5/2012 11:38, Por Redação - de Brasília


Jobim e Gilmar Mendes dizem estar trabalhando em um projeto comum

Ao publicar matéria neste fim de semana sobre um encontro entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) GilmarMendes, ocorrido há um mês, nesta capital, no escritório do ex-ministro da Defesa no governo Lula e ex-integrante do STF Nelson Jobim, na qual Mendes acusa Lula de pressioná-lo a adiar o julgamento do processo conhecido como ‘mensalão’, em troca de não revelar supostas provas de envolvimento entre o ministro da mais alta Corte de Justiça do país e o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), personagem central da Comissão Parlamentar Mista de Investigação (CPMI) por suas ligações com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, oCarlinhos Cachoeira, a revista Veja está mais perto de uma convocação para falar aos parlamentares.

Após a entrevista de Mendes, cresce o número de contradições sobre os fatos. Traduzidos ao pé da letra, os acontecimentos significariam uma tentativa de chantagem por parte de um ex-presidente da República contra o integrante do STF ou, sob outro ângulo, trata-se de uma notícia fabricada para desviar o foco sobre o escândalo que abala os partidos da direita, como DEM e PSDB, por suas ligações com o esquema criminoso do bicheiroCachoeira, e desacreditar a tese do presidente Lula quanto à inexistência do esquema conhecido como ‘mensalão’, uma espécie de mesada do governo aos parlamentares da base aliada para que votassem com o governo. Esta última possibilidade ganhou corpo junto a parlamentares da CPMI, que buscarão convocar não apenas os representantes legais da revista, quanto seus editores, para uma série de explicações.

A maior suspeita que, no momento, recai sobre Veja e Gilmar Mendes, é a de conluio para atentar contra os trabalhos da CPMI; além de ofuscar as investigações sobre a que distância chegam os tentáculos do crime organizado nas três esferas do poder democrático. O número de imprecisões na matéria colabora para que o pedido de convocação seja aprovado nas próximas reuniões da comissão. Ao contrário do que afirma Gilmar Mendes à Veja, fonte ouvida pelo Correio do Brasil afirma que não partiu do ex-presidente Lula o convite para o encontro, fato posteriormente confirmado por Jobim que negou, ainda, a existência de qualquer diálogo entre Lula e o ministro do STF sobre o ‘mensalão’.

Para o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), um dos parlamentares que mais atua pela investigação dos fatos listados na CPMI do Cachoeira, por sua experiência como delegado federal, o momento é perfeito para a convocação de Roberto Civita, dona da Editora Abril e proprietário do título de Veja, além de editores e demais jornalistas envolvidos com o caso Cachoeira. Está claro, segundo afirmou o parlamentar, em entrevista exclusiva ao CdB, que a revista é parte integrante de um esquema que visa blindar determinadas autoridades envolvidas na rede criminosa do bicheiro e, na outra ponta, criar uma insegurança jurídica para o julgamento do ‘mensalão’, no STF.

– Creio que a convocação dos representantes da revista, após essa notícia, é mais do que necessária. Não é a primeira vez que percebemos o intuito da publicação, de tentar influir nos trabalhos da CPMI e, ao mesmo tempo, criar uma insegurança jurídica junto ao STF, para o julgamento do processo conhecido como ‘mensalão’. Cada vez mais esse veículo de imprensa tenta desestabilizar os trabalhos dos parlamentares e, agora, ao envolver um integrante da Suprema Corte em um fato obscuro como foi esse encontro no escritório de um ex-ministro, ao qual o ex-presidente Lula, ao que tudo indica, esteve presente, é preciso pedir esclarecimentos para o público, para que as pessoas tenham acesso à realidade dos fatos – afirmou o deputado, delegado Protógenes.

A insegurança jurídica causada pela atuação da revista no tocante ao processo do ‘mensalão’, segundo o parlamentar, é evidente.

– Essa notícia, que envolve um integrante do STF, tem o claro objetivo de fomentar o conflito entre os poderes e atormentar justamente aqueles que irão julgar o processo. É preciso um questionamento sobre a linha ética dessa publicação – afirmou Protógenes.

‘Pego na mentira’

Para o desembargador Wálter Fanganiello Maierovitch, jurista e membro das academias Paulista de História e Paulista de Letras Jurídicas, em artigo publicado nesta segunda-feira em uma página, na internet, não é a primeira vez que o ministro do STF se vê envolvido em questões pouco ortodoxas para um integrante da Suprema Corte de Justiça do país.

“O ministro Gilmar Mendes já foi pego na mentira. Isto quando sustentou o ‘grampeamento’ de conversas telefônicas com o senador Demóstenes Torres, seu grande amigo. Para a Polícia Federal, por meio de perícias, não houve interceptações e gravações de conversas. Na perícia realizada, não atuaram os peritos Ricardo Molina e nem Badan Palhares. À época, Gilmar Mendes, que estava na Presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), saiu atirando pela mídia. Disse que chamaria o presidente Lula às falas. Por suspeitar da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Gilmar Mendes exigiu a saída imediata do seu diretor-geral, que era o íntegro delegado Paulo Lacerda, de relevantes serviços ao país, em especial quando dirigiu a Polícia Federal. A propósito, Lula, vergonhosamente, entregou a cabeça de Lacerda e o ofertou um asilo na embaixada do Brasil em Lisboa”, afirmou, no texto.

Maierovitch lembra que, para dar sustentação à afirmação de Gilmar Mendes, entraram em cena Demóstenes Torres – que confirmou o diálogo com Gilmar Mendes e o teor de uma gravação transcrita pela revista Veja –, e Nelson Jobim, que é aquele que confessou, em livro laudatório e promocional, haver colocado na Constituição da República artigos desconhecidos e não aprovados pelos seus pares (deputados) constituintes. Sobre isso, colocou, quando o escândalo veio a furo, a culpa em Ulisses Guimarães, que, por estar morto, não podia responder”. O desembargador chama atenção para o fato de que, no livro, Jobim não mencionou Ulisses Guimarães e o escândalo foi revelado porque, “pasmem!!!, algum ingênuo entendeu em ler o escrito por Jobim”.

“Segundo Jobim, então ministro da Defesa e para apoiar Gilmar Mendes, as Forças Armadas tinham emprestado um aparelho, cujas especificações mostrou aos jornalistas, para ‘grampeamentos telefônicos’ à Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). As Forças Armadas desmentiram o ministro Jobim ao revelar que não houve o empréstimo e que Jobim havia apresentado, quando ao equipamento que teria sido emprestado, catálogos de empresas vendedoras de equipamentos de segurança. Catálogos que eram distribuídos em lojas de shopping centers. Como se percebe, a dupla Mendes-Jobim seria qualificada numa Comissão Apuratória, pelos antecedentes mendazes com trânsito em julgado, como suspeita de não estar a falar a verdade”.

No artigo, o jurista constata que, “com efeito, Mendes, agora, sustenta ter encontrado Lula no escritório de advocacia de Nelson Jobim”.

“Como dizia Carl Gustav Jung, pai da psicanálise, coincidências não existem. Sobre isso, Jobim afirmou que o encontro no seu escritório de advocacia foi uma coincidência, pois restou visitado por Lula quando Gilmar Mendes estava por lá. Lula aparecer de surpresa no escritório de Jobim não dá para acreditar. E o estava a fazer um ministro do STF num escritório de advocacia?”, questiona.

Para Mendes, segundo Maierovitch, “o ex-presidente Lula o pressionou para adiar o julgamento do ‘mensalão’ e insinuou saber da sua presença, na cidade alemã de Berlim, em companhia de Demóstenes Torres. Não bastasse a insinuação, Lula teria assegurado que tal fato não seria apurado, pelo seu poder de mando, pela CPMI. Em outras palavras, não entraria na apuração a suspeita de encontro em Berlim sob patrocínio financeiro deCarlinhos Cachoeira“.

“O grampo sem áudio que vitimou Paulo Lacerda e a Abin envolveu Mendes, Jobim, Demóstenes e a revista Veja (a revista transcreveu a conversa interceptada entre Mendes-Demóstenes, mas não exibiu o vídeo). Como favorecido pelo escândalo aparecia o banqueiro Daniel Dantas, solto por liminares de Gilmar que contrariavam até súmula do STF. Agora, a história do encontro casual (para a revista Veja o encontro foi a pedido de Lula) e a chantagem envolve Jobim, Mendes, revista Veja e Lula. A quem aproveita essa história, ainda não está claro. Como pano de fundo, a revistaVeja coloca o ‘mensalão’. O certo é que Jobim, Mendes e Lula entiveram num mesmo escritório, no mês de abril passado”, concluiu.

sábado, 26 de maio de 2012

Brasileiro cofundador do Facebook diz à Veja que filme foi pura ficção

26/05/2012 às 08:51h

Revelações sobre a maior rede social da atualidade estampam a capa da edição da semana de Veja. Cofundador do Facebook, o brasileiro Eduardo Saverin conta mais detalhes sobre a realidade dos fatos relacionados à criação da rede social. Ele explica e delata que o filme que conta sobre a origem do Facebook é recheado de mentiras de muita ficção.

Nesta semana, Época mostra quem são as Mulheres de João. Em Avenida Brasil, a novela das 9 da Globo, nenhuma personagem feminina segue o figurino tradicional do folhetim. Elas são fortes, impositivas, frequentemente más – e, um pouco por uma dessas razões, fascinantes. Elas são as responsáveis pelo sucesso de uma trama que, com audiência média entre 39 e 41 pontos no Ibope, está entre as mais vistas do horário nos últimos anos. No último dia 15, Avenida Brasil bateu seu recorde nacional, 43 pontos, com 69% dos aparelhos de TV ligados. Não raro, a novela, que mesmeriza brasileiros de todas as classes sociais, figura na lista mundial dos dez tópicos mais comentados do Twitter. O sucesso se deve ao charme de todas essas mulheres – e também, claro, a um homem: o autor, João Emanuel Carneiro, de 42 anos. A novela o confirma como o principal criador de tipos femininos da teledramaturgia brasileira atual.

VEJA

CAPA
Ele esteve no olho do furacão
O brasileiro Eduardo Saverin, cofundador do Facebook, revela os detalhes dos primórdios da rede social, diz por que o filme baseado na origem da empresa é um amontoado de ficções e anuncia se desejo de investir no Brasil

A contribuição histórica de Eduardo Saverin ao Facebook

20 de maio de 2012
Por Alexandre Matias

Brasileiro revoltou norte-americanos ao renunciar à sua cidadania

Já é bem conhecida a saga de como um brasileiro foi passado para trás por um dos maiores nomes da história da internet e perdeu a oportunidade de entrar para a história. Na semana em que o Facebook finalmente se tornou uma empresa pública, abrindo capital na bolsa de valores Nasdaq, o site Business Insider revelou detalhes sobre como Mark Zuckerberg decidiu que Eduardo Saverin não faria mais parte da empresa que fundaram juntos.

A história é o ponto central do filme A Rede Social, de 2010, que mostra como dois alunos de Harvard, a partir de um fora que Zuckerberg tomou de uma garota, começaram um serviço online que, a princípio era fechado apenas para estudantes da universidade, mas que aos poucos se tornou um dos sites mais acessados da história da internet. Só que, em dado momento, os dois divergem sobre como gerir a rede social e Zuckerberg decide tirar da empresa o primeiro diretor financeiro. O golpe foi tão duro que Saverin foi banido da história da própria rede até que o filme tornasse sua história pública – e, através dos tribunais, conseguisse reaver 4% das ações da rede (quase nada, em comparação aos 30% que teve antes de ser defenestrado por Mark).

Nos e-mails que foram divulgados pelo Business Insider, Zuckerberg não é nada lisonjeiro ao se referir ao ex-sócio: “Ele se ferrou…”, escreveu. “Ele deveria ter criado a empresa, obter financiamento e bolar um modelo de negócio. Ele falhou nas três. Agora que eu não vou voltar para Harvard não preciso me preocupar em ser espancado por capangas brasileiros.”

Mas o tom das conversas de bastidores no início da rede social não foi a única vez que Saverin apareceu no noticiário dos últimos dias. No dia 11, a agência de notícias Bloomberg anunciou que o brasileiro renunciou à cidadania norte-americana para morar de vez em Cingapura. Foi o suficiente para gerar especulações em relação ao motivo da decisão: Saverin estava deixando os EUA para fugir de impostos.

A especulação irritou os norte-americanos, que o acusaram de sair do país com dinheiro ganho lá. O jornalista Farhad Manjoo chegou até a dizer que Saverin era um mal agradecido, em um longo artigo em que explicava por que Saverin havia sido salvo pelos EUA, ao lembrar que sua família mudou-se de São Paulo para os EUA pois havia descoberto que o nome de Eduardo, com 13 anos à época, estava numa lista de possíveis sequestráveis no Brasil.

