sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Tênis minimalistas superam tênis profissionais em ganho muscular

Redação do Diário da Saúde

Tênis simples

Se você é profissional ou apenas gosta de praticar esportes, e por isto está sempre ligado nos últimos lançamentos de tênis e outros calçados, talvez seja melhor repensar suas expectativas quanto ao que a tecnologia pode lhe trazer em termos de conforto e rendimento.

Uma comparação exaustiva entre os tênis mais modernos e "calçados minimalistas" mostraram que os tênis mais simples apresentam maiores ganhos em termos musculares tanto para os pés como para as pernas.

Pesquisadores da Universidade Politécnica de Hong Kong e da Escola de Medicina de Harvard (EUA) recrutaram 38 corredores, com idade média de 35 anos, de clubes de corrida locais. Os participantes - 21 homens e 17 mulheres - corriam há seis anos em média, usando todos os aparatos que a tecnologia disponibiliza, incluindo tênis modernos, almofadas de amortecimento adicionais e apoios para a arcada plantar.

Depois de feitas todas as medições, os voluntários foram divididos em dois grupos, um deles com os tênis e demais aparatos que já usavam, e outro passando a usar um tênis simples, com solado plano - mesma altura da ponta dos dedos ao calcanhar - de 3 milímetros de espessura.

Ganho muscular

O grupo experimental, usando os tênis simples, apresentou ganhos musculares significativamente maiores nos pés e nas pernas - na verdade, eles apresentaram ganhos, enquanto o outro grupo não.

O volume médio dos músculos extrínsecos do pé - ligados da perna ao pé - aumentou de cerca de 25,100 milímetros cúbicos por quilograma (mm3/kg) para cerca de 27,000 mm3/kg, enquanto os músculos intrínsecos do pé - ligados do calcanhar aos dedos - aumentaram de cerca de 4,600 mm3/kg para perto de 5.000 mm3/kg, um aumento de 8,8%.

Agrupando os músculos pelas regiões anterior e posterior do pé, o ganho muscular deu-se principalmente na parte anterior - o volume médio da parte anterior aumentou em 11,9% e da parte posterior em 6,6%.

Mesmo submetidos ao mesmo regime de treinamento durante os seis meses, o volume muscular das pernas e dos pés no grupo de controle permaneceu inalterado.

Cinco métodos para controlar a dor com a mente

Baseado em artigo da BBC

1 - A respiração profunda

Esta técnica é fundamental para o resto das alternativas que podem ser usadas para ajudar a controlar a dor.

Trata-se de respirar profundamente por alguns segundos e depois expirar.

Para ajudar a manter a concentração e o ritmo da respiração, podem ser usadas palavras ou frases. Por exemplo, cada vez que você respira, você pode dizer "Bem-vindo, bem-estar". Ao expirar, "Adeus, dores."


2 - Atenção plena

A ideia é concentrar-se no momento em que você está vivendo, evitando preocupações passadas e futuras. Para os mais espiritualizados, o mantra preferido é: "Nada se pode fazer quanto ao passado, e o futuro eu entrego a Deus".

"Esta técnica envolve basicamente focar no presente, sem julgamento", diz a neurocientista Sara Lazar, do Hospital Geral de Massachusetts.

Para muitos, o primeiro impulso à dor é tentar se desligar de qualquer maneira. Ao usar a atenção plena para controlar a dor, no entanto, o que se busca é se aproximar da sensação e aprender a conhecê-la "assistindo-a" objetivamente. Em outras palavras, tornar-se um observador da própria dor.

Tem-se que considerar os seguintes elementos: Onde começa o que sinto? Isso muda com o passar do tempo? Como é possível descrevê-la?


3 - Meditação e visualização

O processo inicia prestando-se atenção à respiração seguindo a técnica ensinada acima.

Isso é feito em uma atmosfera de relaxamento completo, sem ruídos ou estímulos que possam distrair, como música de fundo.

Além disso, você pode pensar em um lugar que está associado com tranquilidade, paz e prazer: Uma praia com o som das ondas; pássaros cantando em uma paisagem bucólica.

Se a mente se distrair e começar a pensar em outras coisas, traga de volta a imagem que causa tranquilidade - sem se censurar por ter-se distraído.


