quarta-feira, 16 de julho de 2014

Banqueiro ladrão não vai pra cadeia!

Por Altamiro Borges - de São Paulo

Banqueiro larápio não vai mesmo para a cadeia no Brasil. Ele conta a proteção do Poder Judiciário, o mais hermético do país, e com a cumplicidade da mídia

Banqueiro larápio não vai mesmo para a cadeia no Brasil. Ele conta a proteção do Poder Judiciário, o mais hermético do país, e com a cumplicidade da mídia privada, que adora promover a escandalização da política, mas blinda os seus bilionários anunciantes. Na última sexta-feira, a Justiça Federal condenou Carlos Eduardo Schahin, sócio do antigo Banco Schahin, a quatro anos de prisão em regime semiaberto e a multa de R$ 670 mil por evasão de divisas. Mas ele continuará livre e solto. Na mesma semana, Ângelo Calmon de Sá, ex-presidente do Banco Econômico, anunciou que pedirá a revisão da sua pena de sete anos de reclusão – que nele nunca cumpriu na cadeia.

No caso de Carlos Eduardo Schahin, a Justiça decidiu que ele poderá substituir a prisão pela prestação de serviços comunitários e uma doação de 500 salários mínimos a uma entidade assistencial – uma gorjeta para o banqueiro! Mesmo assim, seus advogados já informaram que recorrerão da decisão. Há provas concretas de que ele desviou dinheiro de acionistas e clientes do Banco Schahin para a conta de uma empresa de fachada nas Ilhas Virgens. Mas o juiz Marcelo Cavali não viu motivos para condená-lo à prisão em regime fechado. O banqueiro ainda alegou dificuldades financeiras, apesar de o seu banco ter sido vendido BMG, em 2011, por R$ 230 milhões. Na época, a instituição empregava 5 mil bancários.

Já Ângelo Calmon de Sá foi condenado na última terça-feira (8), por unanimidade, pela 3ª Turma do Tribunal Regional Federal, mas sua defesa anunciou que irá recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). O processo contra o banqueiro é antigo. Logo após a liquidação do Banco Econômico, em 1996, ele foi acusado de evasão de divisas e fraudes contra o sistema financeiro. Na sentença desta semana, os juízes da 3ª Turma consideraram que ele praticou “dolosamente manobras fraudulentas, na gestão do Banco Econômico, constitutivas de crimes contra o sistema financeiro nacional, levando o banco à falência”, e causando “prejuízos aos acionistas, correntistas e ao Banco Central do Brasil”.

Apesar das provas existentes, o advogado do agiota, Sebastian Borges de Albuquerque Mello, avalia que a decisão será anulada. “Mello afirma que está confiante na manutenção da sentença de primeiro grau, que absolveu o banqueiro, e que a revisão da decisão foi uma surpresa”, descreve a Folha. Desta forma, Carlos Schahin e Ângelo Calmon de Sá continuarão em liberdade e ainda poderão convidar outro amigo para uma festança nababesca. Em junho passado, a Justiça recebeu nova denúncia contra Edemar Cid Ferreira, ex-dono do Banco Santos, por suspeita de lavagem de dinheiro na compra e venda de obras de arte da sua coleção particular. Mesmo assim, o banqueiro também segue livre e solto!

O extravagante Edemar Cid Ferreira foi condenado a 21 anos de prisão por crimes contra o sistema financeiro logo após a intervenção federal no Banco Santos, em novembro de 2004. Mas até hoje ele segue em “liberdade provisória”. Na decisão do mês passado, a Justiça considerou que as milionárias obras de arte do agiota foram adquiridas com recursos desviados do seu banco. O Ministério Público também incluiu na nova denúncia a mulher e o filho do banqueiro, acusados de ocultarem a origem, a localização e a propriedade de bens e valores provenientes de dinheiro roubado dos clientes e acionistas do Banco Santos. Alguém acredita que eles serão presos. De fato, o Brasil é o paraíso dos banqueiros!



Altamiro Borges, é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB.

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