Mas Manjoo foi além e disse que Saverin era “ingrato e indecente”, pois além de seu país ter acolhido o brasileiro, ainda foi graças aos EUA que Eduardo Saverin conheceu Zuckerberg. E que se não fossem os Estados Unidos, que inventaram a internet, ele não seria nada. A confusão ao redor do brasileiro foi tanta que até mesmo senadores norte-americanos colocaram em pauta a possibilidade de bani-lo para sempre do país.

Um exagero do tamanho das proporções que o Facebook têm hoje.

Mesmo porque, traidor (dos EUA) ou traído (por Zuckerberg), Saverin tem um mérito único: foi a primeira pessoa a perceber que o site que seu colega de faculdade estava criando poderia ser lucrativo. E desembolsou parcos US$ 15 mil para comprar os primeiros servidores do hoje gigante digital.

Pode-se fazer uma série de especulações sobre este momento, principalmente em cima do fato de Zuckerberg poder ter criado o Facebook com outro investidor. Mas a própria criação do site é marcada por confusões. O filme de David Fincher também conta como Mark poderia ter copiado os códigos de programação de um site semelhante que estava sendo criado na mesma época, em Harvard, pelos gêmeos Winklevoss. Do mesmo jeito, um primeiro investidor na ideia de Zuckerberg poderia roubá-la dele.

Não foi o que aconteceu. Saverin investiu no Facebook e a história depois disso todos conhecemos. E o mérito de ter sido o primeiro a perceber a possibilidade da rede social crescer e dar dinheiro é de Eduardo. Seja ele cidadão norte-americano, brasileiro ou de Cingapura.

A verdade sobre Xuxa

26/5/2012 13:38, Por Luiz Cezar - de São Paulo

Xuxa começou a carreira na TV após conhecer Pelé

Xuxa já esteve melhor na mídia. Tendo abusado dos recursos estéticos para apresentar-se como rainha dos baixinhos descobriu um novo meio de reposicionar sua imagem agora que as rugas já lhe são indisfarçáveis num rosto que lembra máscara de carnaval.

A ex-modelo, que começou sua carreira como acompanhante de personalidades famosas e posando para revista de mulheres nuas, num tempo de ditadura militar e acentuada rigidez moral, colou sua figura na do rei do futebol Pelé.

Como chegou até a ele só os “books” de casas noturnas poderão revelar, mas o fato é que tendo chegado a Pelé e aparecido em capas de folhetins de celebridades – que vendiam então bem mais que hoje – como loirinha do rei, foi mais fácil aproximar-se de outro dos famosos, de quem se dizia recorrer a figuras femininas para dissimular publicamente sua homossexualidade: o piloto Ayrton Senna.

Morto o corredor e dispensado o jogador, dado a forte rejeição demonstrada pela classe média para quem se apresentava, ficou fácil para a garota, mediante o uso de gestual circense e completa alienação (e aí entra o seu talento) transformar-se num dos ícones da televisão brasileira para o público infantil, com incumbência de preparar toda uma geração para tornar-se telespectadora das novelas da Globo.

O papel nefasto representado pela agora conhecida Rainha dos Baixinhos, termo grotesco que ela mesma cunhou para referir-se a crianças, é parte expressiva da deseducação a que foi submetida a população infantil nas últimas décadas, transformada em consumidores precoces e aves de repetição dos slogans da emissora.

Não é possível entender o domínio ideológico da Rede Globo de Televisãosobre diferentes públicos sem entender como atuaram seus peões para manipular corações e mentes de diferentes idades. Xuxa foi uma falsa criança-adulta, forjada pela emissora para obter audiência a qualquer custo, mesmo que ao de imbecilizar milhões, expondo-os, dessa forma. a ação de aproveitadores do mundo real.

Não bastasse o veredicto dos fatos, Xuxa tem contra si um peça acusatória que prefere manter oculta aos olhos do grande público mesmo que ao preço de milhões de reais pagos ao seu detentor, o produtor de cinema Aníbal Massaine, apresentado a ela por Pelé quando a modelo tentava a carreira de atriz pornô. Trata-se do filme Amor estranho amor, de 1982, em que a apresentadora protagoniza cenas de sexo com um adolescente.

Por essa razão espanta que a secretária de direitos humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, conceda status de exemplaridade a apresentadora Xuxa depois que essa, em novo golpe publicitário na mesma emissora que a erigiu como falso mito, tenha vindo a público declarar-se vítima de abuso sexual.

Se vem ao programa de maior audiência da TV para falar de abusos, apenas o faz para fazer parecer mais humana a face da emissora que a projetou, no intento de retirar o peso que recai sobre a empresa de haver ganhado bilhões de reais manipulando crianças e sobre ela mesma, Xuxa, de haver contribuído para a erotização de comportamentos infantis, isso sim contributo maior que tudo à propagação de abusos contra a infância em nosso País.

Mas o que mais chama a atenção no caso das declarações de Xuxa é o fato de a apresentadora ter tomado a iniciativa de mostrar-se defensora dos pequeninos exatamente quando a ação que lhe move o produtor do filme para a exibição da película, retomada desde 2010 por motivos pecuniários, estar prestes a ser julgada na cidade do Rio de Janeiro.

Luiz Cezar é economista, linguista, mestre em Cultura, mestre em Tecnologia (todos pela USP) e master em Gestão Econômica de Projetos pela GV.

Texto publicado originariamente no blog Brasil que Vai, assinado pelo autor.

Caso Veja: CPMI tem pesos diferentes para convocar jornalistas a depor

25/5/2012 12:53, Por Najla Passos e Vinicius Mansur/Carta Maior - de Brasília

Policarpo Júnior, vice-presidente deVeja

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os crimes cometidos pelo bando do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, abriu uma excessão à regra de não convocar integrantes da mídia para depor, e chamou um jornalista formado pela Faculdade Icesp, de Brasília, registrado na Delegacia Regional do Trabalho sob o número 6704/15/147-DF, acusado de funcionar como uma espécie de leva e traz entre os bandidos e integrantes de meios de comunicação como a revista semanal de ultradireita Veja, entre outros, acessados facilmente pela quadrilha. Não houve nenhum protesto, por parte dos parlamentares ou da mídia tradicional, em função de um membro desta categoria profissional ter sido convocado. Nem mesmo daqueles que afirmavam, reiteradamente, que jornalistas seriam impedidos de depor por força de lei.

O jornalista não era o diretor da revista Veja em Brasília, Policarpo Junior, que manteve relações sistemáticas com Cachoeira nos últimos anos, conforme revelam as escutas telefônicas realizadas com autorização judicial pela Polícia Federal (PF). Mas sim o ex-agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Jairo Martins de Souza, preso em janeiro, durante a Operação Monte Carlo, sob a acusação de integrar a quadrilha do contraventor. Mais especificamente, de atuar como um dos dois “espiões” do crime organizado. O outro seria o colega que se sentou ao lado dele na CPMI, o sargento da Aeronáutica Idalberto Marias de Araújo, o Dadá.

A dupla reivindicou o direito constitucional de permanecer calada, tal como o fez o chefe deles na terça-feira. Mas o advogado dos dois, Leonardo Gagno, afirmou, em entrevista aos jornalistas, que o trabalho deles consistia em levantar informações para abastecer a imprensa. Segundo o advogado, “é notório que o interesse de Cachoeira era usar essas informações no mundo dos negócios. O Cachoeira é um negociante habilidoso. Penso que usava isso como arma de negociação”.

O fato de o jornalista Jairo ter sido convocado para depor coloca por terra o argumento utilizado sistematicamente pela oposição de que jornalista é impedido de ser convocado por CPIs e reforça as denúncias de que Cachoeira era fonte preferencial de órgãos da mídia tradicional tidos como dos mais influentes. Mas ainda é cedo para saber se o jornalista Policarpo será merecedor do mesmo tratamento.

Jairo e Policarpo se conhecem. Ao que tudo indica, trocavam informações com frequência. Ambos, inclusive, já depuseram antes no parlamento, sobre questões que envolviam Carlinhos Cachoeira e a imprensa. Jairo, na CPI dos Correios, em 2005. Policarpo, no Conselho de Ética da Câmara, no mesmo ano. Jairo afirmou aos deputados que havia “facilitado” o acesso de Policarpo à gravação clandestina do diretor dos Correios, Maurício Marinho, no momento em que este recebia propina. O fato marcou o início do escândalo batizado posteriormente de “mensalão”.

Já Policarpo ajudou Cachoeira a comprovar que era vítima de chantagem pelo deputado André Luiz, que acabou cassado. O caso havia sido publicado pela revista Veja, com exclusividade, pouco mais de três meses antes.

Contrato perdido

Ainda na esteira do bicheiro Cachoeira, o Governo do Distrito Federal tomou conhecimento da sentença da 1ª Vara de Fazenda Pública, que confirmou decisão da Comissão de Licitação do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) de desqualificar a Delta da concorrência pública realizada em 2007 para prestação dos serviços de varreção e coleta de lixo no DF.Apesar da desqualificação, a Delta obteve liminar judicial para entrar em operação no DF a partir de 2010. Com a decisão da 1ª Vara da Fazenda Pública, a liminar perde a validade. A Delta administra dois lotes do serviço de limpeza urbana. Ainda pode recorrer da sentença. “Por cautela administrativa e cumprindo o previsto em lei, o GDF tem se preparado para garantir a continuidade do serviço em todo o Distrito Federal, mantendo contato com as outras empresas que participaram do processo licitatório”, conclui uma nota distribuída à imprensa pelo governo do DF, nesta sexta-feira.

Maestro diz que PEC da Música é pedido de socorro dos músicos alternativos

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sexta-feira, 25 de maio de 2012

Ativista Julio Severo afirma que Xuxa deveria pedir perdão por ter feito filme pornográfico com uma criança

Por Dan Martins em 24 de maio de 2012


As declarações de Xuxa no programa Fantástico, quanto contou ter sido vítima de abuso sexual quando era criança, repercutiram em diversos veículos de comunicação durante a semana. O blogueiro e ativista pró-família Júlio Severo publicou em seu site um texto falando sobre essas declarações, e criticou a postura da apresentadora diante do assunto.

Afirmando que a declaração de Xuxa foi conveniente porque “trouxe uma alta em sua imagem num momento em que sua carreira já não tem o brilho que tinha antes”, Severo afirma que

O blogueiro cita ainda que, antes de se tornar um ícone em programas infantis, Xuxa posou nua em revistas masculinas. Ele diz ainda que a apresentadora sempre falou em suas entrevistas que quando era criança tinha o costume de andar sem roupas pela casa. “Ela passou de coelhinha da Playboy à rainha dos baixinhos” afirma Júlio Severo, que diz ainda que a carreira infantil de Xuxa é “alicerçada em assombrações pornográficas e pedofílicas”.

Em suas críticas, o ativista afirma que, durante sua carreira, Xuxa fez apelos pela erotização infantil e até mesmo protagonizou um filme pornográfico no qual contracenou com um garoto de apenas 14 anos. “Ela poderia também aproveitar e aparecer novamente no Fantástico para pedir perdão às famílias e crianças do Brasil pelo filme ‘Amor estranho amor’, onde ela mesma, já adulta consciente e com fome de grana, fez descarada propaganda pró-pedofilia”, concluiu Severo.

No programa Fantástico de domingo passado, Xuxa alegou que sofreu abusos sexuais na infância. Supostamente, foram três homens.

Sua declaração forte trouxe uma alta em sua imagem num momento em que sua carreira já não tem o brilho que tinha antes. O brilho tem sido cada vez mais ofuscado por um sombrio esqueleto em seu armário: Em 1982 ela fez o papel principal do filme “Amor estranho amor”, que contém cenas de pedofilia explícita em que ela seduz um menino.

Xuxa vem travando uma batalha judicial sem tréguas para que o filme, que tem perturbado sua carreira e fama, não seja oficialmente comercializado em DVD. Seus produtores haviam chegado a exigir 100 mil reais por ano para manter o filme “extinto”. O desgaste com o obsceno filme pró-pedofilia tem sido um flagelo na fama e bolso da atriz.

A trajetória de Xuxa, com suas recentes revelações de pedofilia na infância, teve um início com contexto previsível. Sabe-se que ela, por costume da família ou vontade própria, gostava de andar nua dentro de casa quando era menina. Crianças de lares com tais “hábitos” não raramente enxergam com “naturalidade” o sexo.

Qualquer homem moralmente são teria dificuldade de visitar uma casa onde o pai permite que sua filha de oito, dez ou doze anos ande “ao natural”. Não chega a ser “fora do normal” um lar com nudez descarada produzir abusos sexuais. É um ambiente produtor de tentações.