4 - Concentração e positividade

Escolher uma atividade que você gosta é outra opção. Pode ser qualquer coisa que gera prazer: leitura de poesia, fazer caminhadas em espaços verdes, culinária ou dedicar-se à jardinagem.

O objetivo é concentrar-se de forma absoluta no que você está fazendo e prestar atenção nos mínimos detalhes, observando como os sentidos reagem e quais são as sensações que você experimenta.

Quando uma pessoa não está bem, muitas vezes pensa apenas no que não pode fazer.Direcionar a atenção para o que pode fazer ajuda a parar de pensar na dor.

Ter um diário e registrar regularmente as razões ou coisas de que você gosta é uma maneira de fazer isso, explica a professora Ellen Slawsby, de Harvard.


5 - Gerar a resposta de relaxamento

É o antídoto para o estresse que gera a dor. Permite controlar o aumento da frequência cardíaca e as reações do corpo, que entra em alerta com o estresse.

Neste caso, a primeira coisa a fazer é fechar os olhos e relaxar todos os músculos do corpo - vá pensando em cada parte do corpo, de cima para baixo ou de baixo para cima, relaxando cada uma delas.

Em seguida, preste atenção na respiração. Quando os pensamentos começarem a aparecer, devemos recorrer a uma palavra que cada um escolher para voltar a se concentrar na respiração.

Viva este processo durante 10 a 20 minutos. Então, permita o retorno dos pensamentos, mas não se esqueça de estar consciente do seu momento de relaxamento, deixando que a vida volte a se encaixar aos poucos em sua consciência. Finalmente, abra os olhos.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Frases do diálogo Renan - Sérgio Machado

Ela [Dilma] tem uma bravura pessoal que é uma coisa inacreditável, (Renan)


Está todo mundo sentindo um aperto nos ombros. Renan, não sobra ninguém, Renan! Renan, eu fui do PSDB dez anos, Renan. Não sobra ninguém, Renan. (Sérgio Machado)

Tá todo mundo se cagando, presidente. Todo mundo se cagando. Então ou a gente age rápido. O erro da presidente foi deixar essa coisa andar. Essa coisa andou muito. Aí vai toda a classe política para o saco. Não pode ter eleição agora. (Sérgio Machado)

DEZ QUESTÕES SOBRE A PEC 241

Economista Laura Carvalho, professora da Faculdade de Economia, Contabilidade e Administração da USP, organizou uma lista de perguntas e respostas sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que limita o crescimento dos gastos públicos; de forma didática, ela tira as principais dúvidas sobre o assunto e ajuda a desconstruir alguns mitos em relação ao tema; confira

Portal Vermelho - 13 DE OUTUBRO DE 2016 ÀS 20:45
1. A PEC serve para estabilizar a dívida pública?

Economista Laura Carvalho - Não. A crise fiscal brasileira é sobretudo uma crise de arrecadação. As despesas primárias, que estão sujeitas ao teto, cresceram menos no governo Dilma do que nos dois governos Lula e no segundo mandato de FHC. O problema é que as receitas também cresceram muito menos – 2,2% no primeiro mandato de Dilma, 6,5% no segundo mandato de FHC, já descontada a inflação. No ano passado, as despesas caíram mais de 2% em termos reais, mas a arrecadação caiu 6%. Esse ano, a previsão é que as despesas subam 2% e a arrecadação caia mais 4,8%.

A falta de receitas é explicada pela própria crise econômica e as desonerações fiscais sem contrapartida concedidas pelo governo e ampliadas pelo Congresso. Um teto que congele as despesas por 20 anos nega essa origem pois não garante receitas, e serve para afastar alternativas que estavam na mesa no ano passado, como o fim da isenção de 1995 sobre tributação de dividendos, o fim das desonerações e o combate à sonegação. A PEC garante apenas que a discussão seja somente sobre as despesas.

A PEC também desvia o foco do debate sobre a origem da nossa alta taxa de juros – que explica uma parte muito maior do crescimento da dívida, já que se refere apenas às despesas primárias federais. Uma elevação da taxa de juros pelo Banco Central tem efeito direto sobre o pagamento de juros sobre os títulos indexados à própria taxa Selic, por exemplo – uma jabuticaba brasileira.