Tais lares, além de tornarem suas crianças vulneráveis aos oportunistas sexuais, não veem nada de errado em revistas pornográficas.

Xuxa não só tinha essa visão, mas também chegou a posar nua para várias revistas pornográficas, inclusive a mais famosa, aPlayboy. O que era “natural” para ela acabou também virando fonte de renda.

Mesmo com esse histórico moralmente turbulento, ela acabou entrando no mercado infantil, com um programa primeiramente na TV Manchete e depois na TV Globo, onde dançarinas mirins com trajes curtos e a garotada garantiram para ela e para a TV Globo IBOPE e audiência. Ela passou de coelhinha da Playboy à rainha dos baixinhos.

É uma carreira infantil de sucesso alicerçada em assombrações pornográficas e pedofílicas.

Ela não era, é claro, o exemplo ideal para as crianças. Mas o mundo imundo da TV tem valores inversos de uma família que protege os filhos com valores morais.

Durante o governo de Lula, Xuxa encabeçou a campanha nacional “Não Bata, Eduque!”, lançada por Lula em Brasília. A campanha, de modo ostensivo, buscava a criminalização de pais e mães que aplicam castigos físicos como disciplina para o mau comportamento dos filhos.

Xuxa mostrou sua rebelião a esse mundo com limites para as crianças. Talvez ela anseie um mundo onde as crianças possam tranquilamente andar livres dentro de casa — livres de roupas — e assim estar mais preparadas para ver com naturalidade o sexo e a revista Playboy.

Mas a experiência de uma infância sem limites e sem roupas não trouxe felicidade para a menina Xuxa. Trouxe, pelo que alega ela, estupros. E trouxe, pelo que mostra seu currículo, seu estrelato num filme de pedofilia explícita e participação em revistas pornográficas.

Em todas essas décadas, Xuxa jamais reclamou de ter sofrido peso na consciência pela óbvia incoerência entre sua vida no mercado pornográfico e no mercado infantil. O que importava, talvez, fosse obter dinheiro, fosse de qual fosse a procedência.

Na entrevista ao Fantástico, Xuxa se queixa de um pai ausente, mas quando ela teve oportunidade de fazer diferença na sua vida, ela escolheu ter uma filha sem um pai. Ela determinou que a figura do pai ficasse ausente da vida de sua filha.

Depois de sua recente confissão de abuso sexual na infância, Xuxa deveria abandonar seu ativismo contra os direitos dos pais disciplinarem seus filhos e imporem limites — inclusive o uso de roupas — neles. Abuso e violência não é impor limites nos filhos, conforme hoje esbraveja Xuxa com sua campanha anti-pais, mas a falta de limites.

Seu ativismo agora deveria se limitar aos malefícios da nudez dentro de casa, de como essa prática torna as crianças presas fáceis de pedófilos, do sexo casual e da pornografia.

O ativismo dela deveria também incluir uma campanha de alerta para que os pais bloqueiem toda pornografia em seus lares.

E ela poderia também aproveitar e aparecer novamente no Fantástico para pedir perdão às famílias e crianças do Brasil pelo filme “Amor estranho amor”, onde ela mesma, já adulta consciente e com fome de grana, fez descarada propaganda pró-pedofilia.

Fonte: Gospel+

Petista apela à população para lute contra o processo de desumanização d...

quinta-feira, 24 de maio de 2012

1964: Golpe Militar a serviço do Golpe de Classe

23/5/2012 12:59, Por Leonardo Boff


A ditadura militar foi um regime que se instaurou no Brasil entre os anos de 1964-1979

O objeto da Comissão da Verdade deve sim, tratar dos crimes e dos desaparecimentos perpetrados pelos agentes do Estado ditatorial. É sua tarefa precípua e estatutária. Mas não pode se reduzir a estes fatos. Há o risco de os juízos serem pontuais. Precisa-se analisar o contexto maior que permite entender a lógica da violência estatal e que explica a sistemática produção de vítimas. Mais ainda, deixa claro o trauma nacional que significou viver sob suspeitas, denúncias, espionagem e medo paralisador.

Neste sentido, vítimas não foram apenas os que sentiram em seus corpos e nas suas mentes a truculência dos agentes do Estado. Vítimas foram todos os cidadãos. Foi toda a nação brasileira. Para que a missão da Comissão da Verdade seja completa e satisfatória, caberia a ela fazer um juízo ético-político sobre todo o período do regime militar.

Importa assinalar claramente que o assalto ao poder foi um crime contra a constituição. Configurou uma ocupação violenta de todos os aparelhos de Estado para, a partir deles, montar uma ordem regida por atos institucionais, pela repressão e pelo estado de terror.

Bastava a suspeita de alguém ser subversivo para ser tratado como tal. Mesmo detidos e sequestrados por engano como inocentes camponeses, para logo serem seviciados e torturados. Muitos não resistiram e sua morte equivale a um assassinato. Não devemos deixar passar ao largo, os esquecidos dos esquecidos que foram os 246 camponeses mortos ou desaparecidos entre 1964-1979.

O que os militares cometeram foi um crime lesa-pátria. Alegam que se tratava de uma guerra civil, um lado querendo impor o comunismo e o outro defendendo a ordem democrática. Esta alegação não se sustenta. O comunismo nunca representou entre nós uma ameaça real. Na histeria do tempo da guerra-fria, todos os que queriam reformas na perspectiva dos historicamente condenados e ofendidos –as grandes maiorias operárias e camponesas– eram logo acusados de comunistas e de marxistas, mesmo que fossem bispos como o insuspeito Dom Helder Câmara. Contra eles não cabia apenas a vigilância, mas para muitos a perseguição, a prisão, o interrogatório aviltante, o pau-de-arara feroz, os afogamentos desesperadores. Os alegados “suicídios” camuflavam apenas o puro e simples assassinato. Em nome do combate ao perigo comunista, se assumiu a prática comunista-estalinista da brutalização dos detidos. Em alguns casos se incorporou o método nazista de incinerar cadáveres como admitiu o ex-agente do Dops de São Paulo, Cláudio Guerra.

O grande perigo para o Brasil sempre foi o capitalismo selvagem. Usando palavras de Capistrano de Abreu, nosso historiador mulato, “capou e recapou, sangrou e ressangrou” as grandes maiorias de nosso povo.

O Estado ditatorial militar, por mais obras que tenha realizado, fez regredir política e culturalmente o Brasil. Expulsou ou obrigou ao exílio nossas inteligências e nossos artistas mais brilhantes. Afogou lideranças políticas e ensejou o surgimento de súcubos que, oportunistas e destituídos de ética e de brasilidade, se venderam ao poder ditatorial em troca benesses que vão de estações de rádio a canais de televisão.

Os que deram o golpe de Estado devem ser responsabilizados moralmente por esse crime coletivo contra o povo brasileiro.

Os militares já fora do poder garantiram sua impunidade e intangibilidade graças à forjada anistia geral e irrestrita para ambos os lados. Em nome deste status, resistem e fazem ameaças, como se tivessem algum poder de intervenção que, na verdade é inexistente e vazio. A melhor resposta é o silêncio e o desdém nacional para a vergonha internacional deles.

Os militares que deram o golpe se imaginam que foram eles os principais protagonistas desta façanha nada gloriosa. Na sua indigência analítica, mal suspeitam que foram, de fato, usados por forças muito maiores que as deles.

René Armand Dreifuss escreveu em 1980 sua tese de doutorado na Universidade de Glasgow com o título: 1964: A conquista do Estado, ação política, poder e golpe de classe (Vozes 1981). Trata-se de um livro com 814 páginas das quais 326 de documentos originais. Por estes documentos fica demonstrado: o que houve no Brasil não foi um golpe militar, mas um golpe de classe com uso da força militar.

A partir dos anos 60 do século passado, se formou o complexo IPES/IBAD/GLC. Explico: o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) e o Grupo de Levantamento de Conjuntura (GLC). Compunham uma rede nacional que disseminava ideias golpistas, composta por grandes empresários multinacionais, nacionais, alguns generais, banqueiros, órgãos de imprensa, jornalistas, intelectuais, a maioria listados no livro de Dreifuss. O que os unificava, diz o autor “eram suas relações econômicas multinacionais e associadas, o seu posicionamento anticomunista e a sua ambição de readequar e reformular o Estado”(p.163) para que fosse funcional a seus interesses corporativos. O inspirador deste grupo era o General Golbery de Couto e Silva que já em “em 1962 preparava um trabalho estratégico sobre o assalto ao poder” (p.186).

A conspiração, pois estava em marcha, há bastante tempo. Aproveitando-se da confusão política criada ao redor do Presidente João Goulart, tido como o portador do projeto comunista, este grupo viu a ocasião apropriada para realizar seu projeto. Chamou os militares para darem o golpe e tomarem de assalto o Estado. Foi, portanto, um golpe da classe dominante, nacional e multinacional, usando o poder militar.

Conclui Dreifuss: “O ocorrido em 31 de março de 1964 não foi um mero golpe militar; foi um movimento civil-militar; o complexo IPES/IBAD e oficiais da ESG (Escola Superior de Guerra) organizaram a tomada do poder do aparelho de Estado” (p. 397). Especificamente afirma: “A história do bloco de poder multinacional e associados começou a 1º de abril de 1964, quando os novos interesses realmente tornaram-se Estado, readequando o regime e o sistema político e reformulando a economia a serviço de seus objetivos” (p.489). Todo o aparato de controle e repressão era acionado em nome da Segurança Nacional que, na verdade, significava a Segurança do Capital.

Os militares inteligentes e nacionalistas de hoje deveriam dar-se conta de como foram usados por aquelas elites oligárquicas que não buscavam realizar os interesses gerais do Brasil; mas, sim, alimentar sua voracidade particular de acumulação, sob a proteção do regime autoritário dos militares.

A Comissão da Verdade prestaria esclarecedor serviço ao país se trouxesse à luz esta trama. Ela simplesmente cumpriria sua missão de ser Comissão da Verdade. Não apenas da verdade de fatos individualizados; mas, da verdade do fato maior da dominação de uma classe poderosa, nacional, associada à multinacional, para, sob a égide do poder discricionário dos militares, tranquilamente, realizar seus propósitos corporativos de acumulação. Isso nos custou 21 anos de privação da liberdade, muitos mortos e desaparecidos e de muito padecimento coletivo.

Leonardo Boff é teólogo, filósofo, membro da Iniciativa Internacional da Carta da Terra e escritor

Crimes contra direitos autorais podem ser punidos com penas mais severas

Da Redação

A Comissão Especial de Juristas que elabora para o Senado proposta para um novo Código Penal aprovou nesta quinta-feira (24) medidas para tratamento mais rigoroso para os crimes contra os direitos autorais. Quem reproduzir ou publicar por qualquer meio obra intelectual, fonograma ou videofonograma com o objetivo de lucro, por exemplo, poderá ficar sujeito a pena de seis meses a dois anos de prisão, além de multa. Hoje, essa punição fica entre três meses e um ano, com a possibilidade alternativa de multa.

As penalidades são ainda agravadas em razão, de divulgação, a venda, aluguel, ocultação ou manutenção em depósito de cópias de programas de computador com o objetivo de vantagem pra si ou terceiros. Nesse caso, além da multa, o autor do crime ficará sujeito a prisão de dois a cinco anos.

Na primeira jornada de trabalho do dia, os juristas também aprovaram modificações nos crimes contra as licitações, que também passariam a fazer parte do futuro código. Os juristas ampliaram em um ano o teto da atual pena de prisão aplicável ao agente público que dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei: a pena passa a ser de três a seis anos de prisão.

A comissão tratou ainda dos crimes de fraude contra as falências, com pequenos ajustes na atual legislação, que deve ser trazida para o Código Penal. Outra iniciativa foi a aprovação de dois tipos penais abordando crimes contra os índios, um deles para tipificar o oferecimento de bebida alcoólica ou qualquer substância que possa causar dependência física ou psicológica em membros de grupos indígenas. Esse crime seria punido com prisão de dois a quatro anos.
Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

terça-feira, 22 de maio de 2012

Óleo de abacate: o "óleo de oliva das Américas"

Redação do Diário da Saúde

O óleo de abacate exerce seu efeito protetor contra os radicais livres diretamente nas mitocôndrias, algo não obtido com antioxidantes de nenhum outro vegetal até agora. [Imagem: Wikimedia/Hariadhi]

Radicais livres nas mitocôndrias

Uma série de fatores ambientais - como poluição, fumaça de cigarro e radiação - podem transformar as moléculas de oxigênio encontrados nas mitocôndrias, as fontes de energia das células, em radicais livres.