A PEC é frouxa no curto prazo, pois reajusta o valor das despesas pela inflação do ano anterior. Com a inflação em queda, pode haver crescimento real das despesas por alguns anos (não é o governo Temer que terá de fazer o ajuste). No longo prazo, quando a arrecadação e o PIB voltarem a crescer, a PEC passa a ser rígida demais e desnecessária para controlar a dívida.

2. A PEC é necessária no combate à inflação?

Economista Laura Carvalho - Também não. De acordo com o Banco Central, mais de 40% da inflação do ano passado foram causados pelo reajuste brusco dos preços administrados que estavam represados (combustíveis, energia elétrica...). Hoje, a inflação já está em queda e converge para a meta. Ainda mais com o desemprego aumentando e a indústria com cada vez mais capacidade ociosa, como apontam as atas do BC.

3. A PEC garante a retomada da confiança e do crescimento?

Economista Laura Carvalho - O que estamos vendo é que o corte de despesas de 2015 não gerou uma retomada. As empresas estão endividadas, têm capacidade ociosa crescente e não conseguem vender nem o que são capazes de produzir. Os indicadores de confiança da indústria, que aumentaram após o impeachment, não se converteram em melhora real. Os últimos dados de produção industrial apontam queda em mais de 20 setores. A massa de desempregados não contribui em nada para uma retomada do consumo. Que empresa irá investir nesse cenário?

Uma PEC que levará a uma estagnação ou queda dos investimentos públicos em infraestrutura física e social durante 20 anos em nada contribui para reverter esse quadro, podendo até agravá-lo.

4. A PEC garante maior eficiência na gestão do dinheiro público?

Economista Laura Carvalho - Para melhorar a eficiência é necessário vontade e capacidade. Não se define isso por uma lei que limite os gastos. A PEC apenas perpetua os conflitos atuais sobre um total de despesas já reduzido. Tais conflitos costumam ser vencidos pelos que têm maior poder econômico e político. Alguns setores podem conquistar reajustes acima da inflação, e outros pagarão o preço.

5. A PEC preserva gastos com saúde e educação?

Economista Laura Carvalho - Não, estas áreas tinham um mínimo de despesas dado como um percentual da arrecadação de impostos. Quando a arrecadação crescia, o mínimo crescia. Esse mínimo passa a ser reajustado apenas pela inflação do ano anterior. Claro que como o teto é para o total de despesas de cada Poder, o governo poderia potencialmente gastar acima do mínimo. No entanto, os benefícios previdenciários, por exemplo, continuarão crescendo acima da inflação por muitos anos, mesmo se aprovarem outra reforma da Previdência (mudanças demoram a ter impacto). Isso significa que o conjunto das outras despesas ficará cada vez mais comprimido.

O governo não terá espaço para gastar mais que o mínimo em saúde e educação (como faz hoje, aliás). Gastos congelados significam queda vertiginosa das despesas federais com educação por aluno e saúde por idoso, por exemplo, pois a população cresce.

Outras despesas importantes para o desenvolvimento, que sequer têm mínimo definido, podem cair em termos reais: cultura, ciência e tecnologia, assistência social, investimentos em infraestrutura, etc. Mesmo se o país crescer...

6. Essa regra obteve sucesso em outros países?

Economista Laura Carvalho - Nenhum país aplica uma regra assim, não por 20 anos. Alguns países têm regra para crescimento de despesas. Em geral, são estipuladas para alguns anos e a partir do crescimento do PIB, e combinadas a outros indicadores. Além disso, nenhum país tem uma regra para gastos em sua Constituição.

7. Essa regra aumenta a transparência?

Economista Laura Carvalho - Um Staff Note do FMI de 2012 mostra que países com regras fiscais muito rígidas tendem a sofrer com manobras fiscais de seus governantes. Gastos realizados por fora da regra pelo uso de contabilidade criativa podem acabar ocorrendo com mais frequência.

O país já tem instrumentos de fiscalização, controle e planejamento do orçamento, além de metas fiscais anuais. Não basta baixar uma lei sobre teto de despesas, é preciso que haja o desejo por parte dos governos de fortalecer esses mecanismos e o realismo/transparência da política fiscal.