Essas moléculas instáveis destroem moléculas importantes para a formação das células, tais como lipídeos, proteínas e até mesmo o DNA, transformando-as também em radicais livres.

Este fenômeno destrutivo está associado com o envelhecimento, mas ocorre também em uma variedade de doenças, incluindo a hipertensão e o diabetes.

Em busca dos antioxidantes

Isso tem motivado cientistas em todo o mundo a procurar substâncias que reforcem a resistência das células aos efeitos nocivos dos radicais livres.

Muitos estudos de antioxidantes - moléculas que combatem os radicais livres - presentes em frutas e legumes, como cenouras e tomates, têm sido concluídos com resultados pouco encorajadores.

"O problema é que os antioxidantes nessas substâncias não conseguem entrar nas mitocôndrias. Com isso, os radicais livres danificam as mitocôndrias, fazendo a produção de energia da célula parar, e ela entra em colapso e morre," explica Christian Cortés-Rojo, da Universidade de Michoacán (México).

Mas o próprio Cortés-Rojo tem as primeiras boas notícias na área.

Seus estudos revelaram que o óleo de abacate tem efeitos protetores contra os radicais livres nas mitocôndrias.

Os resultados reforçam conclusões de outro estudo realizado recentemente no Brasil:
Óleo de abacate substitui óleo de oliva e controla gordura no sangue

Óleo de abacate

Segundo o pesquisador, o óleo de abacate permitiu que células de levedura sobrevivessem à exposição a altas concentrações de ferro, que produz uma enorme quantidade de radicais livres, "mesmo em níveis mais elevados do que os encontrados em algumas doenças humanas."

"Esses resultados podem ser atribuídos ao fato de que o óleo de abacate acelera a respiração da mitocôndria, o que indica que o uso de nutrientes para a produção de energia para as funções celulares continua a ser eficaz, mesmo em células atacadas pelos radicais livres," explica o pesquisador.

"Em alguns países do Mediterrâneo, a pequena ocorrência dessas doenças, ou mesmo a inexistência delas, têm sido associadas com o alto consumo de óleo de oliva," explica ele.

Cientista destaca ingredientes sagrados da alimentação mediterrânea

"O azeite tem uma composição de gordura similar à encontrada no óleo de abacate. Portanto, o óleo de abacate poderia eventualmente ser chamado de azeite de oliva das Américas," concluiu.

domingo, 20 de maio de 2012

Falar sozinho tem benefícios cognitivos

19/04/2012
Redação do Diário da Saúde

Falar com quem não lhe entende também pode ser uma forma de falar sozinho. [Imagem: Ped Xing/Wikimedia]

Benefícios de falar sozinho

Se você anda falando sozinho, não pense que isso o deixará louco - menos ainda que você já esteja louco.

Na verdade, os cientistas, que sempre descreveram esse comportamento como "irracional, mas inofensivo", agora descobriram que falar sozinho tem benefícios cognitivos.

Ou, pelo menos, ajuda você a encontrar coisas perdidas.

E a pesquisa também mostrou que a maioria das pessoas fala sozinha ao menos algumas vezes por semana, sendo que algumas relatam ter esses autopapos a cada hora.

Como encontrar coisas perdidas

Gary Lupyan (Universidade de Wisconsin-Madison) e Daniel Swingley (Universidade da Pensilvânia) fizeram uma série de experimentos para verificar se falar sozinho ajuda a encontrar objetos perdidos.

Segundo eles, a inspiração veio da observação das pessoas fazendo compras no supermercado, que frequentemente vão falando o nome dos itens que estão tentando encontrar na prateleira.

O primeiro experimento mostrou que o simples fato de repetir o nome do objeto melhorou a capacidade de encontrá-lo, mesmo em comparação com segurar uma ficha onde estava escrito o nome do objeto.

Nas compras de supermercado, contudo, parece que o efeito só é válido se o nome do objeto for fácil de pronunciar: ficar repetindo o nome de um produto como Pepsi aumenta a velocidade com que ele é encontrado, mas retarda a mesma tarefa quando o produto é algo como "dentifrício fresh white" ou coisa que o valha.

Autopapos filosóficos

Os cientistas recomendam que, da próxima vez que você perder as chaves, vá repetindo verbalmente "chaves, chaves, chaves", e não se preocupe com qualquer olhar estranho de que possa ser alvo.

Quanto aos papos filosóficos consigo mesmo, aqueles mais longos e duradouros, bem, estes terão que esperar por uma nova pesquisa que ateste a sanidade de quem usa frequentemente desses monólogos.

Os resultados foram publicados no Quarterly Journal of Experimental Psychology.

sábado, 19 de maio de 2012

Estranhos no paraíso

Devastadora da moral tucana, a reportagem de Amaury Ribeiro Jr. atinge em cheio a credibilidade­ da velha mídia e comprova seu moralismo seletivo

Por: Paulo Donizetti de Souza, Revista do Brasil

Publicado em 18/01/2012


Na década de 1990, Aloysio Biondi já mostrava aos brasileiros o bilionário esquema tucano. Foto: Arquivo Diário da Manhã (GO)/Divulação


Em conversa com a Revista do Brasil antes do encerramento desta edição, na antevéspera do Natal, o jornalista Luiz Fernando Emediato, da Geração Editorial, celebrava o potencial da internet como circuladora de informação. “É uma ferramenta explosiva à procura de um conteúdo.” No momento, afirma, o conteúdo é o livro-reportagem A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr. Solemente ignorada pela imprensa e divulgada pela rede, a obra que terminou o ano com 100.000 exemplares vendidos em dez dias escancara a nocividade das privatizações da era FHC.

Primeiro, o prejuízo fiscal, ao lembrar contas que o sábio Aloysio Biondi já fazia no início do século – em seu livro O Brasil Privatizado (1999), Biondi mostrava que o governo gastou com o programa de desestatização R$ 87,6 bilhões para com ele alcançar receita de R$ 85,2 bilhões. Segundo, as evidências de crime, ao relacionar operações de lavagem de dinheiro com propinas pagas por participantes de leilões de estatais a gente próxima de tucanos de bico graúdo. E terceiro, ao comprovar que as privatizações não eram, como argumentavam seus estrategistas, opção técnica de livrar o Estado de um peso que não podia carregar. A ordem, “vender tudo que fosse possível”, era satisfazer não as necessidades do Estado, mas o apetite voraz do mercado privado – que se apoderou a preço vil de setores altamente lucrativos.

O livro expõe o ex-governador José Serra. Não o acusa. Mas atinge em cheio sua filha, o cunhado, primo e amigos do ministro do Planejamento da época e guardião daquele programa de privatizações. “Serra desenvolveu como ninguém a arte de criar inimigos ao perseguir e ameaçar jornalistas, adversários e até companheiros de partido. Conheço gente do PSDB que está se divertindo, comprando livros para dar de presente”, diz Emediato.

Devastadora da moral tucana, a reportagem atingiu em cheio a credibilidade­ da velha mídia e comprova seu moralismo seletivo. Ao negarem-lhe repercussão, os donos dos meios de comunicação assinaram atestado de compromisso carnal com aquele ideário político que empobreceu o Brasil. E se terminou o ano como fenômeno editorial, inicia 2012 como ponto de partida de uma nova agenda para o país. “Se acontecer a CPI, o livro ficará pequeno”, avisa, mineiríssimo, Ribeiro Jr.

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Coluna Esplanada: Aparelhos eram antigrampo

19/5/2012 6:00, Por Leandro Mazzini - de Brasília
A Polícia Federal atuou a tempo de flagrar a quadrilha de Carlinhos Cachoeira, mas perdeu parte das conversas por interceptação telefônica do grupo. Os aparelhos Nextel trazidos pelo contraventor dos Estados Unidos realmente tinham sistema antigrampo, com códigos criptografados. Quando descobriu que o bando usava os rádios, a PF obrigou a Nextel a entregar os códigos e, com os mandados judiciais, começou a monitorar a quadrilha, o que resultou nas operaçõesVegas e Monte Carlo.

‘Bons companheiros’ de Serra

18/5/2012 12:03, Por Altamiro Borges - de São Paulo
Por Renato Rovai, na revista Fórum:


Assessor de Serra e Kassab, Hussain Aref Saab, acumula uma fortuna em imóveis

Em 2005, o então vice-prefeito, Gilberto Kassab, indicou ao então prefeito José Serra, o nome de Hussain Aref Saab para chefiar o Departamento de Aprovação das Edificações (APROV), na Secretaria Municipal de Habitação. A indicação foi aprovada mesmo depois de Aref ter sido indicado no relatório final numa CPI, realizada pela Câmara Municipal, como suspeito de irregularidade em 71 processos de regularização de antenas de celulares, instaladas entre 1999 e 2002.

E mesmo depois de o Ministério Público tê-lo indiciado com a acusação de que, ao não analisar os pedidos de alvará em 90 dias, teria permitido que essas antenas fossem ligadas sem autorização e de forma irregular.

Coincidentemente, ou não, nos anos em que Aref esteve no comando do APROV, São Paulo viveu uma “explosão” imobiliária. Tanto no que diz respeito as operações urbanas, que sob o pretexto de reurbanizar áreas degradadas beneficiam o mercado imobiliário, como também com a multiplicação de grandes empreendimentos na cidade.

Por confiar plenamente no “companheiro”, Serra e Kassab não perceberam que os fatos que se seguem aconteciam bem abaixo dos seus narizes, como se costuma dizer no populacho.

Em 2010, um grupo empresarial transferiu seis apartamentos, na região do Parque Ibirapuera, para o nome da SB4, empresa de Hussain Aref Saab. A Servcenter, que integra o grupo empresarial, registrou o repasse dosimóveis para Aref em novembro de 2010 como pagamento por “prestação de serviços de assessoria empresarial”. Depois da transferência, empresas do mesmo grupo conseguiram liberações de alvarás na prefeitura. Um mês depois, o centro de convenções do WTC, do mesmo grupo, obteve a renovação de seu alvará de funcionamento na marginal Pinheiros – o processo estava parado há mais de um ano. Já em fevereiro de 2011, outra empresa do grupo, a Servlease, obteve o alvará de reforma de um salão de eventos nos Jardins. A aprovação saiu em cerca de um mês, quando o procedimento “normal” é muito mais demorado.

O empresário Gilberto Bousquet Bomeny, responsável pelo grupo que “pagou” a empresa de Aref com seis apartamentos, nega qualquer irregularidade. Por meio de sua assessoria de imprensa, alega que “a transação imobiliária feita não tem vínculos com o que está sendo noticiado pela imprensa”.

Ou seja, o fato de Aref ser do Aprov não é indício de nada, mesmo ele tendo recebido seis apartamentos do WTC que conseguiu sucesso na aprovação dos seus empreendimentos. Por outro lado, o fato de o ex-ministro José Dirceu ter recebido 20 mil reais de por uma consultoria para a Construtora Delta quer dizer muita coisa. Claro, evidente, uma coisa é uma coisa e outra é outra.Além disso, documentos obtidos pelo jornal Estado de S. Paulomostram que a construção de seis torres em uma área contaminada por produtos químicos na Granja Julieta, área nobre na zona sul, foi autorizada contrariando um ofício do Departamento de Controle Ambiental da Prefeitura, órgão ligado à Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, que alertava que o alvará foi emitido sem a aprovação das autoridades ambientais.

Além do problema da contaminação, após moradores da região entrarem com ação civil pública contra a obra, o MP alertou Aref que o empreendimento seria construído em um terreno de 10 mil m2 previsto para virar parque linear e onde existia um córrego.

O engenheiro agrônomo Eduardo Pereira Lustosa, perito do MP, enviou ofício alertando para a suspeita de que a Esser Empreendimentos, responsável pela obra, teria aterrado o córrego Maria Joaquina para erguer as torres. Todos estes pareceres oficiais foram ignorados e o alvará foi emitido.Em 2004, a então diretora do APROV, Paula Maria Motta Lara, paralisou a construção de um edifício de 9 andares no Morumbi. Um laudo do Instituto Geológico mostrava que o terreno estava em uma Área de Preservação Permanente (APP) porque parte era em área de Mata Atlântica. Ao assumir a direção do APROV, em 2005, quando Serra assume a prefeitura, Aref libera o alvará e a construção retomada.Mas a lambança não para por aí. A SB4 Patrimonial, empresa que administra os bens de Aref, afinal um funcionário público precisa de uma empresa para administrar seus bens, comprou, em 2009, por R$ 50 mil um apartamento na Rua Coriolano, na Lapa. O imóvel havia sido vendido, por R$ 141 mil, um mês antes, ao engenheiro Eduardo Midega pela construtora SBTEC Engenharia e Instalações.

Um mês após Aref comprar o imóvel na Lapa por 1/3 do valor que ele havia sido negociado um mês antes, o vendedor, Eduardo Midega, conseguiu o Habite-se para um empreendimento na região da Raposo Tavares.

Como diretor do Aprov, como já disse lá em na parte superior deste texto, Aref tinha vaga de suplente nas reuniões do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio (Conpresp) e não raro substituía o secretário municipal de Habitação, Ricardo Pereira Leite. O Conpresp estava debatendo no último período a revisão da Resolução 06, de 1997, que definiu o limite máximo para construção de prédios em volta do Parque Ibirapuera a até dez metros de altura. Caso essa proposta de revisão fosse aprovada, seria permitida a construção de edifícios com até 54 metros de altura na região. O que evidentemente levaria a algumas construtoras a ganhar muito, mas muito dinheiro. E só Aref sabia disso. Serra e Kassab, não. Mas o SPressoSP sabia.

A votação estava prevista para acontecer no último dia 10 de abril, mas foi adiada. O motivo do adiamento foi o pedido de vista do processo feito por um conselheiro. Quatro dias depois, Aref foi exonerado do cargo de diretor da APROV porque o prefeito percebeu que o mar de lama contra ele estava insuportável. E que o Ministério Público ou a PF em breve levariam seu assessor às barras do tribunal.

Ainda há mais lama nessa história, como a compra de um imóvel, em 2008, por Aref, por R$ 242 mil do empresário David Carlos Antonio. O mesmo apartamento havia comprador três anos antes por R$ 1,2 milhões. David, que na época tinha um processo de anistia encalhado na prefeitura havia cinco anos, viu o mesmo voltar a tramitar 4 meses depois da negociação. E recerbeu o alvará da APROV um ano depois.

Mas Kassab nem desconfiava de nada. Muito menos Serra. Aliás, Serra é um gestor que confia plenamente nos seus assessores. Foi assim com Paulo Preto. E também com Aref. Ninguém pode negar que ele é um bom companheiro. Ninguém pode negar…

A falta de ética da revista Veja

22/4/2012 20:38, Por Blog do Miro
Por Altamiro Borges

Policarpo Jr., o editor da Veja que mantinha perigosas ligações com o mafioso Carlinhos Cachoeira, ainda pode dormir sossegado. É o que sugere o artigo do seu chefe, Eurípedes Alcântara, publicado no sítio da revista. O texto, que estranhamente não saiu na edição impressa, é um arrazoado teórico sobre a “ética no jornalismo”. Ele visa unicamente limpar a barra da Veja, acusada de se associar ao crime organizado. O artigo serve como peça de defesa preventiva, já que alguns parlamentares que integram a CPI do Cachoeira anunciaram que pretendem convocar para depor o jornalista Policarpo Jr. e o capo da publicação, Roberto Civita. Sem citar o nome do mafioso, Eurípedes Alcântara insiste na tese de que o uso de fontes bandidas não caracteriza banditismo midiático.Santos, corruptos e a mídiaO diretor de redação da Veja não revela o que o seu serviçal tratou, em mais de 200 telefonemas, com o chefe da quadrilha. De acordo com escutas telefônicas vazadas da Operação Monte Carlo da Polícia Federal, Carlinhos Cachoeira se jactou de contar os serviços da revista para desgastar e derrubar integrantes do governo Dilma visando beneficiar os seus negócios ilícitos.Na prática, Eurípedes tenta justificar as ligações da revista com o crime organizado. Nesta relação promíscua, cabe tudo: o uso de grampos e vídeos ilegais, o “assassinato de reputações”, a propaganda disfarçada de negócios escusos, entre outras bandalheiras. “Entrevistar o Papa não nos faz santos. Ter um corrupto como informante não nos corrompe”, argumenta o diretor da Veja.Veja no banco de réusO seu caradurismo é risível. “Veja nunca permitiu que suas páginas fossem usadas para outro fim que não a busca do interesse público. Sempre que uma denúncia é publicada alguém ganha e alguém perde. Um ministro cai, e outro ministro sobe. Um grupo político é prejudicado, e outro grupo político é beneficiado. São consequências normais da divulgação de fatos verdadeiros”.Nem ele próprio deve acreditar nestas bravatas. Quem conhece a sinistra história da revista Veja sabe muito bem que ela sempre defendeu interesses privados – e não públicos – e que sempre se comportou como partido político da direita. Ela não tem nada de isenta e nunca primou pela “ética jornalística”. Agora, Eurípedes “teoriza” temendo que a Veja seja chamada ao banco de réus!

Serra contrata editor de Veja para coordenação da campanha

22/4/2012 12:48, Por Altamiro Borges - de São Paulo


A revista semanal de ultradireita Veja mantém uma parceria com Serra há muito tempo

Por Altamiro Borges –

Sem maior estardalhaço – talvez para não apimentar ainda mais a CPI do Cachoeira, que poderá desnudar as promíscuas relações da mídia no país –, a Folhanoticiou nesta semana que o editor de Brasil daVeja, Fábio Portela, deixou o seu régio cargo para integrar o comando de campanha de José Serra à prefeitura paulistana. Ele assumirá a coordenação de imprensa do candidato tucano.

De forma “indireta”, a revista já estava em plena campanha. Ela fez o que pode para esconder o best-seller A privataria tucana, do jornalista Amaury Ribeiro, que apresenta farta documentação sobre o desvio de dinheiro das privatizações por parte da filha, do genro e do ex-tesoureiro de José Serra. Bob Civita, capo da publicação, sempre blindou o ex-governador e amigo íntimo.

Bob Civita está acuado

Agora, um ex-editor da Veja assume de forma “direta” a campanha do tucano – o que indica que ela deverá ser tão ou mais suja do que a disputa presidencial de 2010. Civita fará de tudo para garantir a sobrevida da oposição demotucana no país e a eleição da prefeitura paulistana é decisiva neste sentido. A derrota eleitoral de Serra seria um desastre para a direita nativa.

Bob Civita está apavorado com o desenrolar dos acontecimentos políticos. A Operação Monte Carlo da Polícia Federal abateu mais um dos seus falsos moralistas, o ex-demo Demóstenes Torres, e revelou as mais de 200 telefonemas do seu editor-chefe para o mafioso Carlinhos Cachoeira. O capo da Veja pode até ser convocado para depor na CPI pelos vínculos da revista com o crime organizado.

A eleição de Serra serviria para conter a sangria da oposição de direita no país. Fábio Portela, ex-editor da Veja e novo integrante do comando tucano, terá muito trabalho pela frente.

Veja e o conluio da bandidagem

7/5/2012 16:20, Por Altamiro Borges - de São Paulo

Por Mino Carta, na CartaCapital –


Carta Capital desvenda a mídia de esgoto em curso no Brasil

Por que a mídia nativa fecha-se em copas diante das relações entreCarlinhos Cachoeira e a revistaVeja? O que a induz ao silêncio? O espírito de corpo? Não é o que acontece nos países onde o jornalismo não se confunde com o poder e em vez de servir a este serve ao seu público. Ali os órgãos midiáticos estão atentos aos deslizes deste ou daquele entre seus pares e não hesitam em denunciar a traição aos valores indispensáveis à prática do jornalismo. Trata-se de combater o mal para preservar a saúde de todos. Ou seja, a dignidade da profissão. O Reino Unido é excelente e atualíssimo exemplo. Estabelecida com absoluta nitidez a diferença entre o sensacionalismo desvairado dos tabloides e o arraigado senso de responsabilidade da mídia tradicional, foi esta que precipitou a CPI habilitada a demolir o castelo britânico de Rupert Murdoch. Isto é, a revelar o comportamento da tropa murdoquiana com o mesmo empenho investigativo reservado à elucidação de qualquer gênero de crime. Não pode haver condão para figuras da laia do magnata midiático australiano e ele está sujeito à expulsão da ilha para o seu bunker nova-iorquino, declarado incapaz de gerir sua empresa.

O Brasil não é o Reino Unido, a gente sabe. A mídia britânica, aberta em leque, representa todas as correntes de pensamento. Aqui, terra dos herdeiros da casa-grande e da senzala, padecemos a presença maciça da mídia do pensamento único. Na hora em que vislumbram a chance, por mais remota, de algum risco, os senhores da casa-grande unem-se na mesma margem, de sorte a manter seu reduto intocado. Nada de mudanças, e que o deus da marcha da família nos abençoe. A corporação é o próprio poder, de sorte a entender liberdade de imprensa como a sua liberdade de divulgar o que bem lhe aprouver. A distorcer, a inventar, a omitir, a mentir. Neste enredo vale acentuar o desempenho da revista Veja. De puríssima marca murdoquiana.

Não que os demais não mandem às favas os princípios mais elementares do jornalismo quando lhes convém. Neste momento, haja vista, omitem a parceria Cachoeira-Policarpo Jr., diretor da sucursal de Veja em Brasília e autor de algumas das mais fantasmagóricas páginas da semanal da Editora Abril, inspiradas e adubadas pelo criminoso, quando não se entregam a alguma pena inspirada à tarefa de tomar-lhe as dores. Veja, entretanto, superou-se em uma série de situações que, em matéria de jornalismo onírico, bateram todos os recordes nacionais e levariam o espelho de Murdoch a murmurar a possibilidade da existência de alguém tão inclinado à mazela quanto ele. E até mais inclinado, quem sabe.

O jornalismo brasileiro sempre serviu à casa-grande, mesmo porque seus donos moravam e moram nela. Roberto Civita, patrão abriliano, é relativamente novo na corporação. Sua editora, fundada pelo pai Victor, nasceu em 1951 e Veja foi lançada em setembro de 1968. De todo modo, a se considerarem suas intermináveis certezas, trata-se de alguém que não se percebe como intruso, e sim como mestre desbravador, divisor de águas, pastor da grei. O sábio que ilumina o caminho. Roberto Civita não se permite dúvidas, mas um companheiro meu na Veja censurada pela ditadura o definia como inventor da lâmpada Skuromatic, aquela que produz a treva ao meio-dia.

Indiscutível é que a Veja tem assumido a dianteira na arte de ignorar princípios. A revista exibe um currículo excepcional neste campo e cabe perguntar qual seria seu momento mais torpe. Talvez aquele em que divulgou uma lista de figurões encabeçada pelo então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, apontados como donos de contas em paraísos fiscais.

Lista fornecida pelo banqueiro Daniel Dantas, especialista no assunto, conforme informação divulgada pela própria Veja. O orelhudo logo desmentiu a revista, a qual, em revide, relatou seus contatos com DD, sem deixar de declinar-lhes hora e local. A questão, como era previsível, dissolveu-se no ar do trópico. Miúda observação: Dantas conta entre seus advogados, ou contou, com Luiz Eduardo Greenhalgh e Márcio Thomaz Bastos, e este é agora defensor de Cachoeira. É o caso de dizer que nenhuma bala seria perdida?

Sim, sim, mesmo os mais eminentes criminosos merecem defesa em juízo, assim como se admite que jornalistas conversem com contraventores. Tudo depende do uso das informações recebidas. Inaceitável é o conluio. Asocietas sceleris. A bandidagem em comum.
Altamiro Borges é jornalista, escritor e secretário Nacional de Mídia do Partido Comunista do Brasil.

Caso Veja: Ecos do passado

18/5/2012 13:10, Por Denise Assis - do Rio de Janeiro


Toda a direção da revista Veja envolvida com a máfia do Cachoeira

A História tem seus ciclos e estes tendem a se repetir. Porém, quando não tratada com seriedade e atenção, quando os fatos evidenciados em algum período não são devidamente esmiuçados e levados em conta pela sociedade, eles se repetem mais rapidamente. Com este nariz de cera assumido, pretendo desaguar nos fatos vindos à tona agora, com a CPMI do Carlinhos Cachoeira, com relação à revista Veja.

O que a revista Veja fez, nada mais é do que a repetição dos métodos de atuação do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipês), no período compreendido de 1962 a 1964, quando amparado de forma escancarada pela mídia, atingiu o seu objetivo: o golpe.

Foi desta e de outras formas, tais como as gordas doações para reforçar os cofres do instituto, que a sociedade civil participou da derrubada do presidente João Goulart.

Tivesse ele um cenário intrincado para governar, ou limitações para conduzir o momento político delicado, foi a campanha desenfreada, custeada por empresários, multinacionais e simpatizantes (incluindo os donos de veículos de Comunicação), que minaram o seu poder e despertaram na sociedade a ânsia por mudanças. Fosse da forma que fosse.