8. A regra protege os mais pobres?

Economista Laura Carvalho - Não mesmo! Não só comprime despesas essenciais e diminui a provisão de serviços públicos, como inclui sanções em caso de descumprimento que seriam pagas por todos os assalariados. Se o governo gastar mais que o teto, fica impedido de elevar suas despesas obrigatórias além da inflação. Como boa parte das despesas obrigatórias é indexada ao salário mínimo, a regra atropelaria a lei de reajuste do salário mínimo impedindo sua valorização real – mesmo se a economia estiver crescendo.

O sistema político tende a privilegiar os que mais têm poder. Reajusta salários de magistrados no meio da recessão, mas corta programas sociais e investimentos. Se nem quando a economia crescer, há algum alívio nessa disputa (pois o bolo continua igual), é difícil imaginar que os mais vulneráveis fiquem com a fatia maior.

9. A PEC retira o orçamento da mão de políticos corruptos?

Economista Laura Carvalho - Não. Apesar de limitar o tamanho, são eles que vão definir as prioridades no orçamento. O Congresso pode continuar realizando emendas parlamentares clientelistas. No entanto, o Ministério da Fazenda e do Planejamento perdem a capacidade de determinar quando é possível ampliar investimentos e gastos como forma de combate à crise, por exemplo. Imagina se a PEC 241 valesse durante a crise de 2008 e 2009?

10. É a única alternativa?

Economista Laura Carvalho - Não. Há muitas outras, que passam pela elevação de impostos sobre os que hoje quase não pagam (os mais ricos têm mais de 60% de seus rendimentos isentos de tributação, segundo dados da Receita Federal), o fim das desonerações fiscais que até hoje vigoram e a garantia de espaço para investimentos públicos em infraestrutura para dinamizar uma retomada do crescimento. Com o crescimento maior, a arrecadação volta a subir.

domingo, 2 de outubro de 2016

5 PAÍSES SE UNIRAM PARA ESPIONAR E FINANCIAR O GOLPE NO BRASIL

NA LUTA TODO DIA - Edward Snowden, ex-militar dos EUA, denuncia há anos o sistema integrado de espionagem ianque que monitora dados em todas as áreas em beneficio dos interesses das multinacionais e imperialismo norte-americanos, motivo pelo qual está exilado na Rússia há 4 anos.

O ex-agente da NSA revelou notícias de que o Brasil era uma das mais importantes peças do xadrez latino-americano, estando no centro do monitoramento. Os fatos, inclusive, deixaram o governo deposto de Dilma Rousseff em alerta. O fato é que não eram apenas os norte-americanos, mas 5 países (Canadá, EUA, Grã-Bretanha, Austrália e Nova Zelândia), o chamado ‘5 olhos’, uma aliança estratégica de troca de informações, que bisbilhotou o governo brasileiro. O Canadá, por exemplo, através da Communications Security Establishment Canada (CSEC) espionou o Ministério de Minas e Energia à época dos leilões do campo de Libra, maior campo de petróleo já descoberto no país.

As informações de todos os processos de investigações e decisões estratégicas do governo foram demasiadamente estudados pelos EUA. Também pudera, 80% das conexões de internet passam por lá. Estima-se que 2,3 bilhões de telefonemas e mensagens foram interceptadas. A coleta foi feita por ‘backbones’, vias principais por onde transitam os dados, os quais os governos tem acesso com ajuda das companhias de comunicações. Os norte-americanos possuem 14 agências de espionagem, porém somente a NSA (National Security Agency) criada há 61 anos emprega 35 mil funcionários.

Além da espionagem, um grupo de magnatas internacionais, em parceria com seus governos, passou a financiar aberta e francamente organizações que há vários anos atacavam o governo socialdemocrata do PT, embora este nunca tivesse sequer ameaçado o poder dos grandes capitalistas nacionais e internacionais. Alguns institutos defensores do Liberalismo Econômico foram abarrotados de dinheiro por grupos midiáticos e bancos norte-americanos para realizar uma ampla campanha anti-esquerda e anti-comunista no Brasil.