E da maneira que foi, um golpe, os destinos do país caminharam para os rumos sombrios que agora conhecemos e começamos a autopsiar. Esse é o risco. No calor da hora ninguém vislumbra a tragédia que está a um palmo do nariz. Importa apenas impor seus interesses e surrupiar o poder. E poder, hoje, não se limita à cadeira de presidente. Já se sabe. Pelo muito ou pouco que se ouviu das gravações vazadas, sabe-se que o poder hoje é o casamento da política com a economia, e de forma espantosa.

Ao mapear pioneiramente o incrível sistema montado por Golbery do Couto e Silva no Ipês, que acabaria desembocando na vitória do golpe, o cientista político René Armand Dreifus, (1964: A Conquista do Estado – Ação Política, Poder e Golpe de Classe – lançado em 1981) nos apontou a fórmula que hoje é usada por Veja. Outros autores trataram do tema, e em meu livro: Propaganda e Cinema a Serviço do Golpe, lançado em 2001, o assunto voltou a ser enfocado, desta vez aproximando a lupa na direção desse resultado: a atuação da mídia e do cinema enquanto armas de convencimento. Para o bem ou para o mal.

Não foi, portanto, falta de aviso, de que o método era eficiente. Quero crer que houve, sim, um alheamento conveniente, já que “os tempos eram outros”. Eram, mas o vento sempre pode virar. Com outra roupagem, agora com o auxílio de tecnologias mais sofisticadas, mas a mesma intenção: o poder. O que o grupo de Cachoeira não avaliou, no entanto, foi que a tecnologia pode falhar (vide o Nextel que permitiu o grampo, quando não era o esperado), ou pode trabalhar, agora, a favor dos caluniados. Não apenas os “grampos”, que isto é do tempo dos arapongas, mas a Internet, que está aí para infernizar a vida dos que pensam poder articular à sorrelfa contra o poder constituído, instituições, pessoas. Não podem. Em tempos de Carolina Dieckmann e de internautas politizados, a verdade termina por vir à tona.

Denise Assis é jornalista e colaboradora do Correio do Brasil.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Denúncias contra a prefeitura de SP

Fernando Ferro: Veja tem que explicar à população sua relação com deliqu...

Inserções do PT - Dilma Rousseff e Mulheres do PT

Serra, que 'não conhecia' Paulo Preto, agora nega ter nomeado Hussein Aref

Publicado em 17/05/2012
Por: Helena Sthephanowitz, especial para a Rede Brasil Atual

José Serra é sério candidato ao prêmio "Pinóquio de Ouro"



Diário Oficial mostra nomeação de assessor que Serra agora diz desconhecer (reprodução)

Hussain Aref Saab, o diretor responsável pela aprovação de grandes e médias construções na capital paulista durante sete anos foi nomeado para a prefeitura por José Serra, em janeiro de 2007, como mostra o Diário Oficial da Cidade de São Paulo (DOM). A nomeação foi lembrada pela Folha de S.Paulo hoje (17).

De lá pra cá, Aref Saab adquiriu 106 imóveis – enquanto sua renda declarada é de R$ 20 mil mensais. O patrimônio do funcionário inclui 118 imóveis, dos quais 24 são vagas extras de garagens (o que faz a gente pensar que ele deve ter muitos veículos).

Ainda conforme o jornal, de 2005 até 2012, Saab, de 67 anos, o valor acumulado de suas posses ultrapassa R$ 50 milhões. Suspeito de participar de esquemas de corrupção e alvo de investigações, Aref Saab deixou o cargo no mês de abril desse ano

Mas Serra nunca sabe de nada.

Apesar do registro no DOM, candidato do PSDB à prefeitura paulistana nega ter nomeado Hussein Aref Saab para o cargo que lhe deu poderes para aprovar ou desaprovar empreendimentos imobiliários na cidade. E, obviamente, também criticou a veiculação do caso.

Em 2010, Serra também negou conhecer Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, x-diretor da estatal Dersa quando ele era governador. Paulo Preto, foi acusado por líderes do seu próprio partido de desviar pelo menos R$ 4 milhões arrecadados de forma ilegal para a campanha eleitoral de Serra candidato à presidência.

O tucano só lembrou que conhecia o ex-diretor da Dersa quando Paulo Preto, numa entrevista, mandou um recado muito claro: “Não se abandona um companheiro ferido na beira da estrada”

Dá para confiar na palavra de Serra?

CPMI rejeita tratar 'caso Veja' em separado

Deputados e senadores recusam pedido à Polícia Federal para que sejam fornecidos áudios com as conexões entre a revista semanal e o grupo de Carlinhos Cachoeira
Por: Redação da Rede Brasil Atual

Publicado em 17/05/2012, 17:21

Última atualização às 17:25

São Paulo – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira rejeitou hoje (17) separar os diálogos entre jornalistas da revista Veja e os integrantes do grupo do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, alvo da apuração no Congresso. Por maioria, deputados e senadores barraram requerimento do senador Fernando Collor (PTB-AL) que pedia à Polícia Federal o envio das escutas nas quais fossem flagradas conexões com a publicação do Grupo Abril.

Collor lembrou que o diretor da sucursal de Brasília da revista, Policarpo Júnior, depôs na Câmara como testemunha de defesa de Carlinhos Cachoeira, em 2005. “Ele trouxe cinco horas de gravações feitas pelo bicheiro e entregues àVeja”, disse. No mesmo sentido, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) afirmou que a permanência da conexão com a organização criminosa suscita dúvidas que precisam ser investigadas pela CPMI. “Se não houvesse tantas ligações entre ele e Cachoeira, não estaríamos investigando”, disse.

A Operação Monte Carlo da Polícia Federal flagrou mais de 200 chamadas telefônicas entre Policarpo Júnior e os integrantes do grupo de Cachoeira. Segundo a revista Carta Capital, Cachoeira influenciava a publicação de matérias na revista, como na ocasião em que desejava promover o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) como possível ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, Policarpo teria deixado de revelar a conexão entre Demóstenes e o contraventor, mesmo sabendo disso há anos.
Delta

Na mesma reunião foi aprovada a quebra de sigilos fiscal, bancário e telefônico das filiais da construtora Delta nos estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal. A intenção é apurar os elos entre a empresa, Cachoeira e esquemas de desvio de dinheiro de obras públicas.

O relator da CPMI, Odair Cunha (PT-MG), afirmou que os requerimentos de convocação do ex-diretor da Delta, Fernando Cavendish, e da matriz da empresa, em São Paulo, poderão ser apreciados em outro momento. "Há indícios evidentes de que essa empresa, a Delta, sob o comando do senhor Cláudio Abreu, serviu à organização criminosa. Na minha opinião, não há ainda indícios suficientes para quebra de sigilos além das suas filiais no Centro-Oeste", disse.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) tentou derrubar a retirada dos requerimentos da pauta, mas foi vencido pelo plenário da CPMI, que aprovou a decisão do relator. "É um mal começo se nós aprovarmos esse sobrestamento", avaliou.

Além da decisão de ainda não investigar a Delta nacional, o relator também optou por não colocar em votação as convocações de três governadores: o de Goiás, Marconi Perrilo (PSDB), do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). De acordo com o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), esses requerimentos poderão retornar à pauta da comissão no dia 5 de junho, data marcada para a próxima reunião administrativa.

Com informações de Agência Brasil, Agência Câmara e Agência Senado.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Dilma entrega a Maria da Conceição Tavares, Prêmio Almirante Álvaro Alberto

Veja quer intimidar os setores sociais que querem debater a ética na míd...

Nassif e iG não devem indenizar ex-redator da Veja

O jornalista Luis Nassif e o portal iG não devem mais indenizar, por danos morais, o também jornalista e escritor Mario Sabino, ex-redator-chefe da revista Veja. Na segunda-feira (14/5), a ministra Isabel Gallotti, da 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, confirmou decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo que não reconheceu a existência dos alegados danos morais.

Em primeira instância, Nassif e a Internet Group do Brasil Ltda. foram condenados a pagar cem salários mínimos pela publicação, em um blog do jornalista, de uma série de artigos supostamente ofensivos sobre o então redator-chefe da revista. A decisão foi revertida pelo TJ-SP, que considerou as alegações de Mario Sabino improcedentes. De acordo com os desembargadores, o “teor crítico é próprio da atividade do articulista”.

Segundo os desembargadores, “todos os comentários limitam-se a criticar não a pessoa do demandante Mario Sabino, mas sim a sua atuação profissional como redator-chefe da revista objeto da crítica”. Para a corte estadual, “tudo indica haja sido ferida mera suscetibilidade do demandante, o que nem de longe traduz dano”.

Sabino apresentou então Recurso Especial para o STJ, que não foi provido em exame prévio pelo TJ-SP. Foi aí que o jornalista entrou com Agravo, insistindo que o caso fosse analisado na instância superior.

A relatora, ministra Isabel Gallotti, afastou a tese da defesa de omissão ou falta de fundamentação na decisão do TJ-SP. “Não se exige do julgador a análise de todos os argumentos das partes, a fim de expressar o seu convencimento”, disse ela.

Como regra, a reanálise das provas não é admitida. Por isso, a suposta violação dos dispositivos não foi analisada. A ministra entendeu que a análise das provas, no contexto das críticas feitas à revista semanal, levou o tribunal paulista a concluir – nas palavras do próprio acórdão – que “não se evidencia qualquer intuito ofensivo de caráter pessoal nos comentários, ainda que por vezes contundentes”. Com informações da Assessoria de Comunicação do STJ.

AREsp: 100409

Revista Consultor Jurídico, 16 de maio de 2012

domingo, 13 de maio de 2012

STF derruba 83% de leis estaduais


Supremo considerou inconstitucionais 66 das 79 regras julgadas em 2011 após serem aprovadas por Estados

O STF (Supremo Tribunal Federal) derrubou, no ano passado, 83% das leis estaduais que julgou por inconstitucionalidade.

Foram 66 das leis aprovadas pelas assembleias legislativas estaduais, de um total de 79 das que chegaram em 2022 ao Supremo por Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade).

Os dados são do Anuário da Justiça Brasil 2012, elaborado pelo site Consultor Jurídico e pela Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), que será lançado oficialmente amanhã pelo STF. Ele aponta que a proporção de leis inconstitucionais pelo Supremo crescendo nos últimos seis anos.

Em 2007 - primeiro ano de publicação da pesquisa - haviam sido 75%.

RJ, campeão - O Rio de Janeiro foi o Estado campeão de leis consideradas inconstitucionais pelo Supremo no ano passado. Foram 13, quase um sexto do total julgado.

Entre as leis fluminenses derrubadas pelos ministros do STF estão algumas como a curiosa regra que liberava as rinhas de galo no Estado.

A lei estadual 2.895, de autoria do então deputado estadual José Godinho Sivuca (PPB, atual PP) foi aprovada em 1998 pela Alerj e somente no ano passado pôde ir a julgamento no Supremo.

O relator, ministro Celso de Mello, ressaltou que ela apresentava conflito ostensivo com a Constituição Federal - que proíbe a prática de crueldade contra animais - e não poderia ser liberada em um único Estado.

DF, segundo - Em segundo lugar, com seis leis inconstitucionais ficou o Distrito Federal. Uma delas proibia o Governo distrital de fazer concurso para contratar estagiários.

Outra regulamentava no Distrito Federal a profissão de motoboy.

Ambas violam a competência exclusiva da União para legislar sobre trabalho.

Até liberação de rinha de galo está entre as leis que chegam ao STF
divulgação/polícia militar de minas gerais

A ética jornalística na berlinda

Por Carlos Costa
A profissão do jornalista também é regida por um código de ética. Revisado em 2007, ele afirma, no artigo 11, que “o jornalista não pode divulgar informações: I) visando o interesse pessoal ou buscando vantagem econômica; II) de caráter mórbido, sensacionalista ou contrário aos valores humanos, especialmente em cobertura de crimes e acidentes; III) obtidas de maneira inadequada, por exemplo, com o uso de identidades falsas, câmeras escondidas ou microfones ocultos, salvo em casos de incontestável interesse público e quando esgotadas todas as outras possibilidades de apuração”.

Há tempos, tive problema em sala com um aluno da pós-graduação, repórter de uma emissora de TV, que saiu em defesa do uso da câmara oculta para a realização de uma reportagem sobre drogas. Pouco tempo depois, circulou na internet um vídeo em que este mesmo rapaz entrevistava alunos da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo fumando maconha (pode ser conferido no YouTube buscando “Alunos da USP fumando maconha”). Numa linguagem eivada de preconceito, o narrador informou que a reitora não quis se pronunciar sobre o assunto.

Eis a defesa do aluno: ele fazia jornalismo investigativo. A pergunta, no caso do filmete-denúncia no campus da USP, seria: a quem interessa semelhante esforço investigativo?

“Todo jornalismo tem de ser investigativo, por definição”, já disse o jornalista Gabriel García Márquez. A frase é ótima e tem efeito. Mas não contém tanta verdade como parece. Se for mesmo verdade que qualquer prática jornalística pressupõe investigação, há uma categoria que se diferencia pelo planejamento das etapas, tempo despendido e estratégias de pesquisa: ela é o jornalismo investigativo. Infelizmente, é a categoria menos praticada hoje.

Nenhuma empresa investe tempo e recursos humanos para apurar temas do interesse público. A maioria dos textos veiculados pela mídia chegam prontos às redações de jornais, emissoras de rádio ou de televisão e também para os portais de internet. Chegam na forma de releases (comunicando que haverá o coquetel de lançamento ou que houve uma coletiva em que o governador fez determinada declaração); notícias enviadas por agências (alguém apurou ou presenciou o fato ou tragédia); ou de outros sites ou programas de rádio. Nem tudo o que é publicado é fruto de investigação.

Mas jornalismo se faz com checagem das fontes, conversas demoradas com os responsáveis por um fato novo, com a confirmação dos dados com as autoridades. Nisso a prática da profissão se diferencia das outras.

A imprensa é cortejada: laboratórios farmacêuticos, indústria automobilística, órgãos governamentais, presidentes de clube de futebol. Com o tempo, eles se aparelharam para produzir notícias, fatos, declarações, e ganhar espaço na imprensa. Mesmo com toda a “eficácia persuasória da publicidade”, o fato de um modelo da Honda ser apontado como “o preferido” pelos leitores de uma revista rende maior credibilidade do que o anúncio publicitário da montadora afirmando o mesmo. O aval da imprensa pesa mais do que o anúncio criado para a fábrica.

Na investigação, o repórter descobre documentos e provas de atividades desconhecidas do público. É o tipo de matéria-denúncia que desemboca em investigações oficiais, clássico exemplo da imprensa pressionando as instituições em nome do interesse público. Nesse trabalho, o repórter utiliza táticas similares às do policial, saindo em busca de informações, consultando documentos públicos, atuando como um detetive. Um bom exemplo é a histórica reportagem de Jânio de Freitas antecipando o resultado de uma concorrência pública para a construção da Ferrovia Norte-Sul no Governo Sarney.

Esse trabalho nem sempre exige helicópteros ou batedores. O jornalista Percival de Sousa e a investigação do affair Sacomani (ex-dirigente do Palmeiras) é um bom exemplo: o fio do novelo foi descoberto a partir da atenta leitura do Diário Oficial e a citação de uma audiência no Judiciário, detalhe que Percival pescou no ar.

Esse assunto da reportagem investigativa volta agora à discussão, por dois fatos. E ambos mostram que a ética está perdendo valor, como o sal do texto bíblico.

O primeiro caso foi a reportagem veiculada no programa Fantástico, da TV Globo, no domingo 18 de março. O repórter Marcelo Faustini, disfarçado de gestor de compras de um hospital público, no Rio de Janeiro, recebeu quatro representantes de empresas fornecedoras. Com três câmaras escondidas, dizendo-se novato na função, ele formulou perguntas básicas sobre como funciona o esquema das falsas licitações. Uma das representantes comerciais entrevistada explicava, aos risos, como se faz o dinheiro público ir para o ralo. A reportagem foi ao ar e teve grande repercussão.

Pouqíssimos questionaram o fato de que o repórter obteve as provas infringindo o código de ética: as imagens e confissões foram “obtidas de maneira inadequada, com o uso de identidades falsas, câmeras escondidas ou microfone oculto”, como diz o código.

O programa Observatório da Imprensa na TV tratou do assunto em sua edição de 27 de março, num debate que reuniu, entre outros, Luiz Garcia, articulista do diário O Globo; Caio Túlio Costa e Claudio Tognolli, este diretor-fundador da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e professor da USP. Além de Cristiane Finger, professora da pós-graduação do Departamento de Comunicação da PUC-RS. O código de ética perdeu de goleada no debate.

Luiz Garcia afirmou que “um repórter que grava alguém propondo ou revelando ato ilícito está exercendo ‘jornalismo da maior qualidade’. Eles [os entrevistados] tiveram sua privacidade invadida, sim. E foi muito bem feito”. Tognolli acredita que o jornalista deve se valer de todos os instrumentos disponíveis para revelar informações relevantes para a sociedade. Mas Cristiane Finger ponderou que as imagens captadas por câmeras ocultas são sedutoras para quem assiste e facilitadoras para quem grava. Mas que a câmera escondida é uma armadilha contra o entrevistado. “A gente comete dois crimes ali. Um, contra os direitos individuais das pessoas. Nós não estamos em um regime de exceção, as pessoas têm direitos individuais. O segundo crime é de falsa identidade. Ou seja, estamos nos fazendo passar por outra pessoa. Isso é crime previsto no Código Penal”, criticou.

Esta semana, repercutindo longa matéria do programa Domingo Espetacular, da TV Record, a revistaCartaCapital dedica sua capa à denúncia de que os dossiês publicados recentemente com alarido pela revista Veja, supostamente duro trabalho de jornalismo investigativo, não passaram de pacotes preparados pelo lobbista Carlos Cachoeira para desestabilizar secretários de Estado e favorecer a construtora Delta, que prontamente foi colocada à venda (seria comprada pelo grupo JBS).

A prática de publicar dossiês sem a necessária investigação da idoneidade e dos interesses de quem “dá de bandeja” um furo, contraria um dos conselhos do professor britânico Peter Burke, de que se deve sempre fazer a pergunta: “Quem está me mandando isso e qual o seu interesse na divulgação”. Uma das regras de ouro do jornalismo é o exercício do contraditório, ouvir a versão da outra parte.

O fato grave, no caso da Veja, é a revelação de que o lobbista chegou à ousadia de indicar em que edição e em que espaço da revista uma notícia deveria ser divulgada. Como escreve CartaCapital, o contraventor se arvora em “pauteiro da revista”. A Veja que se defenda.

O círculo virtuoso deveria ser o jornalista investigar e descobrir as fraudes, levando o tema para a esfera governamental: o Ministério Público e a Polícia Federal deveriam correr atrás do prejuízo, confirmando as denúncias e instaurando processos. Pois deve ficar clara a distinção do papel da imprensa e do jornalista e a função da polícia e da justiça. Nunca é demais lembrar: o jornalista pode investigar, mas sua função é informar; o policial tem a obrigação de investigar e de denunciar. E quem julga e quem condena (ou absolve) é o juiz. Há jornalistas fazendo de tudo: investiga, denuncia, julga e condena (absolver, jamais). Às vezes, até informa.

Infelizmente não é o que ocorre. Lembro-me do relato de uma aluna, Solange Cavalcanti, brilhante repórter que frequentava meu curso de Jornalismo em Revista em 2003. Convocada para cobrir férias de uma repórter na revista Época, Solange teve de redigir um pequeno texto sobre a rebelião num presídio do Rio. Sem meios de realizar uma apuração honesta, diante do desencontro das informações online, ela teve de decidir o desfecho do fato. Reproduzo um trecho de seu texto:

“24 de julho de 2003. Paulo Roberto Rocha, coordenador dos presídios de Bangu, no Rio de Janeiro, é assassinado. ‘Tem que publicar’, determina o editor. A reação é literalmente automática. A repórter escolhe, de forma aleatória, três sítios na internet para a ‘checagem’ da notícia. Neles, não há acordo nem quanto à hora do crime nem onde o tiro acertou. Entre informações que indicam a nuca e as costas, 20h30 ou 23h, é uma estagiária quem faz a escolha: Rocha foi assassinado às 23h com um tiro nas costas. Nenhum contato com a polícia do Rio, com o necrotério, com repórteres locais da mesma empresa, nada”.

Não é desse tipo de jornalismo que precisamos.

Carlos Costa é jornalista, professor da Faculdade Cásper Líbero e editor da revista diálogos & debates.

Revista Consultor Jurídico, 9 de maio de 2012

Internet supera o jornal impresso como segunda mídia mais acessada de 2012, mostra pesquisa

12/5/2012 22:43, Por Redação, com Adnews e ACSs - de São Paulo

Fabio Coelho, presidente do IAB-Brasil: Internet 'é um meio pujante'

A internet assumirá a segunda posição entre as mídias ainda em 2012, deixando o meio jornal para trás. Segundo estimativa apresentada pela seccional brasileira da agência Interactive Advertising Bureau (IAB Brasil), o meio digital crescerá 39%, fechando o ano com 13,7% de participação e faturamento na casa dos R$ 4,7 bilhões. Em 2011, a web representava 11% do polo publicitário.

Para Fabio Coelho, presidente da IAB-Brasil, o crescimento do mercado de buscas será de 50% e o de display (banner) terá incremento de 25%. Coelho – que também preside o Google Brasil, confirma o crescimento da internetno país, em média, quatro vezes mais do que o mercado de publicidade, em geral – e esses números não contabilizam as redes sociais. A agência, em breve, divulgará uma estimativa de faturamento para este ano, em que sites como Facebook e Twitter estarão envolvidos.

As 100 maiores empresas do país investem 13,4% de suas verbas publicitárias no meio digital, segundo Coelho, que considerou a web um mercado “pujante”. Para chegar aos resultados apresentados hoje, o IAB considerou 80 milhões de internautas no país maiores de 16 anos, dos quais 49% pertencem às classes C, D e E e 51%, às A e B.

sábado, 12 de maio de 2012

Ponte Brasil-Guiana Francesa quase pronta


11/5/2012 11:56, Por Leandro Mazzini - de Brasília

Sem fiscalização, ponte virá passarela e pessoas praticam o comércio e a prostituição

A Ponte Binacional Oiapóque-San Jorge, entre Brasil e Guiana Francesa, está 99% pronta. Do lado de lá. Em Oiapóque não há cabines de polícia e da imigração. Ainda não aberta a veículos, virou passarela para os crioulos guianos atravessarem a pé, sem qualquer fiscalização, para Oiapóque, onde fomentam o comércio e a prostituição.

Lula agradece pelo Prêmio Four Freedoms

Revista elege Dilma como segunda mãe mais poderosa do mundo

11/5/2012 14:08, Por Redação, com Reuters – de BrasíliA


Presidenta Dilma é eleita a segunda mãe mais poderosa do mundo

A presidenta DilmaRousseff foi eleita pela revista Forbes a segunda mãe mais poderosa do mundo, apenas atrás da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton.

A lista foi divulgada na quinta-feira pela proximidade do Dia das Mães, comemorado no domingo. Segundo a revista, a escolha foi feita com base em escolha anterior das 100 mulheres mais poderosas do mundo, na qual Dilma ficou em terceiro lugar.

As mães se destacam nas áreas de governo, negócios, entretenimento e filantropia, informou a Forbes.

Dilma ficou à frente de nomes como o de Christine Lagarde, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), que ocupa o sexto lugar, e da primeira dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, na sétima posição.

A escolha vem na semana em que a presidenta se prepara para anunciar um pacote para a primeira infância, em pronunciamento no domingo.

Desde a pré-campanha presidencial, a equipe da então candidata petista vendeu a ideia de que Dilma era a “mãe do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)”, criado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Se pagar bem, que mal tem?

Vaticano
04.05.2012 11:55


Em 1990, a Basílica de Santo Apolinário precisava de reforma. Foi a justificativa do vigário-geral de Roma, cardeal Ugo Poletti, para aceitar 1 bilhão de liras para sepultar Enrico de Pedis, com o título de “benfeitor dos pobres” e o nome gravado em diamantes, dentro desse templo milenar, ao lado de nomes importantes da história da Itália e da Igreja.


Benfeitor? Tendo dinheiro, até mafioso pode ser sepultado com honras de santo católico

Não importava que o homem tivesse sido assassinado por ex-capangas na qualidade de líder da Banda della Magliana, organização criminosa e narcotraficante romana responsável por inúmeros crimes comuns e por atentados em colaboração com a extrema-direita e com Licio Gelli e a Loja P2, incluindo o assassinato em 1979 do jornalista Mino Pecorelli, ao investigar ligações mafiosas do primeiro-ministro Giulio Andreotti.

Em 2008, quando a basílica (sede de uma universidade da Opus Dei) completava a reforma, a ex-amante do criminoso afirmou que o responsável pelo misterioso desaparecimento em 1983 de Emanuela Orlandi, filha de 15 anos de um funcionário do Vaticano, fora o arcebispo Paul Marcinkus.

E um denunciante anônimo afirmou que a solução do mistério estaria na tumba de De Pedis. Suspeitou-se que ele teria sequestrado a moça para calar o pai, que sabia das ligações de Marcinkus com o crime organizado.