O banco Merrill Lynch e o Bank of America depositaram gordas contribuições na conta do Instituto Milenium, o mais novo deles, fundado em 2005 e que reúne personalidades abertamente direitistas e conservadoras como Rodrigo Constantino, Olavo de Carvalho, Ali Kamel (Rede Globo) e Reinaldo Azevedo. Ressalta-se que as empresas do Grupo Abril, OESP (Estadão), Grupo RBS (Afiliada da Globo no Rio Grande do Sul), Grupos Gerdau e Suzano, Abert, Universidade Estácio captaram dinheiro no exterior, através de seus meios ‘legais’ para manipular a opinião pública e apoiar o golpe parlamentar colaborando para o retrocesso que estamos vivendo no país. Essas são mantenedoras do Milenium e outros Institutos (Liberdade, Liberal, Ling, e Atlantico). Fica claro que a deposição de Dilma Roussef foi uma articulação midiática, jurídica e parlamentar com ampla mobilização entre os partidos de direita em aliança com empresários e governos internacionais, para impor uma intensa agenda de retirada de direitos sociais e um ajuste fiscal ainda mais draconiano do que vinha sendo aplicado. O golpe, já reconhecido por Temer, não pode passar impune! Lutemos com todas as forças.

sábado, 1 de outubro de 2016

NÓS ERRAMOS (Frei Beto)

Continuo a fazer coro com o “Fora Temer” e a denunciar, aqui na Europa, onde me encontro a trabalho, a usurpação do vice de Dilma como golpe parlamentar. Porém, as forças políticas progressistas, que deram vitória ao PT em quatro eleições presidenciais, devem fazer autocrítica.

Não resta dúvida, exceto para o segmento míope da oposição, que os 13 anos do governo do PT foram os melhores de nossa história republicana. Não para o FMI, que mereceu cartão vermelho; não para os grandes corruptores, atingidos pela autonomia do Ministério Público e da Polícia Federal; nem para os interesses dos EUA, afetados por uma política externa independente; nem para os que defendem o financiamento de campanhas eleitorais por empresas e bancos; nem para os invasores de terras indígenas e quilombolas.

Os últimos 13 anos foram melhores para 45 milhões de brasileiros que, beneficiados pelos programas sociais, saíram da miséria; para quem recebe salário mínimo, anualmente corrigido acima da inflação; para os que tiveram acesso à universidade, graças ao sistema de cotas, ao ProUni e ao Fies; para o mercado interno, fortalecido pelo combate à inflação; para milhões de famílias beneficiadas pelo programas Luz para Todos e Minha Casa, Minha Vida; e para todos os pacientes atendidos pelo programa Mais Médicos.

No entanto, nós erramos. O golpe foi possível também devido aos nossos erros. Em 13 anos, não promovemos a alfabetização política da população. Não tratamos de organizar as bases populares. Não valorizamos os meios de comunicação que apoiavam o governo nem tomamos iniciativas eficazes para democratizar a mídia. Não adotamos uma política econômica voltada para o mercado interno.

Nos momentos de dificuldades, convocamos os incendiários para apagar o fogo, ou seja, economistas neoliberais que pensam pela cabeça dos rentistas. Não realizamos nenhuma reforma estrutural, como a agrária, a tributária e a previdenciária. Hoje, somos vítimas da omissão quanto à reforma política.

Em que baú envergonhado guardamos os autores que ensinam a analisar a realidade pela óptica libertadora dos oprimidos? Onde estão os núcleos de base, as comunidades populares, o senso crítico na arte e na fé?

Por que abandonamos as periferias; tratamos os movimentos sociais como menos importantes; e fechamos as escolas e os centros de formação de militantes?

Fomos contaminados pela direita. Aceitamos a adulação de seus empresários; usufruímos de suas mordomias; fizemos do poder um trampolim para a ascensão social.

Trocamos um projeto de Brasil por um projeto de poder. Ganhar eleições se tornou mais importante que promover mudanças através da mobilização dos movimentos sociais. Iludidos, acatamos uma concepção burguesa de Estado, como se ele não pudesse ser uma ferramenta em mãos das forças populares, e merecesse sempre ser aparelhado pela elite.

Agora chegou a fatura dos erros cometidos. Nas ruas do país, a reação ao golpe não teve força para evitá-lo.

Deixemos, porém, o pessimismo para dias melhores. É hora de fazer autocrítica na prática e organizar a esperança.

Frei Betto é escritor, autor do romance “Minas do ouro” (Rocco), entre outros livros.