Após muito relutar, o Vaticano, por fim, aceitou abrir a cripta na presença de investigadores italianos. Estejam lá ou não os restos da jovem, o túmulo do mafioso, hoje atração turística, vai para lugar mais discreto.

Aecio se irrita c/ repórter após Carlinhos Cachoeira aparelhar governo t...

domingo, 6 de maio de 2012

Luiz Nassif revela as matérias que Cachoeira plantou na Veja

6/5/2012 14:45, Por Luiz Nassif - de São Paulo


A situação política do senador Demóstenes Torres beira a insustentabilidade após a descoberta dos 'furos' de Veja

Em 2008 dei início à primeira batalha de um blog contra uma grande publicação no Brasil. Foi O caso de Veja, uma série de reportagens denunciando o jornalismo da revista Veja. Nela, selecionei um conjunto de escândalos inverossímeis, publicados pela revista. Eram matérias que se destacavam pela absoluta falta de discernimento, pela divulgação de fatos sem pé nem cabeça.

A partir dos “grampos” em Carlinhos Cachoeira foi possível identificar as matérias que montava em parceria com arevista. A maior parte delas tinha sido abordada na série, porque estavam justamente entre as mais ostensivamente falsas.

Com o auxílio de leitores, aí vai o mapeamento das matérias:

Do grampo da PF divulgado pela revista Veja este fim de semana.

Cachoeira: Jairo, põe um trem na sua cabeça. Esse cara aí não vai fazer favor pra você nunca isoladamente, sabe? A gente tem que trabalhar com ele em grupo. Porque os grande furos do Policarpo fomos nós que demos, rapaz. Todos eles fomos nós que demos (…).

Cachoeira: Eu fiquei puto porque ontem ele xingou o Dadá tudo pro Cláudio, entendeu? E você dando fita pra ele, entendeu? (…)

Cachoeira: Agora, vamos trabalhar em conjunto porque só entre nós, esse estouro aí que aconteceu foi a gente. Foi a gente. Quer dizer: mais um. O Jairo, conta quantos foram. Limpando esse Brasil, rapaz, fazendo um bem do caralho pro Brasil, essa corrupção aí. Quantos já foram, rapaz. E tudo via Policarpo.

Graças ao grampo, é possível mapear alguns dos “furos” mencionados pelo bicheiro na conversa entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira com o PM-araponga Jairo Martins, um ex-agente da Abin que se vangloria de merecer um Prêmio Esso por sua colaboração com Veja em Brasília. Martins está preso, junto com seu superior na quadrilha de Cachoeira, o sargento aposentado da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá, fonte contumaz de jornalistas – com os quais mantém relações de agente duplo, levando e trazendo informações do submundo da arapongagem.

O primeiro registro da associação entre Veja e Cachoeira está numa reportagem de 2004, que desmoralizou uma CPI em que o bicheiro era investigado. Em janeiro daquele ano, Cachoeira foi a fonte da revistaÉpoca, concorrente de Veja, na matéria que mostrou Waldomiro Diniz, sub de José Dirceu, pedindo propina ao bicheiro quando era dirigente do governo do Rio (2002). Depois disso, Cachoeira virou assinante de Veja.

As digitais do bicheiro e seus associados, incluindo o senador Demóstenes Torres, estão nos principais furos da Sucursal de Brasília ao longo do governo Lula: os dólares de Cuba, o dinheiro das FARC para o PT, a corrupção nos Correios, o espião de Renan Calheiros, o grampo sem áudio, o “grupo de inteligência” do PT.

O que essas matérias têm em comum:

1) A origem das denúncias é sempre nebulosa: “um agente da Abin”, “uma pessoa bem informada”, “um espião”, “um emissário próximo”.
2) As matérias sempre se apoiam em fitas, DVDs ou cópias de relatórios secretos – que nem sempre são apresentados aos leitores, se é que existem.
3) As matérias atingem adversários políticos ou concorrentes nos negócios de Cachoeira e Demóstenes Torres (o PT, Lula, o grupo que dominava os Correios, o delegado Paulo Lacerda, Renan Calheiros, a campanha de Dilma Rousseff)
4) Nenhuma das denúncias divulgadas com estardalhaço se comprovou (única exceção para o pedido de propina de R$3 mil no caso dos Correios).
5) Assim mesmo, todas tiveram ampla repercussão no resto da imprensa.

Confira agora a cachoeira dos furos da Veja em associação com Demóstenes, arapongas e capangas do bicheiro preso:

1) O caso do bicheiro vítima de extorsão
Revista Veja Edição 1.878 de 3 de novembro de 2004

Trecho da matéria: Na semana passada, o deputado federal André Luiz, do PMDB do Rio de Janeiro, não tinha amigos nem aliados, pelo menos em público. Seu isolamento deveu-se à denúncia publicada por Veja segundo a qual o deputado tentou extorquir R$4 milhões do empresário de jogosCarlos Cachoeira. As negociações da extorsão, todas gravadas por emissários de Cachoeira, sugerem que André Luiz agia em nome de um grupo de deputados.
Nota: A fonte da matéria são “emissários de Cachoeira”, o “empresário de jogos” que Veja transformou de investigado em vítima na mesma CPI.

2) O caso do dinheiro das Farc
Capítulo 1 – Revista Veja Edição 1896 de 16 de março de 2005

Trecho da reportagem: Um agente da Abin, infiltrado na reunião, ouviu tudo, fez um informe a seus chefes (…) Sob a condição de não reproduzi-los nas páginas da revista, Veja teve acesso a seis documentos da pasta que trata das relações entre as Farc e petistas simpatizantes do movimento.

Capítulo 2 – Revista Veja Edição 1.899 de 6 de abril de 2005
Trechos da matéria: Na semana passada, a comissão do Congresso encarregada de fiscalizar o setor de inteligência do governo resolveu entrar no caso Farc-PT. Na quinta-feira passada, a comissão do Congresso decidiu convocar o coronel e o espião. Os membros da comissão também querem ouvir José Milton Campana, que hoje ocupa o cargo de diretor adjunto da Abin e, na época, se envolveu com a investigação dos supostos laços financeiros entre as Farc e o PT.
O senador Demóstenes Torres, do PFL de Goiás, teme que a discussão sobre o regimento sirva só para adiar os depoimentos.

– Para ouvir a versão do governo e tentar dar o caso por encerrado, ninguém precisou de regimento – diz ele.

3) O caso Mauricio Marinho
Capítulo 1 – Revista Veja Edição 1.905 de 18 de maio de 2005

Trecho da reportagem: Há um mês, dois empresários estiveram no prédio central dos Correios, em Brasília. Queriam saber o que deveriam fazer para entrar no seleto grupo de empresas que fornecem equipamentos de informática à estatal.

Foram à sala de Maurício Marinho, 52 anos, funcionário dos Correios há 28, que desde o fim do ano passado chefia o departamento de contratação e administração de material da empresa. Marinho foi objetivo na resposta à indagação dos empresários. Disse que, para entrar no rol de fornecedores da estatal, era preciso pagar propina. “Um acerto”, na linguagem do servidor. Os empresários, sem que Marinho soubesse, filmaram a conversa. A fita, à qual Veja teve acesso, tem 1 hora e 54 minutos de duração.

Nota: As investigações da PF e de uma CPI mostraram que o vídeo foi entregue à revista pelo PM-araponga Jairo Martins, que “armou o cenário” da conversa com Marinho a mando de concorrentes nas licitações dos Correios.

4) O caso dos dólares de Cuba
Revista Veja Edição 1.929 de 2 de novembro de 2005 (Clique aqui)

Trecho da reportagem: (Vladimir) Poleto, (principal fonte da reportagem) até hoje, é um amigo muito próximo do irmão de (Ralf) Barquete, Ruy Barquete, que trabalha na Procomp, uma grande fornecedora de terminais de loteria para a Caixa Econômica Federal. Até a viúva de Barquete, Sueli Ribas Santos, já comentou o assunto. Foi em um período em que se encontrava magoada com o PT por entender que seu falecido marido estava sendo crucificado. A viúva desabafou: “Eles pegavam dinheiro até de Cuba!”.

Nota: A empresa de Barquete venceu a concorrência da Caixa Econômica Federal para explorar terminais de jogos em 2004, atravessando um acordo que estava sendo negociado entre a americana Gtech (antiga concessionária) e Carlinhos Cachoeira, com suposta intermediação de Waldomiro Diniz. O banqueiro teria deixado de faturar R$30 milhões m cinco anos.
A armação era para pegar Antônio Palloci, padrinho de Barquete. Pegou Dirceu.

5) O caso Francisco Escórcio
Revista Veja Edição 2.029 de 10 de outubro de 2007

Chamada no alto, à esquerda: “Renan agora espiona os adversários”
Na semana passada, Demóstenes Torres e Marconi Perillo foram procurados por amigos em comum e avisados da trama dos arapongas de Renan. Os senadores se reuniram na segunda-feira no gabinete do presidente do Tribunal de Contas de Goiás, onde chegaram a discutir a possibilidade de procurar a polícia para tentar flagrar os arapongas em ação. “Essa história é muito grave e, se confirmada, vai ser alvo de uma nova representação do meu partido contra o senador Renan Calheiros”, disse o tucano Marconi Perillo. “Se alguém quiser saber os meus itinerários, basta me perguntar. Tenho todos os comprovantes de voos e os respectivos pagamentos”.

Demóstenes Torres disse que vai solicitar uma reunião extraordinária das lideranças do DEM para decidir quais as providências que serão tomadas contra Calheiros. “É intolerável sob qualquer critério que o presidente utilize a estrutura funcional do Congresso para cometer crimes”, afirma Demóstenes.

Pedro Abrão, por sua vez, confirma que os senadores usam seu hangar, que conhece os personagens citados, mas que não participou de nenhuma reunião. O empresário, que já pesou mais de 120 quilos, fez uma cirurgia de redução de estômago e está bem magrinho, como disse Escórcio. Renan Calheiros não quis falar.

Com reportagem de Alexandre Oltramari (que viria a ser assessor de Marconi Perillo).

Nota: Demóstenes é a única fonte que confirma a versão em que teria sido vítima.

6) O caso do grampo sem áudio
Capítulo 1 – Revista Veja, Edição 2022, 22 de agosto de 2007
Capítulo 2 – Revista Veja Edição 2073 de 13 de agosto de 2008
Capítulo 3 – Revista Veja Edição 2.076 de 3 de setembro 2008

Chamada acima do logotipo: “Poder paralelo”
Trecho do texto: O diálogo entre o senador e o ministro foi repassado à revista por um servidor da própria Abin sob a condição de se manter anônimo.

Trecho do texto: O senador Demóstenes Torres também protestou: “Essa gravação mostra que há um monstro, um grupo de bandoleiros atuando dentro do governo. É um escândalo que coloca em risco a harmonia entre os poderes”. O parlamentar informou que vai cobrar uma posição institucional do presidente do Congresso, Garibaldi Alves, sobre o episódio, além de solicitar a convocação imediata da Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso para
analisar o caso. “O governo precisa mostrar que não tem nada a ver e nem é conivente com esse crime contra a democracia”.

Nota: O grampo sem áudio jamais foi exibido ou encontrado, mas a repercussão da matéria levou à demissão do delegado Paulo Lacerda da chefia da Abin.

7) O caso do “grupo de inteligência” do PT
Capítulo 1 – Revista Veja Edição 2.167 de 2 de junho de 2010 (Clique aqui)

Trecho do texto: Não se sabe, mas as fontes de Veja que presenciaram os eventos mais de perto contam que, a certa altura…

Nota: A “fonte” não citada é o ex-sargento Idalberto Matias, o Dadá, funcionário de Carlinhos Cachoeira, apresentado a Luiz Lanzetta como especialista em varreduras.

Capítulo 2 – Revista Veja Edição de julho de 2010
Trecho de entrevista com o ex-delegado Onézimo de Souza, que sustentou (e depois voltou atrás) a história de que queriam contratá-lo para grampear Serra:

O senhor foi apontado como chefe de um grupo contratado para espionar adversários e petistas rivais?

Fui convidado numa reunião da qual participaram o Lanzetta, o Amaury [Ribeiro], o Benedito [de Oliveira, responsável pela parte financeira] e outro colega meu, mas o negócio não se concretizou.

Nota: O outro colega do delegado-araponga, que Veja não menciona em nenhuma das reportagens sobre o caso, é o ex-sargento Idalberto Matias, o Dadá, capanga de Cachoeira e contato do bicheiro com a revista Veja (o outro contato é Jairo Martins, o policial associado a Policarpo Jr.).

Luiz Nassif é jornalista, editor do sítio Luiz Nassif Online.